Tropicália além da música
Artes plásticas, moda e cinema.
Hélio Oiticica (1937-1980)
Hélio Oiticica é um artista que se destaca pelo carácter experimental e inovador de suas obras.
Sua obra Tropicália consistia em um jardim de plantas e animais vivos, poemas e objetos. Foi essa obra que deu o nome ao movimento aqui discutido. Se tratava de uma experiência ambiental, sensorial e social.
Obra Tropicália de Hélio Oititica
Em 1964 Oticica começou a frequentar a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, no Rio de Janeiro, da qual se tornou passista. Essa experiência foi transformadora para ele, que transcendeu as belas-artes e começou a incorporar elementos corporais e sensoriais em suas obras pelas coreografias, ritmo e música. Nesse momento começou a produzir os Parangolés, uma espécie de vestimenta ou capa colorida que servia para ser vivida, experienciada e dançada pelo espectador-participante.
Fotos da exposição de Hélio Oticica no MASP ( Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriant )
Zuzu Angel (1921–1976)
Zuleica Angel Jones, ou Zuzu Angel, que era seu nome artístico, foi uma das maiores estilistas da história do Brasil, fazendo uso de sua arte para lutar incansavelmente contra a repressão e violência do regime militar. Mãe de Stuart Edgar Angel Jones, que foi torturado e morto pela ditadura militar por se envolver na militância universitária, Zuzu Angel lutou até o fim de sua vida por justiça até ser assinada pelo regime militar em 1976, através de um acidente de carro forjado que só foi reconhecido como homicídio em toda sua plenitide em 2020. Na época os militares alegaram que Zuzu havia consumido alcoól e cochilado no volante de seu carro ou tivesse tido um infarto.
Em suas obras Zuzu expressava sua indignação perante a força bruta do governo, sendo uma mistura de uma vítima da perda seu filho amado para um regime cruel, enquando mãe, e uma mulher instruída e militande disposta a se arriscar pelo o que acreditava, enquanto figura pública.
No vestiddo mostrado na imagem é possível ver estampas de soldados, canhões, aviões militares, tanques de guerra, bonés militares, entre outros. Peça fazia parte da coleção Luto, feita depois da morte de seu filho Stuart.
Foto de divulgação da coleção Luto, na qual Zuzu aparece vestida com roupas de luto e rosto abatido.
Vale lembrar que o corpo de Stuart nunca foi encontrado. A filha de Zuzu alegou:
“Minha mãe passou seus últimos anos de vida juntando fragmentos da memória de meu irmão Stuart, como se através deles quisesse recompor o corpo que não conseguia encontrar para enterrar”
Hildegard Angel
Zuzu e seu filho Stuart e suas duas filhas Hildegard e Ana Cristina.
Cinema Novo
Em 1960 nasceu em terras tupiniquins um revolucionário e instigante movimento artístico: o Cinema Novo.
Fortemente influenciado pelo Neorrelismo italiano e pelo Nouvelle vague.
Era caracterizado pela insatisfação dos cineastas perante questões políticas e sociais injustas que se davam na ditadura militar.
“Uma estética da violência antes de ser primitiva é revolucionária, eis aí o ponto inicial para que o colonizador compreenda a existência do colonizado.”
Glauber Rocha
Buscava uma quebra do cinema hollywoodiano popular na época, tido como alienado e “comprado”. O Cinema novo defendia um cinema engajado.
Houve também a “estética da fome” que trazia temas como fome e miséria.
Cena do filme Rio 40 graus (1955) de Nelson Pereira dos Santos que foi um dos maiores símbolos do Cinema Novo. O filme se propunha a mostrar a favela carioca trazendo a tona uma realidade pouco conhecida no Brasil e apontando que o verdadeiro Brasil não era “bonito" como a mídia manipulada demonstrava.
Uma ideia para sintetizar o Cinema Novo é o lema de Glauber Rocha:
“Uma câmera na mão, uma ideia na cabeça.”
Foto de Glauber Rocha.
Cena do filme Deus e o Diabo na terra do Sol (1964) feito por Glauber Rocha quando esse ainda tinha 24 anos.
É um questionamentoa às convenções do cinema. O longa segue dois camponeses em uma série de eventos de violência, sendo um deles privado de um salário digno por um proprietário, entre outras situações.
Cena de Terra em Transe (1967) feito por Glauber Rocha. O longa apronfunda no estudo da cena nacional colocando personagens militantes, militares, intelectuais, políticos e empresários. Fala sobre uma adesão incerta a correntes políticas.
Cinema Marginal
O Cinema Novo e o Cinema Marginal são semelhantes em muitos aspectos, já que ambos questionavam a linguagem cinematográfica da época. Todavia, o cinema marginal tinha um foco específico nos “bandidos” da sociedade brasileira, isto é, pessoas fora do publicamente aceitável para a época.
Enquanto muitos consideram que o Cinena Novo era uma crítica direta, o Cinema Marginal, ou uma avacalhação do cinema Underground norte-americano, como diria Glauber Rocha, fazia uso da técnica para demonstrar a decadência da vida burguesa cotidiana e criticar de maneira irônica e sarcástica os instrumentos de poder.
Cena do filme Bang Bang ( 1970 ) de Andrea Tonacci que é um rompimento à linguagem tradicional de cinema que com bom humor critica o status quo.
Fontes
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra68016/terra-em-transe
https://www.rosebud.club/post/15052020
http://aquimequedo.com.br/2014/09/24/zuzu-angel-moda-e-os-50-anos-da-ditadura-brasil/
http://memoriasdaditadura.org.br/biografias-da-resistencia/zuzu-angel/
https://revistapesquisa.fapesp.br/a-tropicalia-segundo-helio-oiticica/
https://www.guiadasartes.com.br/helio-oiticica/resumo
https://www.escritoriodearte.com/artista/helio-oiticica
https://masp.org.br/exposicoes/helio-oiticica-a-danca-na-minha-experiencia
https://filmesdochico.com.br/top-40-os-melhores-primeiros-filmes-de-todos-os-tempos/
