10 influenciadores digitais que estão gerando valor nesta quarentena

Cláudia Flores
wewe
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8 min readMay 25, 2020

Criadores de conteúdo estão fazendo a diferença — e não é só no discurso

Youtuber Felipe Neto foi entrevistado do programa Roda Viva em 18 de maio

Se a gente considerasse a origem da palavra influência, lembraríamos que ela é um “fluir dentro”. Latina por natureza, como nós. E, assim como o momento em que estamos vivendo, profundamente emocional.

O termo influenciadores digitais ainda nos remete a um certo estereótipo — de jovens criadores de conteúdo que exibem um tanto de suas vidas e opiniões pela internet — mas isso está longe de ser o único lado da influência hoje. Esses comunicadores digitais estão produzindo conteúdo que gera visibilidade a inúmeras pautas necessárias em tempos de desinformação e fake news.

Em diferentes áreas — desde análises sobre a doença até educação política — eles geram valor para suas comunidades digitais, expandindo as reflexões sobre os nossos papeis no enfrentamento dessa crise. Decidimos listar os nossos Top 10, incluindo alguns meus e outros da minha parceira criativa Terena Miller, mas temos certeza de que essa lista é muito maior (e ainda vai crescer até o encerramento total da quarentena).

1. Atila Iamarino

Embora muitos de nós (eu inclusive) não conhecessem o biólogo e Doutor em Microbiologia Atila Iamarino antes da pandemia, ele é um velho conhecido dos fãs do canal Jovem Nerd — e participante frequente dos Nerdcasts sobre ciência.

Seu canal do YouTube, criado em 2012, ganhou mais de 650 mil novos inscritos só no mês de março, segundo o Social Blade, e hoje ultrapassa os 1,14 milhões de inscritos.

Pode-se dizer que Atila está prestando um serviço importante desde o início da pandemia, na medida em que traduz a linguagem científica, e repercute estudos e informações sobre o Covid-19, ajudando seu público a se proteger da contaminação pelo vírus. Além das lives no YouTube, se pode acompanhar as análises do biólogo sobre o vírus no Twitter e no Instagram.

2. Drauzio Varella

Um dos médicos mais influentes do Brasil — e talvez o mais popular da atualidade — Drauzio Varella nunca teve medo de se posicionar a favor da saúde pública no país, e hoje é um dos profissionais que muita gente quer ouvir falar sobre a pandemia do Covid-19.

Com linguagem acessível e didática, seu canal do YouTube ganhou 190 mil novos inscritos só no mês de março (o total ultrapassa os 2,33 milhões de inscritos segundo o Social Blade), compartilhando essencialmente vídeos curtos respondendo a dúvidas frequentes sobre a doença, e lives com convidados debatendo prevenção e cuidados.

Além de ser autor de um dos maiores portais sobre saúde do Brasil (recomendo fortemente os podcasts sobre saúde mental, que são incríveis), Drauzio é um dos protagonistas no combate às fakes news de saúde. O médico já fez vídeo alertando sobre os riscos da automedicação e do consumo da hidroxicloroquina, medicamento que se popularizou a partir de declarações do presidente norte-americano Donald Trump. Recentemente, Trump afirmou que está tomando o medicamento para se prevenir da contaminação, mas Drauzio lembra que sua eficácia ainda não tem comprovação científica, e pode causar reações adversas.

3. Felipe Neto

Não sei se existe um influenciador hoje no Brasil com tanto alcance quanto Felipe Neto — só no YouTube, onde ele produz conteúdo há uma década, são mais de 36 milhões de seguidores e quase 10 bilhões de visualizações totais.

Durante a pandemia, o youtuber deu novamente o que falar quando, em seu Twitter, publicou um vídeo-carta aberta convocando artistas e influenciadores brasileiros a se posicionarem politicamente contra atitudes do presidente Jair Bolsonaro que ferem princípios da democracia e flertam com o autoritarismo.

Em entrevista inédita ao programa Roda Viva, em 18 de maio, o Felipe Neto voltou a assumir erros de posicionamento do passado, e deixou claro que vem estudando e aprendendo com erros por entender sua responsabilidade em emitir opiniões para milhões de seguidores. Concorde ou não com suas posições, não se pode deixar de considerá-lo uma referência justamente por repensar atitudes e impactar o público jovem com conteúdo que expressa responsabilidade social e consciência política.

4. Anitta

Live teve mais de 3,6 milhões de visualizações

Quando Anitta resolveu fazer lives em seu Instagram para falar sobre política, no começo de maio, a cantora provou que não só produz conteúdo para entreter, mas também para prestar serviço — e parece estar pouco se importando em ser cancelada ou zoada por haters nas redes sociais.

A live mais popular foi com a comunicadora Gabriela Priolli, uma espécie de aula de política para iniciantes, em que Anitta não teve vergonha de fazer perguntas básicas sobre o assunto à especialista. Aos se expor com humildade e sem constrangimento em aprender, Anitta gera valor a milhões de pessoas que a assistem, muitas das quais provavelmente veem no “politiquês” algo chato e difícil de entender.

Antes das lives no Instagram, Anitta já havia seguido o exemplo de outros artistas, e fez uma live para obter doações direcionadas para o combate ao coronavírus, e arrecadou mais de 330 mil reais.

5. Emicida

Live do rapper Emicida no YouTube

O rapper Emicida é um dos artistas mais ativos politicamente durante a pandemia: seu Twitter, com 1,4 milhão de seguidores, dá visibilidade à luta contra o racismo estrutural e a favor da população periférica, a mais vulnerável economicamente e sem acesso a direitos básicos.

