Trocafone chega aos 1,4 milhão de smartphones vendidos em 2020 e se prepara para rodada Series C

Wayra Brasil
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4 min readJul 28, 2020
Founders: Guille Freire (CEO) e Guillermo Arslanian (COO)

Buscando formatos mais conscientes e sustentáveis de comprar, consumidores do mundo todo têm movimentado o mercado de aquisição de itens seminovos, que agora acontece por meio de plataformas digitais. A tendência, chamada de ReCommerce (um mix das palavras “resale” e “e-commerce”) também desponta como um valioso mercado, especialmente entre os consumidores Millennials e Centennials. Só no setor de produtos de luxo, as vendas de ReCommerce devem crescer 12% ao ano até 2022 segundo dados da Wunderman Thompson, mais do que o crescimento anual de 3% esperado para os produtos novos do mesmo setor.

Já de olho nesse mercado há mais de seis anos, a startup brasileira Trocafone desponta hoje como um dos principais players de ReCommerce de tecnologia do país, e chega agora à marca de 1,4 milhão de smartphones revendidos, depois de uma alta de 40% nas vendas durante o primeiro semestre de 2020 e se prepara para uma nova rodada de investimentos, uma Series C de até USD 50 milhões. O objetivo é aumentar capilaridade no país e expandir na América Latina.

Fundada em 2014, a startup trouxe ao Brasil um formato seguro e garantido de revender celulares e tablets seminovos em bom estado. Esse tipo de recomercialização de produtos, especialmente no ramo de tecnologia, é bastante comum nos EUA, e acontece sob a classificação de “refurbished”, que identifica os dispositivos de segunda mão revendidos com garantia e certificado de autenticidade, algo que até há alguns anos ainda era inédito no cenário brasileiro.

“Percebemos a oportunidade de comprar o aparelho seminovo de quem adquire um novo smartphone todo ano. Essas pessoas geralmente deixam o aparelho antigo encostado, porque não encontram canais fáceis ou eficientes para revenda”, explica o argentino Guille Freire, co-fundador e CEO da Trocafone.

O sucesso da startup é perceptível no aumento do número de aparelhos vendidos, que cresceu 50% no último ano. Hoje, a Trocafone é considerada uma das startups de maior faturamento do portfólio da Wayra.

Apesar dos desafios do atual cenário econômico, Freire vê a situação como uma oportunidade, já que a Trocafone dá aos consumidores a oportunidade de adquirir aparelhos topo de linha com 30 a 40% de economia na comparação com um novo.

“Em momentos de crise, somos uma alternativa mais inteligente e econômica de consumo”, destaca o empreendedor. Por meio de parcerias com grandes lojas como Magazine Luiza, Via Varejo, Lojas Americanas, Fast Shop, Pernambucanas e Samsung, a Trocafone consegue criar uma cadeira virtuosa entre quem vai atualizar o seu aparelho por um novo e quem busca um smartphone a um preço mais módico. “Nestes nossos parceiros, os compradores podem usar o aparelho antigo na negociação para obter um desconto na compra de um modelo novo, recuperando parte do valor investido naquele dispositivo”, esclarece Freire.

Depois de avaliados, verificados, e eventualmente reparados, esses aparelhos seminovos adquiridos pela Trocafone voltam ao mercado, sendo revendidos por uma fração do valor original. Além de trazer segurança para o processo de ReCommerce, a Trocafone favorece uma maior democratização do acesso à smartphones de qualidade, que são revendidos com Nota Fiscal e garantia de 90 dias, além de ajudar a diminuir a produção de lixo eletrônico.

Fundada por argentinos, escalada no Brasil

Em plena Copa do Mundo de 2014, os empreendedores argentinos Guille Freire e Guillermo Arslanian deixaram de lado qualquer noção de rivalidade entre Brasil e Argentina para focar no que seria estratégico para o negócio que estavam desenvolvendo. A decisão por fundar a startup em solo brasileiro veio depois de uma investigação de mercado feita pela dupla, que viu no país da camisa verde e amarela um vasto mercado consumidor e fornecedor de smartphones.

“Existem 50 milhões de brasileiros que compram aparelhos novos todos os anos, e ao menos outros 80 milhões que ainda não têm smartphones”, aponta o CEO da Trocafone.

Foi para fazer a ponte entre esses dois públicos que os empreendedores argentinos se estabeleceram no Brasil. Naquela época, a única forma de comprar ou vender um aparelho seminovo no país era fazendo buscas ou anúncios em plataformas online que não ofereciam nenhuma segurança ou garantia sobre os produtos comercializados. “Não havia um processo cuidadoso de recomercialização de smartphones usados por aqui”, rememora Freire. Mais do que intermediar a compra e venda de aparelhos usados, a Trocafone faz um diagnóstico dos smartphones que recebe, verificando se eles têm procedência legal, se funcionam corretamente e garantindo a qualidade dos componentes de cada dispositivo antes de coloca-los novamente no mercado. “Conseguimos alcançar o sucesso nesse mercado exatamente por garantir a qualidade do produto que chega ao consumidor final”, orgulha-se Freire.

Bem posicionada no mercado e bem quista pelos consumidores que buscam economia e sustentabilidade no consumo de tecnologia, a previsão da Trocafone é de manter o ritmo acelerado de crescimento anual de 50%, mesmo com os desafios de uma economia pós-pandemia. “Sabemos que os consumidores estão preocupados com a sustentabilidade, com dar uma segunda vida aos seus aparelhos, mas também sabemos que esse mercado só vai crescer se houver confiança”, reflete Freire. Se depender do cuidado e da exigência da Trocafone, o avanço do ReCommerce no Brasil será apenas uma questão de tempo.

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