Trabalhar em Home Office: uma realidade permanente?
Por Raquel Nicastro
Recrutador: -Olá! Muito prazer, identifiquei seu perfil para uma oportunidade X, você deseja saber mais sobre a posição?
Profissional: -Boa tarde! Obrigada pelo contato. Hoje eu trabalho em home office e nunca mais quero deixar esta forma de atuação, pois consegui o equilíbrio que buscava entre vida pessoal e profissional. Se o modelo de trabalho for assim, podemos conversar.
E agora José? :-/
Acima, o retrato do que temos encontrado na atuação em Recrutamento e Seleção.
Será que será possível conseguir trabalhar de casa para sempre?
Tem sido muitas as devoluções de apartamentos pequenos alugados que serviam de base na capital, devido a migração das pessoas dos grandes centros urbanos para ficar com seu núcleo familiar em lugares com mais verde e natureza. O que temos percebido é que, apesar do perrengue inicial na adaptação em ficar em casa, principalmente com os filhos estudando on line, são profissionais mais felizes em não mais pegar a hora do rush, salvar tempo para si próprio e destinando isso para cursos on line, conseguindo aproveitar muito mais suas famílias e cozinhando como não se houvesse o amanhã! Mas, como tudo tem seu lado oposto, as pessoas têm relatado que tem trabalhando muito, mais ainda do que se estivesse no escritório.
É fato que hoje a grande maioria das pessoas estão em home office e que isso foi uma baita quebra de paradigma ou de “crenças limitantes” para muitas empresas! Muitos foram os aprendizados, principalmente daquelas empresas hierarquizadas, cheias de burocracia que dificultavam todo o processo. Ter que se adaptar rapidamente a algo que podia ser um planejamento para daqui 5, 10 anos, tem sido um grande desafio, antecipando adaptações que provavelmente bateriam à porta com a transformação digital.
Se por um lado temos profissionais que se adaptaram ao modelo de trabalho desejando atuar de suas casas, de outro, encontramos empresas com planejamento de retorno ao escritório ou com o prazo estipulado para o fim do home office em dezembro deste ano.
A boa notícia para os que desejam desesperadamente o “home office para sempre” é que há empresas se posicionando completamente a favor, dando para o profissional a opção de onde quer trabalhar. Também já encontramos empresas que só darão a opção do trabalho remoto. Exemplos disso são: Facebook que através de seu CEO Mark Zuckerberg divulgou que vai “implantar agressivamente o trabalho remoto” e tem a pretensão de ter metade de seus funcionários daqui a 5–10 anos trabalhando nesse modelo. Outra empresa com decisões importantes nesta esfera é a Qualicorp, que adotará o home office como parte da cultura e devolveu sete dos quinze andares de sua sede em São Paulo. Já o Twitter decidiu que após a Pandemia os funcionários poderão escolher onde querem trabalhar. Para Zee Dog os funcionários não mais serão obrigados a trabalhar no escritório!
As mudanças definitivas já começam a surgir e é fato que teremos grandes transformações. Talvez não seja tão precoce dizer que já é uma realidade e será para sempre. Nós vamos ficar de olho e continuar divulgando o termômetro desse detalhe tão importante que também está impactando o trabalho de área de atração de talentos das empresas.
Fica aqui uma sugestão para a galera que busca talentos no momento atual do nosso país: analise bem o condicionamento de uma oportunidade que bate na porta ao home office. Fazendo isso, você pode limitar opções que poderiam levá-lo a desafios de carreira interessantes. Outro ponto de atenção a essa condição radical é negar que nunca mais pessoas frequentarão o ambiente corporativo, mesmo nas empresas que optaram por esse regime. A frequência pode ser bem menor, mas haverá, pois todo trabalho digital com equipes distantes, em algum momento, precisa de conexão pessoal das equipes para resgatar aquela “liga” que a tecnologia não nos dá. Então, prepare-se ao sair de São Paulo sabendo que poderá ter que frequenta-la em algum momento.
Vida longa ao trabalho remoto e ao equilíbrio de nossas vidas!
Raquel Nicastro é Psicóloga, especialista em Saúde Mental e RH, certificada em Agile HR, apaixonada por tech, desenvolveu carreira em empresas de tecnologia e startup na área de Gente e Gestão até o bichinho do empreendedorismo a morder. Hoje é co-founder da Reponto, projeto com foco na reinvenção de Recrutamento e Seleção, através de abordagens ágeis, práticas ligadas a transformação digital e foco em diversidade e inclusão. Curadora na vertical HR Tech da São Paulo Tech Week.
