Uma História Viva do Mapa do Waze

Traçando a história do Waze: de fórum virtual a uma comunidade com mais de 50 mil voluntários em todo o mundo

Waze
Waze Brasil
9 min readApr 26, 2021

--

Para realmente entender o mapa do Waze e como ele se tornou tão popular, precisamos retomar a história de um pequeno grupo de voluntários que literalmente desenhavam mapas com seus carros com algo chamado “FreeMap”.

Pela primeira vez, estamos voltando ao começo de tudo e refazendo o caminho que nos leva aos milhares de editores de mapas, localizadores e testadores beta que fazem do Waze o que a plataforma é hoje. Dos engarrafamentos aos túneis e a uma era distante da Internet.

Tudo começou em Tel Aviv em 2006.

Thousands of Map Editors, Localizers, and Beta Testers build the Waze Map you see today.

Desenhando o primeiro mapa

Naquela época, o Waze tinha um nome diferente: FreeMap. Ron Vaisman, hoje gerente de qualidade do Waze, estava lá.

“Em 2006, eu participava de um fórum do Pocket PC, que era um fenômeno naquele tempo”. Lá, Vaisman conheceu Ehud Shabtai, desenvolvedor do FreeMap. “Você instalava o aplicativo, começava com um mapa em branco e ia desenhando as ruas no seu telefone conforme dirigia”, lembra.

Não havia redes 3G ou 4G, então todas as edições eram feitas offline. “Você tinha que ir para casa e fazer o upload dos arquivos no sistema. Aí você logava no editor de mapas e conectava todas as estradas que tinha desenhado”.

Antes do Waze: o começo com o FreeMap

A comunidade FreeMap era pequena, mas Vaisman conta que foi emocionante vê-la crescer, junto com o número de estradas no mapa. Uma experiência também um pouco assustadora, segundo ele. “Eu tinha medo de mexer nas vias porque não queria estragar algo”, diz. “Hoje, os editores têm patentes e permissões, por isso não é possível excluir um trecho por acidente. Não tínhamos isso antes”.

A ferramenta original de edição de mapas se chamava “Cartouche”, uma palavra que vem dos hieróglifos egípcios

O que começou com algumas centenas de motoristas mapeando 5 mil quilômetros em Israel logo se expandiu. Em 2008, a plataforma tinha 2.500 motoristas e um novo nome: Linqmap. Em 2009, esse número já tinha crescido para 17 mil motoristas, e o aplicativo havia ganhado um novo nome. Só que desta vez, o nome pegou.

“Uma curiosidade: eu sou o usuário 102. Temos milhões de usuários em todo o mundo, e eu sou o 102. ” — Ron Vaisman

Waze está disponível em todo o mundo

Se você está se perguntando de onde veio o nome “Waze” e já imagina que tenha alguma relação com a palavra “ways” (caminhos, no inglês), você está no caminho certo. “Ways” era, na verdade, a primeira opção, mas alguém tinha chegado na frente. Quando a equipe buscou comprar o registro, o preço exigido foi muito alto. “Waze”, por sua vez, era 25 vezes mais barato. Então aí está: a verdade por trás do porquê de sermos o Waze, e não o Ways.

O Waze estreou em janeiro de 2009. O aplicativo foi lançado nos Estados Unidos em maio daquele ano e no resto do mundo em novembro. Os primeiros usuários não viam muito quando baixavam o aplicativo. Em muitos lugares, o mapa ainda não havia sido desenhado. Mas muita gente viu o potencial daquela tela em branco, como a Susana, editora de mapas da Espanha.

Traçando caminhos com o aplicativo em novas áreas do mapa

“Comecei a editar por acidente”, revela. “Alguém me deu um iPhone 4 e eu baixei um aplicativo de mapa que estava nos estágios iniciais de desenvolvimento. Fiquei viciada na gamificação e em editar em um mapa vazio. Era uma atividade relaxante depois dos plantões noturnos no hospital”.

Na Louisiana, Marc passou por algo semelhante. “Não levaria você a lugar nenhum. Era apenas um mapa de base que ninguém havia editado até então”, recorda. Marc começou a editar mais a sério, passando parte do seu tempo dirigindo para preencher os espaços em branco e ajudar a construir o mapa nos Estados Unidos. “Foi emocionante participar do começo de tudo e desenvolver algo desde um nível tão inicial”.

