tem (mesmo) como o mundo pós-covid ser melhor?
a mudança positiva depende justamente de quem pergunta, e a resposta pode estar na nossa capacidade de trabalhar em equipe
é a pergunta de 1 milhão de bozos: o mundo pós-covid será melhor depois que essa poeira baixar? na ânsia de prever o que vem por aí — e, de certa forma, tentar controlar as incertezas — não há quem não tenha feito a sua fezinha na sociedade do futuro, polarizando opiniões entre quem acredita que ou viraremos unicórnios fofos ou continuaremos esse bando de selfish bitches.
Manu Barem, por exemplo, não vê esperanças na humanidade:
errada não tá, né? depois do recorde de vendas da Hermés na China e das filas em frente à Zara na França, pós isolamento, fica complicado acreditar que as pessoas estejam prontas para refletir sobre seus hábitos de consumo (ou sobre qualquer outra coisa).
como disse a Marina Colerato em entrevista à GQ Brasil: "Essas pessoas estão comprando essas roupas para usar aonde? Para ficar em casa? Para guardar no armário? Que loucura."
precisamos ser realistas e nos mantermos alerta. é muito tempo de capitalismo e cultura do 'eu' para muito pouco tempo de isolamento. mas fala a verdade: dá um calorzinho no coração quando a gente assiste ao vídeo "The Great Realisation" do Tom Foolery, não?
com isso, quero dizer que, sim, é muita fé em deus achar que o ser humano vai se tornar 100% consciente do seu impacto no mundo após a pandemia. porém, rever a nossa postura não é mais opcional e alguém precisa puxar esse barco.
mas quem?
dá uma preguiça emergir do caos…
a aceitação dói menos, mas a verdade é que se dependesse dos preguiçosos, muitas mudanças importantes não teriam acontecido. como seria o mundo hoje sem a atitude de quem contesta a discriminação racial/religiosa/de gênero ou orientação sexual?; sem os abraçadores de árvore, talvez vc nem estivesse lendo esse artigo, por falta de O2 pra respirar; e se em 1984 ninguém tivesse acreditado que a retomada da democracia era fundamental? (fica aqui minha mensagem subliminar 🇧🇷)
ao longo da nossa história, alguns tomaram a frente e tornaram reais cenários inimagináveis (e, na maioria das vezes, inaceitáveis) para uma maioria passiva. mas isso vc já sabe. o que me peguei esses dias pensando é como esses líderes galgaram mudanças, mesmo sendo uma minoria?
precisamos saber mais de team management
segundo o neurocientista Walter J. Freeman, “o caos reforça a habilidade de responder de forma flexível ao mundo exterior e gerar novos padrões de atividade”. ele diz que é a capacidade de aprender e se adaptar a partir do caos o que define equipes de alta performance (que aqui vc pode substituir por uma sociedade mais consciente, por exemplo, como faria Bela Gil 😉).
Marcial Losada, especialista em psicologia organizacional, também defende que equipes de sucesso trabalham dentro de dinâmicas caóticas, onde questionamentos e suporte na construção de ideias acontecem ao mesmo tempo, de forma equilibrada. o sucesso do resultado acontece porque o time permite, sem aprisionamento a ideias ou a pré-conceitos.
ou seja, as chances de sairmos dessa pandemia melhor do que entramos depende da nossa habilidade como team players; do quanto estamos dispostos a colaborar com quem propõe atitudes criativas para um novo mundo.
quando vejo pessimismos trágicos ou delírios polianos em relação ao futuro pós-pandêmico, percebo o quanto, de fato, o equilíbrio é a chave. ele evita o negacionismo à crise ao mesmo tempo em que permite (de forma construtiva) que a reflexão aconteça. se a humanidade já estava doente antes mesmo do covid, tá tudo bem pra vc não ir atrás da nossa cura?
É importante perceber onde as equipes ficam presas. É uma defesa interminável? Está em auto-absorção? É o excesso de negatividade e crítica destrutiva que os aprisiona em espaços emocionais restritivos que fecham as possibilidades de ação efetiva? (M. Losada — The complex dynamics of high performance teams)
e aí, quem é vc no meeting pra decidir o que vai ser desse mundão?
