A pandemia está nos fazendo olhar para as mesmas coisas de um outro jeito
Por Cláudia Flores e Terena Miller
Infelizmente essa pandemia não tem botão de voltar, cancelar ou desfazer. É tanta emoção pra administrar, informação pra assimilar. Entre perdas e incertezas, a gente vai tentando sobreviver e se adaptar conforme dá. Aceitando que ficar em casa ficou estranho, sair também. Estar em família ou amigos também. Trabalhar é desejo de quem perdeu trabalho, e desafio de quem tem. Não que antes não fosse, mas e agora? Me abraça, vamos chorar ou pirar junto?
Quando a quarentena começou, ficamos pensando em formas de colaborar com quem precisasse de ajuda. Quem sabe oferecer consultorias gratuitas de produção de conteúdo, que é o nosso universo? OK, vamos! E lá fomos nós fazer uma live de criação de conteúdo pra pequenos negócios na crise, outra de conteúdo pra vender sem ofender. E tomar vários cafés virtuais com uma galera empreendedora que nos tirou COMPLETAMENTE da zona de conforto.
Vamos dar a real? A gente é jornalista, mas vem da vida de agência de publicidade. Cláudia Flores, redatora, Terena Miller, editora. Viemos de um universo onde existe verba pra investir. E uma galera pra fazer acontecer. Não é assim com pequenos negócios. O pequeno empreendedor é um cara ou mina multitask que tem pressa e necessidade de sobreviver. Um equilibrador de vários pratos ao mesmo tempo. Tem que ser direta, tem que ser acessível, tem que ser empática, tem que dizer o como, mas também por quê. Um calor na nossa nuca. E foi bem bom!
Depois dessa experiência das consultorias e lives, começamos a repensar nosso próprio processo criativo. Que conteúdo faz sentido nessa pandemia? O que fará sentido no pós-pandemia? Por que fazemos as coisas desse ou daquele jeito? Como faz pra sair da bolha segura e sobreviver?
Tem gente que nessa quarentena foi pintar, bordar, fazer pão, mil coisas. Pra não bugar a cuca, demos um reset. Pressionamos o botão reconfigurar e seja o que deus quiser.
Assim nasceu o wewe, um exercício de olhar para as mesmas coisas que a gente faz de um outro jeito. Definitivamente, não podemos dizer que é confortável ou seguro, porque se expor nunca é, mas tem o quentinho do coração, e é isso que queremos dividir com as pessoas.
Além do canal no Medium — onde a gente tem produzido conteúdos colaborativos tipo a lista com mais de 100 vagas e freelas para a galera da comunicação que perdeu jobs na pandemia e a lista de criadores de conteúdo pra te ajudar a ser antirracista — nos arriscamos a criar um podcast — ou melhor, um wewecast — pra refletir sobre temas que achamos que merecem ser repensados, não só sobre a forma de produzir e consumir conteúdo digital, mas sobre a nossa relação com as tecnologias e o reflexo sobre como nos comunicamos.
Não sabemos até quando essa pandemia vai durar, mas queremos sair dela de algum jeito. Que seja assando um pão, lendo um livro, fazendo lives, ou vários nada, porque ninguém é obrigado a ser produtivo ou útil. Mas somos todos criadores e criativos por natureza. Vamos achar nosso próprio jeito de nos adaptarmos. Não viemos pro mundo com botão de reset, mas quem há de negar que viver é um reconfigurar constante?
