Obras importantes

Dziga Vertov e Sergei Eisenstein

Vitória Fernandes
3 min readAug 21, 2021

O Encouraçado Potemkin, Sergei Eisenstein

O Encouraçado Potemkin, Sergei Eisenstein, 1925.

A obra de Eisenstein tem como cenário a Rússia do início do século XX. Dominada por um regime autoritário, com o poder centralizado nas mãos do Czar Nicolau II e passando por uma crise política, a população russa se mostrava insatisfeita com a situação e exigia seus direitos. Reprimido pelo Estado, o povo inicia, no ano de 1905, uma série de revoltas espontâneas, antigovernamentais e aparentemente sem liderança ou direção. Greves e manifestações foram feitas em diversos setores econômicos, cada um com seus objetivos, mas todos insatisfeitos com o governo do Czar.

O Encouraçado Potemkin (Bronenosets Potyomkin), encomendado pelo governo, é um filme de propaganda que tinha como objetivo retratar as revoluções do início do século de maneira a exaltar as ideologias socialistas e mostrar a tirania do governo de Nicolau II. Após 20 anos dos primeiros levantes, as consequências já eram conhecidas, o sentimento e o desejo do povo tinham se concretizado em revoluções posteriores. Porém, via-se necessária a divulgação dessa ideologia ainda nova e o cinema era uma ótima opção, pois conseguia atingir uma porcentagem massiva da população, o que não acontecia com os jornais devido ao alto nível de analfabetismo.

Com uma técnica de montagem singular e revolucionária, o filme é dividido em cinco partes e retrata a revolta dos marinheiros contra seus oficiais no navio Potemkin. Essa revolta, assim como ocorreu em 1905, foi motivada pela desigualdade entre a tripulação e as autoridades. No filme, os marinheiros se unem contra a tirania de seus comandantes e assumem o controle do Potemkin. A população da cidade de Odessa apoia a revolta e é massacrada pelo exército em uma das cenas mais marcantes do filme.

Por Caio Vinicius

Um homem com uma câmera, Dziga Vertov, 1929.

Tendo em vista o documentário ‘’Um homem com uma câmera’’, dirigido por Dziga Vertov em 1929, tal produção relata o cenário das três capitais soviéticas (Moscou, Kiev e Riga) que tem seus cotidianos retratados através das lentes de Vertov e de seu irmão Michail Kaufman, onde diferentes processos são evidenciados seguindo um alinhamento a vanguarda Construtivista que surgiu na Rússia no início do século XX, logo após a Revolução que mudou os rumos do país em 1917.

Neste movimento, os artistas se preocupavam em demonstrar a constante industrialização presente naquele momento, bem como defender os operários e seus respectivos interesses, e é justamente esse ambiente que Vertot aborda em sua produção, porém sua visão se mostrou ser bem democrática: ao mesmo tempo que retratou todo o contexto de urbanização e desenvolvimento econômico num discurso que favorecia ao ideal socialista, também não se esquivou de mostrar a exploração que era feita sob os trabalhadores, fato este que fez seu filme ser alvo de críticas por parte do governo da época e fez Vertov sofrer perseguições.

Analisando o lado estético da produção, diferentes aspectos marcam positivamente o documentário. Em uma época que o cinema era muito recente, a produção de Dziga foi um marco no cenário do audiovisual, uma vez que ele rompe com os padrões que haviam sido criados na época e faz uma narrativa sem que haja a necessidade de um roteiro, atores e pessoas atuando, onde a única preocupação é mostrar a realidade e o cotidiano das cidades. Além disso, há o emprego de diferentes imagens, cortes e alusões que deixam a obra ainda mais valorizada.

Por Elias Augusto Gomide

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