da aceleração do tempo à sincronicidade: #weweInsights YouPIX Summit
desligue o celular, pause o seu relógio. o papo aqui é tempo e vc precisa investir um pouco do seu neste post
seguindo os trabalhos de trazer pra vcs #weweInsights das palestras mais legais do YouPIX Summit 2020, Cláudia Flores e eu saímos zonzas do papo com Gustavo Nogueira, fundador da Torus — Lab do Tempo. gent, tava demais! ele trouxe a apresentação "Da aceleração à sincronicidade", um papo denso sobre a nossa relação com o tempo hoje e reflexões fortes pra vc fazer a g o r a.
→ dá uma olhada nos 5 desafios da pandemia para criadores da pandemia que a Clau trouxe a partir do segundo dia do evento
→ live da palestra do Gustavo Nogueira aqui
"o que é o tempo e por que a gente deve se importar?"
assim começou a live do Gustavo, e eu já peguei a minha pipoca. hummm alguém falando sobre algo que eu realmente não sei. adoro!
Crise do Tempo
pra explicar melhor, o Gustavo usou a definição "crise do tempo" pra falar sobre o que todo mundo — eu, vc e até o seu cachorro — sente: falta tempo o tempo todo. esse sentimento, segundo o Gus, não é individual. e acredito que ninguém discorde, né?
dentro dessa crise toda, a ideia é que a gente vive "ciclos de aceleração social", ou seja: o contexto muda, mas o sentimento de #vidaloka acelerada não muda (ou só aumenta).
mas será que sempre foi assim?
o Gustavo lembrou que a gente já viveu outras relações com o tempo no passado, e podemos viver novas relações com ele daqui pra frente. nesse momento, recarreguei a pipoca. a Clau e eu acreditamos muito nisso, sabe?
Padrões de Tempo Sincronizados
a partir de um recap bem interessante sobre a relação das sociedades passadas com o tempo, o Gustavo trouxe um aprendizado que ajuda a definir o que ele chama de "padrões de tempo sincronizados":
ou seja: em sociedades mais simples, o nível de sincronicidade com o tempo era mais alto. em sociedades com processos mais complexos, o nível de sincronicidade é mais baixo. é muito sobre a nossa capacidade de nos conectarmos ao tempo, considerando o contexto.
"Se a gente tá vivendo em um cenário que a gente olha ao redor, olha para o caos e a complexidade dos problemas de hoje, é muito difícil transferir esse padrão de vida que era mais simples para o nosso momento dependente e complexo da sociedade de hoje". Gustavo Nogueira
o que o Gustavo defende é que não adianta querer voltar no tempo, isto é, acreditar que aplicar padrões usados antes da revolução tecnológica, ou mesmo da revolução industrial, é a solução pra que o mundo saia dessa correria insana.
"por que estamos num tempo diferente?"
Padrões de Tempo Dessincronizados
é onde nos vemos hoje. um padrão em que quanto mais o tempo acelera, mais a gente se dessincroniza dele — e mais a ansiedade pega. embora a sensação seja de que nossa relação com o tempo piorou desde a chegada da internet, o Gustavo lembra que essa dessincronização já vem acontecendo desde o século XV. 😐
no começo do século XX, se falava em "aceleração" como um fator determinante para o futuro, e desde então a gente nunca mais tirou o pé do freio. o relógio, símbolo da nossa relação mecânica com o tempo, prevalece em relação ao tempo natural (aquele que só os bebês devem saber como é hoje).
"tempo é dinheiro". Benjamin Franklin
o corre sem fim
a verdade é que somos treinados pra acelerar. nosso tempo é um produto que a gente troca por dinheiro e por status, custe o que custar: seja a nossa saúde física e mental, nossos momentos com quem amamos, e até nosso tempo com a gente mesmo.
dentro dessa dessincronização constante, o Gustavo traz alguns pontos de reflexão:
- a tecnologia, em que a gente coloca toda a culpa, é só parte desse momento. um reflexo da nossa perspectiva em relação ao tempo.
- nos aprisionamos em símbolos mecânicos de tempo (relógio, calendário) sem nos questionarmos o que estamos fazendo com a nossa própria temporalidade. o que você quer fazer entre o seu nascimento e a sua morte?
- estamos em um momento-chave da história para questionar nossos padrões de trabalho, educação, e estrutura temporal como um todo. como podemos sair dessa "dessincronia" para entrar em uma "utopia temporal"?
Utopia Temporal
conceito em que o tempo presente pode moldar uma realidade alternativa, nos permitindo outras formas de se relacionar com ele. a ideia aqui é acreditar que seja possível retomar nossa sincronicidade com o mundo, com os outros e com nós mesmos.
não é sobre desacelerar, e sim reconectar-se com o tempo, recuperar o compasso.
"eu acredito que já se passou o tempo de buscar previsões do destino. essa é a hora de gente assumir nossa responsabilidade para o que queremos construir como legado no tempo. e não buscar a informação da próxima tendência, da próxima tecnologia, do próximo hype pra tentar acompanhá-lo." Gustavo Nogueira
resgatar a consciência temporal é um processo. como exercitar isso consigo próprio e no conteúdo que vc gera?
aqui vão alguns pontos pra ficar ligado:
- entender potenciais conexões entre o que a marca quer e o que a sociedade precisa neste momento;
- buscar ser mais consciente sobre que tempo é esse em que estamos vivendo. quais os contextos sociais, ambientais, o momento de mercado e tecnológico?
- como a gente navega neste cenário presente? quais são as ferramentas e habilidades que nos cedem essa responsabilidade em relação ao tempo.
- o futuro ainda não tá escrito, então dá tempo de mudar e dar um RESET.
- esse possível reset aponta para uma "mudança dos arquétipos do mundo", que saem da aceleração para um cenário de sincronicidade.
- uma série de narrativas presentes (o Gustavo falou em 13!) apontam que estamos no fim dessa narrativa única, prisioneira do tempo, que vivemos até agora.
sim, eu sei, vc também deve estar com a cabeça a mil. eu avisei que o papo era denso e talvez exija mais de uma leitura pra assimilar tanta informação. falar sobre o tempo nunca é simples, ainda mais quando somos convidados apercebê-lo fora dos padrões, de como a gente sempre acreditou que deveria ser.
tome seu tempo. a gente sabe o quanto ele é valioso.
