POP ART (contexto político-social)

André Ribeiro
Cultura & Arte Wiki
4 min readOct 28, 2020

A arte que venceu a realidade deprimente do século passado

O período entre as Guerras Mundiais foi caracterizado pela ascensão dos Estados Unidos da América como a maior potência econômica e militar. Além disso, os Estados Unidos passou a influenciar a cultura mundial com seus ícones pop. Acima, quadrinho do Capitão América socando o rosto de Adolf Hitler.

O movimento artístico Pop Art surgiu na Grã Bretanha na metade do século XX, em um período onde as potências europeias estavam se reerguendo dos impactos da Segunda Guerra Mundial. O seu termo foi usado pela primeira vez, em 1954, nas discussões de artistas que se autodenominavam “Independent Group” (Grupo Independente-IG), a qual fazia parte do Instituto de Arte Contemporânea de Londres. Entretanto, o movimento Pop Art só foi batizado oficialmente em 1958 pelo artista Lawrence Alloway (membro do IG) em seu artigo crítico “The Arts and Mass Media” , que utilizou o termo para designar os produtos da cultura popular ocidental, principalmente os que eram oriundos dos Estados Unidos.

Cartaz publicitário da “American Way Of Life” (estilo de vida americano) a qual idealizava o consumo de muita comida, produtos e atividades de lazer.

Com a fome e a miséria alastrada por toda Europa, a Arte Popular surgiu como uma forma de se distanciar a dura realidade da guerra, tendo como foco o deslumbramento da American Way Of Life (estilo de vida americano) que destacava o nacionalismo e ascensão econômica dos EUA.

Evidenciando a crise da arte no século XX, a Pop Art buscava o retorno da arte figurativa, fazendo um bom contraponto do expressionismo abstrato e hermetismo da arte moderna. Os jovens nascidos durante a geração pós-Segunda Guerra Mundial, não queriam ficar restritos apenas na arte abstrata, eles queriam expressar seu otimismo em uma linguagem visual juvenil com a perspectiva de um futuro melhor do que a realidade deprimente. A estética desse movimento se aproximava do que se chama de Kitsch (estética do exagero), o que facilitava muito a aceitação pela massa popular. Destaca-se também que essa arte utilizava a linguagem do design comercial, conseguindo diluir a diferença do que separava a arte erudita da arte popular.

A ARTE POP NO BRASIL

Já no Brasil o movimento artístico pop teve seu início na década de 1960 no período da ditadura militar. No ano de 1964 o governo de João Goulart, o então presidente democraticamente eleito, sofreu um golpe militar de caráter autoritário e nacionalista. A principio essa intervenção militar prometia ser breve, tendo então durado “breves” 21 anos de governo antidemocrático. A Quinta Republica Brasileira foi marcada pela dissolvência do Congresso Nacional, a censura das mídias comunicacionais e a violência militar pelos opositores. Com todo esse conflito interno somados com a desigualdade social crescente, muitos artistas brasileiros começaram a expressar em suas telas críticas à Ditadura, e reflexões do cotidiano banal marcado pelas problemáticas sociais. Importante ressaltar que muitos artistas, jornalistas, músicos e intelectuais foram perseguidos exilados, torturados e mortos .

Imagem rara da “Opinião 1965” no MAM. Na década de 60, tudo mudou. O modo de ser, de comer, de vestir… Surgiu a Nova Figuração, a Bossa Nova, o Cinema Novo, o movimento hippie, a macrobiótica… Esta exposição foi uma revolução estética”.

Foi nesse momento caótico que surgiu a Pop Art brasileira, com uma tendência irônica ela refletia todas as mazelas vividas pelos brasileiros. Tendo a necessidade de expor as insatisfações pela censura imposta, os artistas começaram a organizar exposições. Entre as exibições mais importante dessa época destaca-se a Opinião 65 realizada no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, a qual foi realizada por 17 artistas brasileiros e 13 estrangeiros, entre esses artistas estava Antônio Dias, Rubens Gerchman e Claudio Tozzi, eles utilizavam dessa arte para protestar e driblar o “sistema” de censura através das metáforas. Outros países fizeram também manifestações artísticas com por exemplo: a Argentina com o nome de Otra Figuración e na França com a Figuração Narrativa e Arte.

Obra de Cláudio Tozzi.
Não há vagas (1965), Rubens Gerchman faz uma critica social a situação dos operários.

Referências:

--

--

André Ribeiro
Cultura & Arte Wiki

Estudante de comunicações da Faculdade de Juiz de Fora (UFJF). Cursando Rádio, TV e Internet.