O contexto político-social que levou ao surgimento da Tropicália
Guerra Fria: EUA x URSS
A década de 60 foi marcada pela Guerra Fria, que elevou os Estados Unidos ao posto de superpotência mundial após a queda da socialista União Soviética e, com isso, a afirmação de que o capitalismo era o modelo ideal de sistema econômico. O Brasil, apoiador dos Estados Unidos na Guerra Fria, passou por uma “norte-americanização” durante a Guerra, o que levou o país a perder sua identidade própria.
Golpe Militar
O Brasil, em 1964, passava por uma desigualdade social alarmante e João Goulart, também chamado de Jango, presidente do país na época, propôs diversas reformas de base para além de amenizar a desigualdade, acalmar os movimentos de esquerda que o cobravam. Essas reformas, no entanto, foram taxadas como comunistas, e a partir disso, surgiram movimentos conservadores de direita tanto dentro da política quanto por parte da população, que pediam a queda do presidente.
Com isso, no dia 31 de Março de 1964, ocorreu o Golpe Militar, que teve participação do Congresso e das classes alta e média. O exército depôs João Goulart, e passou o poder para mão dos próprios militares, que tiveram como primeiro general-presidente o ditador Castelo Branco.
Entre 1964 e 1968, não havia uma forte censura e por isso os movimentos de esquerda, cantores, pintores, diretores e intelectuais faziam política livremente em suas respectivas áreas. No país, se destacavam as produções do Cinema Novo, as música da Jovem Guarda e as peças no Teatro Oficina.
Início da Tropicália
Com a perda da identidade própria brasileira e o grande consumo de produtos norte americanos, veio a tona uma grande disputa sobre os símbolos nacionais. De um lado estava quem consumia a cultura estrangeira, e do outro quem consumia a cultura inteiramente nacional.
Nesse contexto, passaram a surgir os vanguardistas do Tropicalismo, que eram totalmente contra o autoritarismo e o momento social do país, mas buscavam quebrar a restrição cultural, ou seja, parar de falar apenas sobre política, usar instrumentos estrangeiros nas músicas brasileiras…
Por que não valorizar a cultura de toda a sociedade, e deixar de focar apenas na revolução?
AI-5: Fim da Tropicália?
Esse posicionamento rendeu diversos atritos com os artistas nacionalistas de esquerda, e foi de extrema importância para o cenário cultural nacional. Os artistas tropicalistas mantiveram esse posicionamento em suas obras até o dia 13 de dezembro de 1968, quando o ditador Costa e Silva, por causa das tensões causadas pelas manifestações estudantis e greves operárias, decretou o AI-5, tirando a liberdade civil e de expressão da população. No dia 22 de dezembro de 1969, Caetano Veloso e Gilberto Gil, principais artistas da Tropicália foram presos, botando em xeque o movimento.
No entanto, a rebeldia da população contrária ao regime ditador se manteve viva com os artistas e integrantes do movimento que não foram presos ou exilados. O movimento Tropicalista foi muito importante para o contexto brasileiro a época e até hoje inspira artistas tanto musicalmente quanto politicamente.
Referências:
MACHADO, Lizaine Weingärtner. Relíquias do Brasil: Tropicália, Marginália & a poética de Torquato Neto nos ano de chumbo.