3 dicas para fortalecer sua equipe durante o isolamento

Juliana Macedo
wearenoone
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4 min readApr 28, 2020

Por aqui já são 7 semanas de quarentena.

Que estamos em uma crise mundial já não é novidade pra ninguém. O que talvez muitas pessoas não tenham se dado conta é o efeito disso nas relações humanas, e por consequência nas nossas relações de trabalho.

Iniciamos nosso processo de home office total no dia 13 de março, quando não haviam ainda instruções governamentais para tal. Como Head of People and Culture aqui na No One, fui uma das pessoas que operacionalizou a mudança do escritório pra casa junto aos colaboradores: cada pessoa pegou seu computador, post-its, algumas canetinhas, e iniciou sua jornada — e seu mini escritório. Na semana seguinte, já percebemos que a mudança era mais complexa do que reservar um espaço na mesa de jantar para o computador. Nem todas casas ofereciam estrutura de trabalho adequada pra aguentar o período de isolamento que estava por vir, e por isso entregamos as cadeiras ergonômicas na casa de todos que tinham essa necessidade, e alguns materiais de escritório para aqueles que solicitaram. Também recebemos novos colaboradores, e nosso onboarding teve que ser transformado para 100% remoto em 72h. Pouco a pouco estamos nos adaptando a essa nova realidade, e aos desafios que se apresentam no dia-a-dia.

Ainda que tenhamos muito a construir, compartilho alguns pontos que tenho considerado fundamentais para manter o time unido, mesmo que de longe:

1. Fortaleça suas lideranças

Somos uma empresa pequena, com pouco mais de 15 pessoas que, em sua maioria, trabalham no mesmo espaço físico em condições normais de temperatura e pressão. Lado a lado conseguimos perceber quem está feliz, quem não está num dia legal, quem está se sentindo sobrecarregado e outras coisas que a linguagem corporal permite identificar. Trabalhando de forma remota, essas sutilezas do dia-a-dia naturalmente se perdem.

Mesmo que existam processos muito bem desenhados para que as informações cheguem às pessoas certas, precisamos lembrar que sentimentos não são da mesma matéria do que dados: eles são sentidos e percebidos, e com a distância física precisamos ter atenção redobrada para que nada se perca nos pixels.

Para acompanhar os colaboradores mais de perto, buscamos fortalecer as lideranças, tanto em termos de autonomia como emocionalmente. São elas que estão no dia-a-dia com o time, que percebem mudanças de produtividade, sutilezas no ânimo, qualidade das entregas — são como um sensor privilegiado de temperatura no fronte. Quando fortalecidas, podem se adaptar às necessidades do time e manter as pessoas no ritmo, sentindo equalizações necessárias. Da mesma forma, a comunicação comigo é aberta, e me sinalizam caso seja importante prestar mais atenção em algumas pessoas.

2. Reforce seus Rituais

Rituais podem ser uma estratégia poderosa para melhorar nossas vidas no trabalho. A No One sempre teve alguns rituais que tornaram o ambiente de trabalho mais agradável, sendo constantemente aprimorados. São práticas que mantém as pessoas mais unidas, ajudam a passar por conflitos, melhoram nossa performance e nos dão assistência para se adaptar a mudanças.

Photo by Anna Auza on Unsplash

Durante a quarentena percebemos que precisávamos nos falar ainda mais através de vídeochamadas, por exemplo. Nosso check-in semanal ficou um pouco mais longo, porque há a necessidade geral de compartilhar como estamos nos sentindo trancados em casa, e criamos um check-out no fim da semana, para compartilhar aprendizados dos núcleos de trabalho (nossos Chapters, em comparação à estrutura do Spotify). À primeira vista, alargar o tempo de reuniões ou criar novas pode parecer contrário a uma ótica de produtividade. Entretanto, observamos o contrário.

Olhar nos olhos, mesmo que digitalmente, e ter momentos de compartilhamento nos deixaram mais próximos e imprimiram uma rotina muito bem-vinda.

Check-ins diários dentro dos times de projeto, que devem ir além da divisão de tarefas, ajudam muito no alinhamento do grupo, prevenindo conflitos. Além disso, sinto que rodadas de feedbacks bem estruturados se tornam ainda mais importantes nesse contexto. Sem o momento do cafézinho, é pertinente criarmos encontros para dar retorno profissional para cada um. Por aqui fazemos uma rodada a cada final de projeto (cada um tem uma duração média de três meses) e nesse processo cada integrante avalia seus colegas e também a si mesmo, permitindo que possamos gerar aprendizados em 360º.

3. Melhore seus processos

Não existe melhor momento para colocar processos à prova do que este. As pessoas vão perceber — e entender — se um processo é necessário quando o primeiro problema de comunicação surgir. Atente-se também a processos que estão vencidos, que devem ser adaptados ou simplesmente excluídos. Eles poderiam servir para um mundo pré-digital, mas hoje, dependendo da complexidade da sua empresa, algumas coisas já deixaram de fazer sentido, ou precisam ser alteradas com rapidez. Cuide para não criar débito organizacional :).

Nossa maneira anterior de trabalhar já desapareceu, e o mundo ainda aguarda por diferentes paradigmas de trabalho nesse novo contexto. Estamos todos testando diferentes modelos mentais, descobrindo novas crenças e testando novas práticas. Esse é o melhor momento para definir um novo jeito de trabalhar, que seja melhor para as pessoas, e não somente para as organizações. Por que não começar por aqui?

Se quiser conversar mais sobre isso, pode me escrever para juliana@noone.is
Fiquem em casa 💛

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Juliana Macedo
wearenoone

Head of People and Culture & Service Designer @ No One, Co-Organizadora do CreativeMornings Porto Alegre, viajante obsessiva e entusiasta dos crafts.