Salvador Dalí: história e Surrealismo
Primeiros anos
Nascido em 11 de maio de 1904 em Figueres, na Espanha, Salvador Dalí foi um importante membro do movimento surrealista, sendo até os dias atuais reconhecido por seus trabalhos diversos, considerado por muitos como um dos pintores mais famosos que já existiu.
Com uma infância conturbada e má relação com o pai, Dalí foi citado muitas vezes como uma personalidade excêntrica. Em 1922, ingressou na Real Academia de Belas-Artes de São Fernando, em Madri, conhecendo nesse período Luis Buñuel e Federico Garcia Lorca (artistas com os quais viria a trabalhar em conjunto no cinema e teatro, respectivamente), mas logo teve problemas de comportamento e foi expulso em 1926. Inicialmente, demonstrou certa proximidade com o Impressionismo, Cubismo e Futurismo.
Nos três anos seguintes, fez várias viagens à Paris, onde entrou em contato com personalidades como Pablo Picasso e René Magritte, que o introduziu ao movimento surrealista, em 1927. Ao ingressar em tal corrente, conheceu a esposa de Paul Éluard, Gala, com quem viria a se casar anos depois.
Dalí e o Surrealismo
Após a adesão ao movimento, Dalí encontrou-se em um período de grande produção artística. Em suas obras, com forte inspiração nas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud, apresentou o que seria chamado de “método paranoico crítico”, onde se invocaria uma impressão de paranoia.
Com quadros e esculturas que remetem ao sonho e à ilusão, as obras do catalão eram associadas a três temas: o universo do homem e suas sensações, simbolismo sexual e imagens ideográficas. Salvador Dalí também se aventurou no cinema, onde, junto de Luis Buñuel, produziu Um Cão Andaluz (1929) e A Idade do Ouro (1930), e conseguiu transmitir para as telonas seu sentimento ilusório e de fantasia, mostrando-se um artista de alto nível e multifacetado. Participou também da produção de Quando Fala o Coração (1945), do diretor britânico Alfred Hitchcock. Em um lançamento póstumo, em 2003, o curta-metragem animado Destino trouxe uma parceria com Walt Disney.
Em 1939, por divergências políticas, Dalí foi expulso do movimento surrealista por seu líder e fundador, André Breton, chegando até mesmo a ser acusado de compactuar com ideais fascistas. O espanhol, diferentemente de grande parte dos demais integrantes, que eram marxistas, se declarava anarco-monarquista, tendo supostamente estreitado laços com o regime de Francisco Franco após a Guerra Civil Espanhola, quando voltou de seu autoexílio nos EUA, buscando prestígio comercial.
Em relação ao pensamento de Dalí quanto ao movimento do qual fazia parte, atribui-se a seguinte frase ao artista:
“A diferença entre os surrealistas e eu é que, na verdade, eu sou surrealista.”
De fato, tal afirmação condiz com os relatos da personalidade do pintor, que demonstrava conhecimento e certo vanglorio de suas grandes habilidades.
Principais obras: recepção e comentários
Como membro ou não do movimento surrealista, Dalí se revelou um exímio e intenso artista, sendo muitas de suas obras conhecidas no mundo todo. Abaixo encontram-se algumas de suas pinturas, que conquistaram diversos admiradores, junto de alguns comentários.
Recepção da crítica
A partir de uma reportagem feita em 2014 pela revista Veja sobre o artista, obtiveram-se alguns depoimentos de estudiosos do tema, que podem ilustrar um pouco como se deu o recebimento da crítica às obras de Salvador Dalí, como observa a pesquisadora inglesa Dawn Ades:
“Houve um tempo em que os críticos não olhavam as obras de Dalí feitas após o final da década de 1930. Mas agora há pressupostos menos rígidos de que esse tipo de pintura é inaceitável. As pessoas veem potencial nesse trabalho.”
Por outro lado, Camille Paglia, professora de Humanidades e Estudos Midiáticos da University of the Arts da Filadélfia, nos EUA, observa em certa recepção negativa um motivo:
“A reputação final do pintor foi prejudicada por seu interesse pela moda e por Hollywood (algo que admiro nele)e por seu estilo de representação harmonioso, que conflitava com a ascensão do abstracionismo ao fim da Segunda Guerra Mundial.”
Na reportagem, Camille ainda acrescenta:
“Mas Dalí foi um poeta genial do inconsciente freudiano, com seus trocadilhos sexuais ousados, e um homem de visão alucinatória e de êxtase, herdeiro moderno do barroco italiano e ibérico.”
É fato que sempre existiram, e continuarão a existir, opiniões críticas negativas à determinado trabalho, como se observa no caso de Dalí que, embora fosse aclamado mundialmente, não agradara à todos. Já se apontou, por exemplo, como uma questão problemática nas produções do catalão a repetição.
Na reportagem da Veja, o professor de História da Arte da Universidade de Brasília comenta sobre tal questão:
“Depois de um tempo, as pessoas gostam menos das peças dele. Elas parecem ter sido feitas a partir de uma fórmula”
Comentários e análise
Na pintura ao lado, é possível observar claramente a utilização do “método paranoico crítico” pelo artista. Ele ilustra cisnes ao lado de troncos e, a partir dessa combinação, enxerga-se na água um reflexo semelhante ao formato de elefantes, criando no espectador um sentimento de confusão mental, não sendo possível fazer muitas afirmações acerca da obra, como um sonho, onde contá-lo após acordar se faz uma tarefa árdua e complexa, uma vez que se busca alcançar o inconsciente. Observa-se ainda, ao lado esquerdo da imagem, a figura de um homem (ou pelo menos algo semelhante).
Nessa pintura, Dalí se inspirou em um sonho que sua mulher, Gala, o contou. É possível notar por esta obra que, embora seja um pintor diverso, a questão da repetição é algo a ser observado em sua arte. A exemplo disso, tem-se a obra A Tentação de Santo Antônio, onde a mesma figura de um elefante com pernas finas e compridas aparece, como nessa ao lado. Mais uma vez, difícil afirmar algo em relação à essas obras, visto que a opção por retratar tal animal em mais de uma obra possa ter sido proposital, mesmo que fosse alvo de críticas negativas.
Conclusão
Por fim, ao fazermos uma observação geral da vida e das obras de Salvador Dalí percebemos que, embora tenha sido uma personalidade carismática e também controversa, seu trabalho supera questões pessoais e políticas, uma vez que produções de tamanha qualidade conseguem transmitir sensações diversas para cada indivíduo que as contempla, em diferentes épocas. Dessa forma, conhecer suas obras torna-se um privilégio, trazendo-nos aspectos e pontos de vista alternativos para se olhar o mundo atual. Além disso, a subjetividade é uma característica bem importante de se utilizar ao analisar o trabalho desse grande nome do surrealismo, conhecido em todo o globo.
Links e referências bibliográficas utilizados para a pesquisa
https://www.philamuseum.org/doc_downloads/education/ex_resources/dali.pdf
https://www.todamateria.com.br/obras-de-salvador-dali/
https://veja.abril.com.br/cultura/pequeno-guia-para-desconstruir-salvador-dali/
https://www.biography.com/artist/salvador-dali
