Ilustração: Videoconferência com diferentes personagens conversando em grupo, simulando uma reunião.
Ilustração: Videoconferência com diferentes personagens conversando em grupo, simulando uma reunião.

Biscoito ou bolacha? Novo normal e novas culturas

Como trabalho remoto tem possibilitado integração entre pessoas de lugares tão diferentes.

João Marques
Published in
5 min readMay 19, 2021

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Eu sempre tenho ideias sobre textos e mais coisas que gostaria de compartilhar com outras pessoas, mas tenho um probleminha que imagino que deva acontecer com muita gente. Por um pequeno detalhe, na maioria das vezes elas ficam no meu bloco de anotações mentais, rsrsrs…

Eu vendo ou lendo que alguém escreveu algo sobre o que eu tinha pensando — Marceline from Adventure Time (Cartoon Network)

Mas vamos ao ponto, certo? Já tem um bom tempo que queria escrever algo sobre coisas positivas que vem acontecendo nesse limbo em que caímos desde o início de 2020… E, nesse cenário existe um grupo bem privilegiado — do qual eu faço parte — que é o das pessoas que atuam hoje no mercado de tecnologia/mundo digital.

Se você é dessa área, já se identificou e sabe muito bem do que estou falando! Poder estar em uma das áreas com melhor remuneração no mercado, com empresas contratando freneticamente, algumas até super valorizando profissionais, e com a opção de poder “trabalhar em casa”, realmente é “artigo de luxo” hoje em dia.

É desse ponto que parte minha reflexão e o que eu gostaria de compartilhar com vocês por aqui. Acredito que muitas pessoas e empresas já perceberam ser uma ótima oportunidade — se não a maior — a possibilidade de conseguir montar times extremamente capacitados, com pessoas dos mais diversos lugares e backgrounds, sem precisar se preocupar com mudanças, propostas diferentes de salário e coisas assim.

— Tudo bem João, mas e aí?

Calma. Agora que começa a ficar bom… — Jake, The dog form Adventure Time (Cartoon Network)

Até final de 2019 o que era mais “comum” para a maioria das pessoas? Imagino que assim como para mim, as relações com outras culturas e pessoas de outros lugares eram muito restritas a eventos, viagens, ou ao fato de você ter realmente uma rede de contatos bem ativa, certo? Já no âmbito profissional, dependia muito do que você planejava para sua carreira e também da empresa em que você trabalhava.

Porém, hoje, com o trabalho remoto e de casa, as empresas perceberam ter uma grande “cartada” nas mãos, mas de uma forma positiva: pessoas de qualquer lugar do planeta estão acessíveis para novas propostas, principalmente nós, do mercado privilegiado de tech, independente de a sede da empresa ser em São Paulo, Curitiba, Manaus, Japão ou na Indonésia.

E elas também passaram a entender o quanto isso pode ser rico e diverso, trazendo melhorias e ganhos para os produtos — coisas que, na maioria das vezes, apenas grandes empresas podiam se dar ao luxo de fazer.

Diversidade cultural? Ou apenas formas de expressão?

Em março deste ano (2020), comecei uma nova jornada, 100% remota, na HeroSpark, uma empresa sediada em Curitiba/PR e que tem me proporcionado um crescimento não apenas profissional — por estar cercado de algumas das pessoas mais competentes do mercado — , mas principalmente por estar em meio a uma enxurrada de aprendizado cultural, social e, porque não, de vida, ao ter no time pessoas de vários estados do país, como Goiás, Paraná, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas, DF, Minas Gerais e Mato Grosso.

E esse trabalho 100% remoto? Você não sente falta do contato e das relações presenciais? Sim! Sinto e acho elas super importantes, mas a proposta aqui do texto é tentar enxergar que também existem pontos positivos. Em um contexto anterior, até 2019, muito dificilmente eu poderia trabalhar e vivenciar tudo que tenho passado na HeroSpark, se não me mudasse para Curitiba, o que não vejo como um problema.

