O Estado da A(I)rte

Igor Morais
Wise&Trust
Published in
3 min readSep 28, 2018

O aumento do interesse no tema Inteligência Artificial (AI) vem na exata medida em que a aplicação rompe as barreiras físicas e financeiras que impediam o uso dessa ferramenta de forma maciça. Tanto o armazenamento de dados quanto o processamento ficaram mais baratos, mas há outro componente igualmente importante nessa engrenagem: a enorme disponibilidade de rotinas “opensource” que rondam as diversas comunidades de cientistas de dados espalhados pelo mundo. Com isso, a complexidade dos modelos de AI deixaram a academia e o que antes era restrito apenas a grandes empresas passou a ser utilizado por profissionais com formação em programação, estatística, matemática e finanças.

Hoje, ficou mais fácil desenvolver um produto ou ideia usando apenas um laptop, ao mesmo tempo que assiste ao pôr do sol em uma cafeteria. É claro que ainda há um longo caminho a ser percorrido entre essa ideia e a transformação em um produto final para o Mercado. Esse caminho é mais difícil ainda em países emergentes, onde não há um ambiente de negócios maduro o suficiente para aproximar o empreendedor de investidores, especialmente no Brasil, onde os direitos de propriedade de uma ideia muitas vezes não são respeitados.

De qualquer forma, a disponibilidade de tecnologia de processamento a custo baixo está estimulando o surgimento de muitas aplicações e o que estamos vendo é só o começo. Somente com o que temos de conhecimento até o momento é o suficiente para afirmar que não há setor, país ou profissão que não venha a sofrer a influência da AI.

A pergunta não é “se serei atingido”, mas “quando”.

Essa velocidade de adoção será diferente de acordo com as regiões e atividades profissionais, mas já se encontra em estágio bem avançado quando o assunto é o mercado financeiro. Já vemos aplicações em sistemas de transações, relação com clientes usando NLP — Neural Language Processing e, mais importante ainda, quando o assunto é investimento e mobilidade com robôs nos aconselhando sobre as melhores estratégias.

Ou seja, AI vai atingir toda a cadeia produtiva desse segmento, basta ver como que as Fintechs passaram a captar muito das oportunidades de novos produtos e serviços que surgiram no mercado nos últimos dois anos. No caso específico da gestão de ativos há um item que está provocando uma revolução silenciosa: a disponibilidade de algoritmos de trading, que até esse momento era restrita a grandes fundos quantitativos devido o elevado custo de desenvolvimento e aplicação. Isso está mudando de forma rápida.

Hoje já temos diversas plataformas que sugerem investimento via algoritmos para clientes pessoas físicas ou até financeiras, independente do volume financeiro envolvido e da região onde a pessoa se encontra. Os cientistas ao redor do mundo estão criando seus “robôs conselheiros” e “alugando” os mesmos à quem quiser usar para fazer a gestão de seu patrimônio. Esse processo é bastante disruptivo no Mercado de “Asset Management” e ainda está engatinhando em países como o Brasil, mas é uma questão de tempo até vermos a situação na qual você, investidor, irá abrir um site e ter a opção de escolher diferentes algoritmos para fazer a gestão do seu patrimônio, separados por classe de risco, ativos e mercados, tal qual faz hoje para escolher dentre diferentes fundos de investimento.

Seria como uma espécie de supermercado de ideias. Apesar de algumas plataformas oferecerem isso para os mercados americano e europeu, com possibilidade de escolha dentre moedas, ações, futuros e opções, podemos perceber um número nascente em aplicações para Digital Assets, já que é um ambiente propício para mudanças e disrupções e com reduzido custo de entrada.

O uso de algoritmos de trading é um processo sem volta e certamente seu filho irá usar.

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