Vanguardas

Conjuntura social

Vitória Fernandes
3 min readAug 20, 2021

O final do século XIX e início do século posterior foram palcos de diversas modificações de imenso impacto no modo de vida do ser humano e na sua compreensão acerca do mundo em que vivia. O avanço em teorias e descobertas cientificas era constante e rompia com conceitos consolidados e aceitos a séculos por todos. O desenvolvimento tecnológico andava a passos largos e as máquinas ganhavam cada vez mais protagonismo nos modos de produção acarretando numa mudança brusca no papel do ser humano dentro das fábricas.

Apesar de todo progresso aparente, a Europa se encontrava em crise e isso somado a tensão entre países em desacordo ao modo como se deu a expansão imperialista ao longo do século XIX tornava a condição de vida dos cidadãos europeus totalmente insalubre. Todas essas mudanças despertaram a necessidade de repensar o modo como os seres humanos encaravam a realidade, os movimentos de Vanguarda surgem como alternativas de novas visões acerca do mundo, artistas viam a necessidade externalizar toda a angústia, toda a amargura que fazia parte da vida naquele momento. A eclosão da primeira guerra mundial aterroriza alguns e fascina outros que enxergavam a guerra como a limpeza do mundo.

O papel desempenhado pela Rússia na primeira guerra mundial (1914–1918), assim como a revolução Bolchevique de 1917 foram acontecimentos de grande importância na caracterização das vanguardas que surgiam no país. Até o final do século XIX a Rússia se manteve como um país majoritariamente agrícola, as terras se concentravam nas mãos dos latifundiários e o povo apenas entregava seu trabalho a estes pois qualquer tipo de oposição era tratado como crime político, o que tornava a falta de liberdade e extrema repressão política uma característica de presença cotidiana para o povo russo.

Em 1894, o processo de industrialização ganha força no território russo e a forma de trabalho se transforma. Mesmo com o rápido desenvolvimento tecnológico a condição de vida no país continua péssima, pessoas recebem baixos salários e o capital se concentra nas mãos de banqueiros e donos de fábrica, o que leva os trabalhadores a protestos que exigiam melhores condições e direitos. Trabalhadores se aliam aos partidos de oposição ao sistema czarista dando mais força a estes.

Em outubro de 1917, o exército Bolchevique liderado por Lenin e apoiado por forças militares toma o poder. Camponeses e trabalhadores eram os soldados desse exército que lutava por melhores condições não só de trabalho, mas de vida, as terras deixam de se concentrar de maneira individual e são distribuídas entre os camponeses, assim como os proletariados passam a ter controle sobre as indústrias e ferrovias. A liberdade e direitos dos quais tanto foram privados são conseguidos a partir de suas próprias lutas e conquistas e os abusos da nobreza e burguesia podem enfim ser combatidos.

O construtivismo russo fica marcado como forma de expressão dos ideais socialistas postos em prática por Lenin após o sucesso da revolução. Nunca na história um movimento artístico havia tomado tamanha proporção num contexto de expressão política e social. Os artistas enxergavam a arte como um importante agente de transformação social e modo de expressar os pensamentos principalmente dos proletariados. A partir da arte, os autores se tornavam verdadeiros transmissores da ideologia marxista.

Por Lucas Marques da Costa e Silva

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