Realidade Virtual e Aumentada: o que já é e o que ainda pode ser

Wayra Brasil
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5 min readMay 27, 2019

A visão, e os sentimentos envolvidos nessa experiência, estão sendo recriados pela tecnologia. Dispositivos de Realidade Virtual (VR, sigla em inglês para Virtual Reality), suprimem a visão de um “mundo real” para imergir a pessoa em um universo virtual, com imagens artificiais. Enquanto isso, outros dispositivos sobrepõem imagens artificiais às naturais, criando as Realidades Aumentadas (AR, sigla em inglês para Augmented Reality).

Virtual Reality

Embora normalmente associadas a entretenimento, principalmente videogames, engana-se quem acredita que as tecnologias parem por aí. De filmes adultos a tratamentos psicológicos, passando pelo mercado imobiliário e vendas no varejo, os limites para o mercado de VR e AR estão diretamente relacionados aos limites da criatividade. Por isso, as apostas são altas, e o potencial do mercado também.

Alguns fenômenos, como Pokemon Go, que teve mais de 800 milhões de downloads, e a Oculus, que foi comprada pelo Facebook por US$ 2 bilhões, ilustram esse potencial. E isso é apenas a ponta do iceberg.

O potencial da VR e da AR

Em 2018, o mercado de realidade virtual superou em 30% as expectativas de receita para o segmento. Segundo a empresa e pesquisa SuperData, no ano passado foram movimentados US$ 3,9 bilhões em realidade virtual — contra os US$ 3,3 bilhões esperados para o período.

De acordo com a empresa, os preços foram atrativos, principalmente para quem procurava a tecnologia para jogar. Só o PlayStation VR vendeu 700 mil unidades e se manteve líder no setor.

Relatório da CB Insights mostra que os investimentos feitos no setor acompanham o otimismo em relação ao futuro da tecnologia. Com crescimentos médios de 21% ao ano, os aportes em AR e VR saltaram de US$ 295 milhões em 2013 para US$ 2,3 bilhões em 2017.

Boa parte desses investimentos, como mostra o gráfico abaixo, foram feitos na Magic Leap, startup avaliada em US$ 2,3 bilhões, que promete trazer a AR para o dia a dia sobrepondo camadas de imagens à realidade. O problema é que, após vários atrasos, o primeiro modelo da empresa não convenceu a imprensa especializada internacional. O The Verge, por exemplo, apontou várias falhas técnicas; a CNBC, diz que há problemas no campo de visão; o TechCrunch considera que os US$ 2.295 cobrados pelo óculos são muito caros.

Apesar de ainda não ter se provado, a AR e a VR ainda atraem declarações cheias de entusiasmo, como a de Tim Cook, CEO da Apple:

“Eu acredito que é uma grande ideia como o smartphone… Eu acredito que AR é grande, é enorme. Eu me empolgo por conta do que pode ser feito e de como pode melhorar muitas vidas. E por ser divertido. Eu vejo a AR como o silício aqui no meu iPhone: não é um produto por si, é toda uma tecnologia. Mas há coisas a se descobrir antes que essa tecnologia seja boa o suficiente para o mainstream”.

Mercados que já estão explorando criativamente as tecnologias

Os potenciais da VR e da AR são imensos e abrangentes, conheça alguns mercados que já estão se beneficiando das tecnologias.

Games

Como indicou a pesquisa da SuperData, o mercado de games é um dos mais quentes para a realidade virtual ou aumentada. Engana-se quem acredita que o setor não demanda inovação: criar jogos em realidade virtual exige um novo tipo de narrativa e interação para conquistar os gamers mais tradicionais. A Widow Games, argentina investida pela Wayra, é um bom exemplo nesse setor: eles transformam jogos de tabuleiro em jogos de realidade aumentada. O sucesso já rendeu parcerias com a Vivo e com a Microsoft.

Varejo

Imagine entrar em um supermercado e ver os produtos como se estivesse lá, mas sem sair de casa. A VR soa como uma evolução clara do e-commerce. Agora, mesmo para quem for até a loja, a AR pode ser muito útil. Considere, por exemplo, poder ver como os tênis ficam em seu pé sem precisar experimentá-los. Ou ainda olhar para os produtos na dispensa e saber mais informações deles por meio de óculos especiais. É justamente isso o que startups como Trillenium e BoldMetrics estão propondo.

Militares

Se o VR é muito utilizado em videogames para colocar o jogador em situações fantasiosas, não é difícil imaginar os usos militares possíveis. Startups como ScopeAR estão utilizando a tecnologia para treinar soldados em simulações avançadas. Há ainda a Agência Nacional de Inteligência Geoespacial dos Estados Unidos, que está usando VR para mapear territórios inimigos e treinar soldados para chegarem lá já sabendo o que esperar.

Marketing

Ao passo em que as tecnologias se popularizam, as possibilidades de criação de conteúdo para elas, também. Empresas já vislumbram anúncios em VR e AR. O canal de TV SyFy, por exemplo, já rodou campanhas em AR, no qual as pessoas utilizavam smartphones para ter mais informações sobre os programas. Outras empresas, como a OmniVirt, oferecem plataformas para criar anúncios em VR.

Construções

Comprar um apartamento na planta será muito mais fácil. Poder mostrar uma futura residência com óculos de VR é o sonho de qualquer corretor — e também do cliente, que poderá saber com mais precisão como é o ambiente. Startups como Matterport já oferecem tours virtuais.

Mas não para por aí. Outras empresas, como a Augment, podem ajudar engenheiros a visualizar camadas de materiais na construção enquanto ela acontece; ou outras, como a DAQRI, permitem os pedreiros verem temperaturas e receberem instruções dos materiais em AR.

Saúde

O potencial na saúde começa pela educação — e pode ser estendido às escolas em geral. Imagine estudantes de medicina aprendendo a fazer cirurgias em óculos de VR. Empresas como a FusionTech já fazem isso.

Mas a tecnologia vai além. É possível obter mais informações sobre os pacientes. A AccuVein, por exemplo, escaneia a pele do paciente e mostra, em detalhes, onde está cada veia dele. A tecnologia já foi usada em mais de 10 milhões de pacientes e promete ser 3,5 vezes mais precisa.

Há também os potenciais no ramo psicológico. Empresas como a Psious utilizam a tecnologia para tratar pacientes colocando-os em simulações de situações traumáticas para poder tratá-las ao lado de um terapeuta.

Existem muitas possibilidades a serem exploradas e criadas, e todas as ideias são novas portas que podem se abrir. Por isso, a Wayra acompanha os avanços em tecnologias pelo mundo e está interessada em conhecer e investir em novas soluções.

Você está aproveitando esse setor? Quais são suas expectativas em relação ao futuro da realidade virtual? Já vale não encarar apenas como moda: há números de sobra que mostram que a tecnologia está, cada vez, mais forte.

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