No dia 8 de maio, ele fez história na internet com sua live no YouTube, que teve mais de oito horas de duração (!!!) e arrecadou cerca de 1 milhão de reais em doações para o Mães da Favela, programa que apoia famílias de comunidades em todo o país.

6. Gabriela Prioli

No YouTube, a advogada responde a dúvidas sobre política

Advogada criminalista, Gabriela Prioli é uma influenciadora que se popularizou no começo de 2020, quando se tornou comentarista de política da CNN Brasil. A emissora estreou no dia 15 de maio, poucos dias depois que Organização Mundial da Saúde declarou a pandemia.

Em suas análises sobre a política do governo Jair Bolsonaro, a advogada tem chamado a atenção de admiradores com uma linguagem direta e franca (inevitalvelmente, de haters também). Criado em janeiro, o canal de Gabriella Prioli no YouTube, que responde a dúvidas e repercute fatos da política brasileira, já tem mais de 419 mil inscritos.

Já seu Instagram já ultrapassou 1 milhão de seguidores. Suas lives nessa rede com a cantora Anitta (1 e 2) —de quem é amiga pessoal — têm sido comentadas pela forma didática e acessível, prestando serviço para o público entender o contexto em torno das tensões políticas atuais.

7. André Carvalhal

Live com Igi Ayedun sobre as transformações no universo das marcas

OK, saúde e política são temas predominantes na pandemia, mas existe uma forte demanda por entendermos mudanças de comportamento e transformações recentes do mercado. Nesse quesito, o consultor e escritor André Carvalhal tem sido um dos nossos perfis favoritos, não só como criador de conteúdo, mas também como curador de tendências recentes.

Carvalhal criou uma extensa programação de lives em seu Instagram @carvalhando desde o início da quarentena, que contam com a participação de convidados de diferentes áreas: moda, marcas, astrologia, espiritualidade, veganismo, marketing, entre outros temas. O mais legal é que as conversas têm sempre uma abordagem de não explorar previsões para o futuro, e sim focar no presente (que afinal já é suficientemente complexo, né?).

8. Carla Lemos

Muita gente conhece a Carla Lemos pelo nome do seu blog, o Modices, que existe desde 2007. Admiro seu conteúdo há anos e considero seu canal um exemplo de longevidade digital, mas fiz questão de incluí-la na lista agora por outro motivo: a de que é possível, ao mesmo tempo, falar de moda, beleza e estilo de vida gerando valor para as pessoas.

O Modices, assim como Carla, evoluíram ao longo dos anos pra falar de seus temas principais conectados a feminismo, autoestima, cultura e comportamento, trazendo profundidade ao conteúdo. Durante a quarentena, ela segue inspirando sua comunidade a partir de uma postura clara: ficar em casa, dar exemplos positivos, mostrar empatia, prestar serviço, se posicionar politicamente. Deveria ser a regra, mas infelizmente é exceção nesse segmento.

9. Ana Beatriz Barbosa

Live com a professora e filósofa Lúcia Helena Galvão

Saúde mental já era um tema atual e frequente entre influenciadores antes da pandemia, mas durante a quarentena se tornou urgente, diante do impacto sobre nossas emoções.

Existem muitos perfis criando conteúdo sobre esse assunto sob diferentes pontos de vista — filosofia, psicologia, terapias holísticas, etnografia — e eu particularmente estou adorando as lives da psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa.

Disponíveis em seu canal do YouTube, o Mentes em Pauta, as lives são bate-papos com convidados pelo Instagram que repercutem dúvidas do público sobre ansiedade, depressão, TOC, síndrome do pânico e outros transtornos que, segundo Ana Beatriz, podem se intensificar durante a pandemia. O que eu mais gosto nos conteúdos dessa psiquiatra é a linguagem acessível que ela usa para esclarecer e desmistificar crenças e preconceitos sobre as nossas emoções.

💡 Recomendo pra todo mundo assistir não só as lives da quarentena pelo YouTube (minha favorita é com a professora e filósofa Lúcia Helena Galvão, que eu sou fã❤), mas também aos vídeos antigos, que nos ajudam a entender certos comportamentos que todos estamos tendo durante a pandemia.

10. Luiza Helena Trajano

A violência contra a mulher também é pauta dos conteúdos de Luiza

Muita gente pode não conhecer Luiza Helena Trajano, mas com certeza conhece o Magazine Luiza. A empresária de 68 anos é a mulher por trás do sucesso da rede de lojas de varejo espalhadas pelo Brasil.

Até o começo da pandemia, eu nunca imaginaria incluí-la em uma lista de influenciadores digitais, mas a real é que ela vem sendo um exemplo de influência e passei a acompanhar o que ela tem feito e dito em seus canais. Primeiro, porque a Magalu foi considerada uma das marcas mais solidárias durante a crise — encabeçando uma campanha de não-demissão de funcionários, reduzindo salários de executivos, e Luiza interage diretamente com os clientes da Magalu em seus canais pessoais.

Segundo, porque a empresária é uma apoiadora do empreendedorismo feminino no país, e preside o Grupo Mulheres do Brasil, uma comunidade com mais de 40 mil participantes que vem realizando várias lives e campanhas durante esta quarentena no Instagram. Não podemos esquecer que estamos vivendo em uma época em que há milhares de mulheres empreendendo por necessidade de sustentar sozinhas uma casa, há vítimas de violência doméstica, racismo, machismo. Ver que uma mulher em sua posição compartilha o que tem aprendido e defende nossas pautas é inspirador.

💡 Certamente essa lista é maior, e muitos outros nomes estão fazendo diferença em seus próprios territórios de influência. Quem quiser contribuir nos comentários com outras referências nos ajuda a fazer crescer o lado positivo da influência.

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