Alcançando o próximo nível do mapa do Waze

Com a base definida, a próxima etapa para a evolução do mapa era trabalhar em melhorias direcionadas.

Primeiros alertas de risco. Os informes em tempo real só se tornaram possíveis com a conectividade móvel mais rápida e barata

Para mudanças maiores, os editores de mapas apoiaram a ideia dos “MapRaids”, esforços conjuntos coordenados internacionalmente para ajustar áreas específicas do mapa. O grupo já editou até 2,5 milhões de segmentos em um Map Raid.

“Os MapRaids são orientados por objetivos”, explica Orbit, Global Champ e editor de mapas voluntário do Waze desde 2012. “Esse objetivo pode variar desde a construção do mapa em si até a implementação de um novo recurso. Depende da área e da necessidade”.

Mas ainda há muitos ajustes também. Kathy, editora de mapas de Massachusetts, aproveita essas oportunidades.

“Um salão de beleza perto de onde moro foi mapeado incorretamente”, conta. “As pessoas eram mandadas para um endereço a 20 milhas (mais de 32 km) do destino e se atrasavam para seus compromissos. Consegui consertar esse erro e a dona do salão ficou super feliz”.

Kathy, a Map Editor from Massachusetts helped fix the address for a hair salon that was incorrectly mapped in Waze.
Early hazard reporting. Real-time reports only became possible with faster, cheaper mobile connectivity.

Facilitando a colaboração entre os Wazers

No início, apenas pessoas com conectividade móvel conseguiam acompanhar alertas de perigo nas vias em tempo real. Não que isso tenha impedido pessoas como Ron Vaisman, que criou uma solução offline. “Antes de sair de casa, eu sincronizava os mapas mais recentes do meu computador para ter um relatório em ‘tempo real’. É engraçado olhar para trás agora”, relata.

Em 2011, o Carmageddon ajudou a provar a importância dos alertas de tráfego em tempo real

No entanto, em 2011, os alertas em tempo real ganharam destaque com um evento conhecido como Carmageddon.

Com a perspectiva de fechamento da freeway 405 para obra, o Waze fechou parceria com a emissora local da KABC News para compartilhar informações ao vivo dos Wazers nas vias e ajudar os motoristas a encontrar rotas alternativas. Hoje, usuários do Waze em mais de 185 países em todo o mundo reportam 40 milhões de incidentes todos os meses para ajudá-los a se manter informados.

Usando o Waze para resposta emergencial

Se o Carmageddon mostrou o que os Wazers poderiam fazer para combater o tráfego, o ano seguinte, 2012, provou que os usuários poderiam se ajudar de outras maneiras significativas.

Durante o furacão Sandy, a comunidade do Waze ajudou a FEMA (Agência Federal de Gestão de Emergências dos EUA) a lidar com a crise da escassez de gás natural em Nova York e Nova Jersey, reportando quais postos estavam abertos e tinham combustível disponível. Embora certamente útil para as pessoas, essas informações também ajudaram a FEMA a entender para onde enviar os caminhões de combustível. O trabalho marcou a primeira parceria governamental do Waze e foi um dos primeiros indicadores de que os Wazers estão sempre dispostos a ajudar.

A ferramenta ChitChat também foi útil para os Wazers avisarem uns aos outros sobre o que estava acontecendo durante a tempestade. Os membros da comunidade do Waze encontraram uma maneira de ajudar a compartilhar essas atualizações com mais pessoas.

“Quando o governo declarou estado de emergência, pensamos: ‘o que podemos fazer para alertar os motoristas?’”, conta Orbit, que ajudou a desenvolver uma versão inicial do recurso de alertas de emergência junto com outros Global Champs e com a equipe do Waze. “Usamos o recurso de mensagens para avisar as pessoas do que estava acontecendo”. O processo era bastante manual nesse começo e envolvia reunir e publicar as mensagens cinco ou seis vezes por dia.

