Tudo Pronto, Vamos? com Noam Bardin, Chief Wazer

CEO do Waze fala sobre como podemos melhorar as ruas, a vida no isolamento e por que seguir na sua rota é, às vezes, a melhor forma de inovar

Waze
Waze Brasil
7 min readSep 22, 2020

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Tudo Pronto, Vamos? explora como os líderes do Waze conectam inovações globais com os desafios do dia a dia.

No Dia Mundial Sem Carro, nosso CEO Noam Bardin fala sobre o que realmente precisamos fazer para acabar com o trânsito, a “intensa” conexão com a comunidade Waze e como tem sido a sua vida durante o isolamento.

Dirigindo juntos de forma mais inteligente

A nossa evolução é consequência direta da nossa missão: acreditamos que, juntos, nós podemos dirigir de forma mais inteligente e acabar com os problemas do trânsito. Quando nós começamos, olhávamos para o trânsito sob o ponto de vista de alguém pequeno em um jogo de gente grande. Existiam poucos Wazers por aí e nós estávamos tentando encontrar atalhos para superar o trânsito. Hoje nós temos o nosso próprio mapa, nossa comunidade de voluntários e parcerias com cidades e organizações ao redor do mundo, tudo para que a gente consiga, de fato, transformar a mobilidade urbana.

O nosso próximos passo é deixar de apenas entender o trânsito e como se locomover para um lugar de influenciá-lo. No passado, isso significaria investir em infraestrutura nas ruas. Hoje, sabemos que não podemos apenas construir coisas para acabar com este problema. No mundo todo foi provado que quanto mais construímos ruas e estradas, mais dirigimos e ficamos presos no trânsito. Isso nos lembra que somos nós, as pessoas, os responsáveis pelos problemas no trânsito. O congestionamento não é resultado da ação de alguém. Nós somos os responsáveis. Então precisamos fazer parte da solução.

Três maneiras de acabar com o trânsito

Nós podemos resolver o problema do trânsito de várias formas, mas uma das coisas que estamos trabalhando é em ajudar os motoristas a se planejarem melhor. Normalmente nos conectamos com eles quando eles já estão no carro. Mas a essa altura não existe muita coisa que podemos fazer para ajudá-los. Se a gente puder encontrá-los antes disso, como na noite anterior ou uma hora antes deles dirigirem, poderíamos fazer muito mais coisas para que o trajeto fosse melhor. Por exemplo, nós poderíamos avisá-los para esperar 15 minutos a mais para sair e evitar ficar preso no congestionamento. Isso é algo que também ajuda a outros motoristas porque quanto mais nós pudermos dispersar os horários de pico no trânsito, mais rápidos todos nós poderemos nos locomover.

Também estamos tentando melhorar o trânsito com o Carpool. Queremos que as pessoas compartilhem os espaços vazios em seus carros. Muita gente gosta de falar como os carros autônomos vão mudar tudo. Mas nada disso importa se continuarmos circulando por aí com apenas uma pessoa no veículo, né? Não importa se sou eu, você ou um computador quem está dirigindo, se a gente não tirar carros das ruas, nós não estamos realmente resolvendo o problema.

A terceira forma é colaborar com órgãos e autoridades que regulam o trânsito. Nós fornecemos os dados e as ferramentas de comunicação com os usuários. Assim, eles podem ver o que está acontecendo nas ruas e trabalhar mais rápido para resolver, como o que aconteceu em Joinville. Na cidade catarinense, construíram modelos de trânsito baseados em nossos dados e sincronizaram com os semáforos locais. Só com essa pequena mudança, conseguiram diminuir em 18 minutos o tempo que as pessoas passavam em grandes avenidas. Isso é significativo.

Uma “intensa” conexão com a comunidade

Nossa conexão com a comunidade é intensa no sentido de que nós estamos sempre extremamente abertos aos nossos voluntários, compartilhando informações que normalmente outras empresas não compartilham. Nós realizamos encontros ao redor do mundo para conhecê-los pessoalmente (nós fazíamos muito isso antes da COVID). A nossa comunidade continua nos surpreendendo ao estar sempre disposta a colaborar mais, e nós continuamos surpresos com a disposição deles em ajudar. Isso realmente nos faz relembrar a nossa missão e ideia de que o trânsito é basicamente a pior parte do nosso dia, ou pelo menos costumava ser quando estávamos na nossa rotina. Se nós realmente somos contra os problemas de trânsito, então precisamos lutar contra eles.

Quando você reporta um acidente enquanto dirige, não está apenas ajudando a si mas também a pessoa que dirige logo atrás de você. E você faz isso acreditando que alguém que está na sua frente fará o mesmo por você. Nós descobrimos que a maioria das pessoas, na maioria do tempo, quer fazer a coisa certa… Você só precisa facilitar o caminho para que possam.

