História do Cineasta Serguei Eisenstein
Construtivismo Russo
É quase impossível falar da história do cinema (principalmente russo) sem citar Sergei Mikhailovich Eisenstein. Nascido na Letônia em 23 de janeiro de 1898, o professor, pensador, diretor, roteirista e editor foi um expoente primordial na arte da montagem, sua obra é até hoje fruto de estudo dentro do meio audiovisual e sua influência em quesitos técnicos de montagem rompeu com as barreiras do tempo e são usadas até hoje no cinema.
Enquanto jovem Eisenstein trilhou os caminhos do pai frequentando a escola estatal de ciências, e posteriormente se formando em Engenharia, no entanto, após a revolução entrou para o exército vermelho. Desde cedo desenvolveu um grande interesse por literatura e arte, tais interesses o fizeram participar ativamente da encenação de várias peças de teatro dentro do exército e foi ali que surgiu ativamente sua paixão pela arte de contar histórias.
Aos 26 anos criou seu primeiro filme de longa-metragem, “A greve”, de 1924, subvertendo a linguagem usual do cinema ele usou atores não profissionais e misturava a temática política com arte de uma maneira muito experimental, usando metáforas e muita dramaticidade. As tomadas rompiam com a narrativa clássica do cinema e tinham por propósito chocar o espectador, visando causar um impacto psicológico através da montagem, assim, ele desenvolveu a técnica do choque de estímulos, que mimetiza a ideia de: causar um efeito x sobre o espectador através do choque entre dois elementos audiovisuais na tela. Dentro da metodologia do choque de estímulos, as principais técnicas de montagem desenvolvidas por ele são:
· Montagem métrica (os cortes numa cena independem das ações que estão acontecendo, mas sim de acordo com o tempo deles);
· Montagem rítmica (o movimento dentro da cena impulsiona a hora de cortá-la);
· Montagem tonal (é feita com intuito de provocar um emoção na cena usando de cortes que evidenciem a emoção);
· Montagem atonal (tem por objetivo através da sobreposição de montagem causar várias reações consecutivas no público);
Em 1926 dirigiu (talvez) sua principal obra, “O Encouraçado Potemkim”, um filme extremamente disruptivo que construiu muitos dos preceitos de montagem que são usados ainda hoje, a obra usava mais que o dobro de cortes dos filmes da época, e assim, ele criou muitos dos elementos da montagem moderna. A obra foi um enorme sucesso de público e crítica e dessa vez era uma obra ainda política, porém mais realista e pautada na verossimilhança. O longa entrou para os anais da história do cinema principalmente pela fatídica cena da escadaria, que depois foi referenciada em filmes de outros diretores importantes como Woody Allen, Terry Gilliam, e Martin Scorsese.
Em 1927, em comemoração aos 10 anos da revolução, encomendado pelo governo russo Eisenstein fez o longa “Outubro”, que tratava em tom de documentário os acontecimentos de Petrogrado. No entanto, o filme fez Eisenstein perder o prestígios de Stalin e dos líderes russos por não considerarem fidedigna sua representação da União Soviética, e não apoiarem suas visões ideológicas, então, apesar da aclamação de crítica e público, a partir daí o cineasta passou a ter atritos com o governo Russo.
Graças ao sucesso de seu cinema na Rússia foi contratado pela MGM para fazer filmes em Hollywood, e mesmo sendo amigo de personalidades influentes como Charles Chaplin, não conseguia êxito em seus projetos, então se afastou de Hollywood. Ainda nos Estados Unidos tentou fazer de maneira independente a ambiciosa obra “Que Viva México”, que retratava a cultura do pais, porém após problemas financeiro Eisenstein teve que abandonar a obra e voltar para a Rússia.
De volta a seu país de origem, o cineasta consegue reerguer seu prestigio ao fazer a obra “Alexandre Nevski” que foi mais um sucesso estrondoso. Para os próximos anos Eisenstein já tinha outro projeto em mãos, a trilogia “Ivã, o terrível”, no entanto não conseguiu concluir a obra e morreu em decorrência de um ataque cardíaco em 11/02/1948, deixando uma contribuição imensurável para a história do cinema.