Retrospectiva do ano de 2019

Priscila Liesenberg
Wise&Trust
Published in
5 min readJan 22, 2020

Em 2019, ficou claro para todo mundo — até para os mais céticos e conservadores — que o Bitcoin veio para ficar. Entre o fim de 2017 até o início de 2018, o preço do Bitcoin e das demais criptomoedas (altcoins) cresceu de forma explosiva, com o Bitcoin tendo saído da casa dos 2.800 reais para 76.000 reais, um salto de cerca de 2.700%. Do movimento especulativo das criptomoedas naquele período foi levantado a suspeita do mercado de que os criptoativos poderiam estar numa bolha que explodiria em algum momento de forma súbita e colocaria fim a este novo “jogo” do universo financeiro. Pois bem, de fato, a “bolha” estourou, e as criptomoedas caíram de preço durante o ano de 2018, tendo o Bitcoin caído cerca de 87% da mínima até a máxima do ano de 2018. A grande dúvida de um ano atrás era a seguinte: será que as criptomoedas conseguirão voltar a ter força ou a bolha havia liquidado com o sonho de termos moedas digitais, independentes, seguras e globais pela primeira vez na história? Sabemos que nas décadas anteriores tentativas como: B-money, RPOW e BitGol acabaram em erros frustrados, estaríamos novamente destinados ao mesmo fim?

Pois bem, o sonho não morreu. Pelo contrário, ele se tornou maior, isso sim! Desde que o ambiente regulatório das criptomoedas foi amadurecendo e se fortalecendo, os investidores institucionais voltaram a se interessar pelo mercado de criptoativos.

Além disso, nos últimos anos, a blockchain — que surgiu junto com a criação do Bitcoin — começou a ser aplicada nos mais diversos mercados no mundo e passou a vigorar em muitos deles. Há pesquisas e desenvolvimento de novas aplicações da blockchain na indústria financeira, passando pelo setor de logística, pelo mundo jurídico, pelo meio médico, entre diversos outros ramos industriais.

No início de 2019, dinheiro “novo” começou a fluir para o mercado de criptomoedas. O ecossistema das criptomoedas, sendo o Bitcoin a mais famosa e importante delas, tomou novo rumo em 2019. Desta vez, o dinheiro que entrou no mercado não foi de pequenos investidores, mas sim os grande tubarões do mercado financeiro. E o mercado mostrou-se aquecido no início do ano, principalmente em fevereiro e março. Mas foi em abril e maio que a alta tornou-se explosiva. Com o acirramento da disputa comercial entre a China e os EUA no mês de maio — e a subsequente despencada dos índices mundiais, como o S&P500 –, o dinheiro passou a fluir para o mercado de criptomoedas, sendo que no primeiro semestre de 2019, o tamanho do mercado chegou a dobrar, tendo passado de 130 bilhões de dólares, para 260 bilhões (na máxima do ano). Teria o Bitcoin se tornado o novo porto seguro do mercado financeiro — o ouro dos ativos virtuais?

E ainda tem mais. Como se o preço do Bitcoin já não tivesse subido bastante até o final de maio, em junho, o preço subiu de foguete, rumo a lua, algo que os especialistas chamam de movimento exponencial dos preços, e os mais negativos chamam de bolha, com valorização de 86% entre a mínima e a máxima no mês. Então, você pode me dizer. Peraí, esse papo de bolha novamente? Não há dúvidas que o movimento que ocorreu no primeiro semestre de 2019 foi absolutamente especulativo, pois ocorreu uma alta de preços um tanto quanto exagerada para um período de tempo tão curto, mas chamar de bolha parece não condizer com os fatos. Pelo menos não neste contexto.

Mas, vamos passo a passo. Alguns acontecimentos importantes ocorreram e movimentaram esse ecossistema. Em julho, por exemplo, o valor do Bitcoin caiu. Isso ocorreu porque o Facebook apresentou o projeto Libra, uma consórcio de grandes empresas para a criação de uma moeda privada, com a intenção de promover um ecossistema de envio de remessas de dinheiro através de aplicativos e redes sociais. As autoridades dos EUA não gostaram da ideia de aplicativos digitais passarem a coordenar o fluxo financeiro que é costumeiramente realizado pelos grandes bancos comerciais e centralizado nos Bancos Centrais e, por esta razão, travaram o projeto Libra. Algo similar aconteceria com o Telegram Open Network (TON) no mês de Novembro.

No entanto esse período de baixa durou apenas um mês. No dia 1º de agosto, um tuíte do presidente Donald Trump promoveu o reavivamento da guerra comercial dos EUA com a China, o que fez com que o mercado voltasse a subir com força — isso aconteceu poucos minutos após o tuíte citado. Já em setembro, a corretora Bakkt começou a fazer negociações de contratos futuros de Bitcoin. É algo bastante significativo, pois a Bakkt tem, como principal sócio, a ICE (Intercontinental Exchange), controladora da bolsa de valores de Nova York, NYSE (New York Stock Exchange). Isso possivelmente implica na entrada de novo capital no ecossistema.

Depois das quedas de setembro, outubro foi um mês sem grandes flutuações financeiras no preço do BTC, até o dia 23. No dia 24, o presidente chinês, Xi Jinping, fez um discurso sobre a importância da blockchain e a necessidade de acelerar o desenvolvimento da tecnologia na China em vários setores. O discurso de Xi Jinping teve um impacto positivo no mercado de criptomoedas, e os preços inflaram com força. Vale notar que o discurso do presidente chinês é importante, já que, em 2017, o país havia banido as criptomoedas, pois havia um entendimento, naquele momento, que elas poderiam causar especulação e caos no mercado financeiro. A notícia de que a China estava mudando a sua postura perante este mercado animou bastante os investidores, que levaram a moeda a fortes altas. Do dia 25 ao dia 27 de outubro, por exemplo, o preço do Bitcoin subiu mais de 40%.

Entretanto, como às vezes a felicidade dura pouco, em novembro, o Banco Popular da China realizou uma operação de grande escala e reportou ter fechado todas as exchanges que estavam operando dentro da China, visando o combate a “operações financeiras ilegais” no país. O impacto desta notícia foi eminentemente negativa.
No entanto, na contramão da China, países da Europa, a Coréia do Sul, entre outros, apontaram que bancos serão capazes de ter Bitcoin nas suas carteiras em 2020 — o que ainda não é permitido -, e propuseram ampliar o uso de criptoativos. Além disso, vale notar que o impacto da decisão tomada pelas autoridades chinesas já foi absorvido no preço das criptomoedas — o que significa que o impacto negativo nos preços decorrentes do noticiário chinês já foi efetivado. Daqui para frente, o cenário é positivo e de expectativa da ampliação do uso da tecnologia blockchain e dos criptoativos em diversos países do mundo. Vamos ficar de dedos cruzados e cintos apertados, pois 2020 promete ser um ano de muita emoção também!

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