Com o tempo, essa comunidade se envolveu ainda mais com o Waze. Ela não é apenas responsável pelo nosso mapa e reportar problemas no trânsito, mas também testa o nosso app, faz traduções, desenvolve recursos e funcionalidades como alerta de pedágio e muitas outras coisas.

A resposta da comunidade à COVID

Quando a pandemia se iniciou, nossa comunidade não hesitou em se voluntariar e ajudar. Eles começaram a marcar ruas, centros de saúde, drive-thru de testagens, bancos de distribuição de alimentos, etc. Eles fizeram tudo o que podiam para ajudar as pessoas durante a crise. Mas esse tipo de resposta não é surpresa para mim.

No Waze, nós temos uma equipe de respostas a crises que trabalha diretamente com a nossa comunidade toda vez que algum desastre natural acontece. Nós estamos acostumados a vê-los enfrentar os desafios, sempre estendendo a mão para ajudar o próximo.

Nós também abrimos os nossos dados ao público através do Painel de Impacto da COVID-19 do Waze, tudo para ajudar pessoas e organizações a entender como e quando retomar as atividades. Quando a Itália entrou em isolamento o trânsito diminuiu em 97%, um reflexo claro da situação em que o país se encontrava. Agora, a circulação já retomou em cerca de 99%, um claro sinal de recuperação.

Inovando no seu próprio caminho

Inovação e correr riscos são geralmente confundidos com fazer algo novo, algo completamente fora do que você vem fazendo. Pessoalmente, eu não concordo com isso. O desafio com a inovação é descobrir como inovar naquilo que você já está tentando fazer. É fácil escolher fazer algo completamente diferente. É muito mais difícil manter a sua missão enquanto tenta diferentes formas de chegar lá. Nós trabalhamos muito para criar um ambiente onde o destino é claro, mas há diversos caminhos que podemos seguir.

A vida no isolamento

Para aqueles que têm sorte de estar trabalhando agora, trabalhar de casa tem sido uma experiência muito interessante. Está sendo encarado de forma diferente por cada pessoa, dependendo de quantos anos têm os seus filhos e qual o tamanho de seu apartamento. Eu tenho duas filhas, de 15 e 16 anos, e os primeiros meses foram ótimos. Elas estavam trancadas em casa comigo e eu tive uma conexão com elas que eu não teria em outra situação.

Com certeza existem prós e contras. Eu consegui administrar meu tempo com mais eficiência, e não estar sempre viajando também me deu mais tempo livre. Para o dia a dia dos negócios foi bom, mas quando você precisa fazer algo diferente, como um brainstorm sobre um problema novo, é muito complicado. Também é difícil para as pessoas que estão começando a trabalhar no Waze. Quando você entra em uma empresa acaba conhecendo as pessoas na hora do almoço ou do café. Hoje em dia isso não acontece muito. As pessoas que se juntaram a empresa durante a COVID-19 conhecem apenas quem elas trabalham diretamente. Isso é algo que nós estamos tentando resolver: como você conhece as outras pessoas da empresa? Estamos pensando em alguns experimentos como marcar um almoço virtual com pessoas de diferentes times, em diferentes países, que normalmente não interagem entre si, garantindo que essas conexões continuem acontecendo.

Eu acho que, pelo que estamos observando, nós não vamos voltar ao mundo da forma que conhecíamos antes. Eu não sei exatamente como este novo mundo vai ser mas uma coisa é certa: se você costumava passar uma hora dirigindo no caminho para o trabalho, e agora você tem essas duas horas sobrando porque trabalha de casa, vai ser muito difícil ficar preso no trânsito novamente.

Três coisas que sempre estão na sua mesa de trabalho.

Garrafa de água, computador e uma cartela de aspirina.

O que mais te irrita no trânsito?

Pessoas que fecham cruzamentos. Pra mim este é um dos atos mais egoístas que alguém pode ter. Para que você chegue 3 segundos mais rápido, você é capaz de atrasar o caminho de todas as outras pessoas.

O que você mais gosta de ouvir quando está dirigindo?

Eu normalmente escuto stand-up comedy. Uma das minhas comediantes favoritas é a Hannah Gadsby. Ela consegue usar da comédia para falar sobre problemas sociais e torná-los engraçado. Esse tipo de contradição de emoções é muito poderoso e consegue levar a mensagem a muitos lugares.

Descreva o Waze em três palavras.

Plataforma para dirigir. Tudo o que fazemos é dirigir. Este é o mundo em que estamos. Nós não estamos andando de bicicleta ou caminhando e fazendo outras milhões de coisas. Nós não somos exatamente um aplicativo de navegação: nós somos um aplicativo para dirigir.

Qual é o Humor (Mood) do Waze que você mais se identifica?

Num bom dia, O Girassol feliz. Ele é sempre o meu favorito, mesmo quando eu mesmo não me sinto desta forma.

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