Porém, uma mudança completa de vida para outro lugar não é algo simples, certo? Envolve deixar para trás família, amigos, história. Praticamente iniciar tudo novamente do zero. Hoje, eu posso estar e vivenciar diferentes lugares e culturas, mas sem precisar me mudar para cada uma das cidades. Mas vamos seguindo. Acredito que meu raciocínio vai começar a fazer mais sentido para você que está lendo esse texto agora.

Um bom exemplo das dailys e reuniões com todas as pessoas do time, e às vezes de toda a empresa. Sempre com pessoas se expressando das mais diferentes formas — Adventure Time (Cartoon Network)

Mas se enganam as pessoas que, na minha opinião, acreditam que os aprendizados estão apenas nos momentos de “pôr a mão na massa”. Situações simples como uma reunião, um café virtual, uma conversa no Slack, Whatsapp, ou algo assim, se torna uma novidade. De qualquer forma, nem sempre é fácil não divergir em alguns tópicos, como por exemplo, querer definir o que é certo: biscoito ou bolacha (apesar de já ter minha opinião, kkkk).

Independente de qual é a resposta certa, o que tenho certeza é que a cada dia que passa eu percebo — falando profissionalmente — que a única coisa que temos em comum é estarmos em uma mesma delimitação territorial, o famoso “País”, o que torna toda e qualquer interação entre as pessoas a mais rica, expressiva e diversa.

E no trabalho? Pessoas usuárias? Experiências? UX? Produto?

Levando a conversa rapidamente para um lado mais técnico / profissional, uma das coisas interessantes — e que vão de encontro com o trabalho de uma pessoa de Product Design, Ux, Ixd, e afins, são os desafios de tentar proporcionar que diferentes pessoas tenham acesso e consigam ter suas experiências individuais, seja com o produto ou um serviço, certo?

Pois então… Quando sua entrega final é para pessoas de diferentes culturas, lugares, níveis de conhecimento e proximidade com a tecnologia, o cenário era bem mais complexo pelo fato de você nem sempre poder ter contato com elas. Dificuldades com a implementação de pesquisas, análise de dados, orçamentos, equipe e tudo mais (principalmente se research não for algo que faça parte da cultura da empresa).

Ouvindo horas e horas de entrevistas, tentando entender coisas que nem sempre são claras para quem não é daquela cultura e região — Jake, The dog form Adventure Time (Cartoon Network)

É aí que surgem outros pontos positivos do chamado “novo normal”. Como o trabalho remoto te permite interagir com pessoas de todos os lugares, então você tem um aprendizado diário: formas diferentes de superar desafios na profissão, como se organizar ou como lidar com as dores e angústias em sua carreira, por exemplo.

E como vai ser quando e se tudo isso chamando pandemia, acabar?

Sabe quando você viaja para um lugar diferente, seja uma cidade do interior ou capital, um outro estado, e porque não, um outro país, e você sempre volta com a impressão de que está falando um pouco igual as pessoas desse lugar? Isso sem contar com as trocas que você também oferece para essas pessoas, mas numa intensidade muito menor.

Agora imagine pessoas dos mais diferentes lugares se relacionando durante, horas, dias, semanas, meses e anos…. Imaginaram?

Então um ponto que sim, se faz um divisor de águas quanto ao que vem por aí, são as novas culturas, sotaques e formas de enxergar não apenas as relações de trabalho, mas também o respeito às diferenças e a importância de todas as pessoas vivenciarem isso.

Não entrando em discussões sobre o fim desses tempos difíceis, que estamos vivenciando agora (maio/2021), acredito que o “novo normal” será a eterna discussão sobre biscoito ou bolacha, mas com as pessoas trabalhando (quando possível) de suas casas, de vários lugares do país ou do mundo.

Tem algo muito bom por vir! — Finn, The hunan and Jake, The dog form Adventure Time (Cartoon Network)

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João Marques
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