Hoje, a comunidade de voluntários auxilia a resposta emergencial em todo o mundo. Quando a pandemia da COVID-19 foi declarada, por exemplo, a comunidade ajudou a garantir que as informações sobre os centros de testagem fossem precisas e estivessem atualizadas. Da mesma forma, esses editores costumam trabalhar diretamente com as autoridades para garantir que as informações mais recentes sobre abrigos, bloqueios e zonas de evacuação estejam no mapa em episódios de furacões e outras crises.

The Waze Map helps with more than just traffic — it helps cities manage and plan for emergencies.

Tornando cidades inteligentes com dados, dispositivos e uns coletes estilosos

Com o tempo, os Wazers se tornaram mais integrados à maneira como as cidades funcionam, da própria infraestrutura até a rapidez com que respondem a emergências de tráfego. Com o Waze for Cities, governos locais e agências de transporte podem usar mais dados de crowdsourcing em seu planejamento. O programa cresceu de 10 para 1.800 parceiros municipais e do setor público.

Na Europa, América do Norte e na América do Sul, a comunidade ajudou a lançar Waze Beacons, dispositivos colocados em túneis que enviam sinais Bluetooth® para evitar que os motoristas percam o sinal de GPS no subsolo.

“Os beacons são importantes porque, sem sinal de GPS, muitas vezes as pessoas precisariam reduzir a velocidade no fim do túnel para entender em qual direção seguir — direita ou esquerda”, explica Orbit. “Essa desaceleração cria tráfego e pode causar acidentes ou outros problemas. Os beacons ajudam a salvar vidas por evitarem que isso aconteça”.

Por diversas vezes, a equipe Waze Beacons esteve à disposição para ajudar a instalar os dispositivos

Em Chicago, os editores de mapas Patrick e Joe revisaram as imagens aéreas e dirigiram pelos túneis, atualizando trechos para garantir que as direções estavam corretas. A dupla até ajudou na instalação dos dispositivos. “Perder esse momento ou a chance de usar o colete do departamento de trânsito não era uma opção para nós”, brinca Patrick.

The Waze Map is still evolving with the addition of new features like lane guidance, toll pricing and railroad crossings.

O crescente impacto da Comunidade Waze

O mapa do Waze está em constante evolução com novos recursos como orientação de faixa, cruzamentos de ferrovias e tarifas de pedágio. São mais de 18 milhões de edições por mês nos mapas. E não se trata apenas de nossos (heróicos) editores de mapas, localizadores e testadores beta — os motoristas do Waze também fazem a diferença quando reportam perigos, sugerem melhorias ou simplesmente usam o aplicativo.

A evolução do Waze

O Waze está disponível em mais de 56 idiomas e tem uma equipe voluntária de centenas de tradutores ativos, incluindo a Susana, que adicionou o galego, sua língua nativa, ao Waze. Ela traduziu a maior parte e até gravou sua voz na navegação. “Quando você seleciona a voz galega, sou eu”, conta. “Para minha família e amigos, a descoberta de que eu sou a voz Uxía foi muito divertida. Ficaram todos orgulhosos de me ouvir nos guiando até nossos destinos”.

O Carpool é outra forma de os Wazers fazerem a diferença nas ruas. Lançado em 2016, o app usa rotas no mapa para conectar motoristas e passageiros que estão indo na mesma direção. Para muitos Carpoolers, compartilhar viagens é uma forma de deixar o trajeto de rotina mais divertido. “Minha carona é um clube do livro, um clube de troca de receitas e de recomendação de restaurantes”, garante Rich. “Cada viagem é uma mini-aventura que compartilho com vizinhos preocupados com o trânsito e dispostos a se esforçar um pouco para fazer a diferença”.

O mapa percorreu um longo caminho desde o FreeMap. Mas continua em evolução.

“Em todos os anos que sou voluntário do Waze, estou surpreso com a quantidade de informações no mapa agora, de caminhos a diferentes vozes e números das casas”, confessa Orbit. “É incrível ver tudo isso no mapa de uma forma que ainda é simples”.

A próxima grande ideia para o mapa do Waze pode ser sua. Está interessado em se tornar um editor de mapas? Clique no link para visitar a Wazeopedia e saber mais.

--

--