Estônia é opção para brasileiros que desejam abrir startups na Europa
Por meio do e-Residency, empreendedores podem iniciar negócios no país báltico e expandir para todo o mundo, sem sair do Brasil
Abrir e administrar uma empresa na Europa, sem precisar sair do Brasil, é possível. A Estônia, localizada no nordeste da Europa, é considerada a sociedade digital mais avançada do mundo e um celeiro de startups bem-sucedidas, que já gerou quatro unicórnios — Skype, Transferwise, Bolt e Playtech — e tem mais de uma dúzia de empresas com valor superior a US$ 100 milhões cada. Também é considerada a nação mais empreendedora do mundo pelo Fórum Econômico Mundial.
As duas principais cidades do país, Tallinn e Tartu, hospedam ecossistemas de startups completos, com mais de 500 eventos, mais de 70 grupos comunitários, mentores experientes e 140 investidores anjos. E o ambiente de negócios competitivo, com recursos digitais exclusivos e um Governo favorável ao empreendedorismo, que adaptou as leis para refletir as necessidades das empresas em rápido crescimento, faz da Estônia um local inteligente e ágil para empresas com ambições globais.
E isso não está restrito às empresas locais. Desde 2014, a Estônia oferece a e-Residency, uma identificação digital transnacional que qualquer pessoa — pequenas empresas, autônomos e empresários — pode solicitar para abrir um negócio na Estônia, sem a necessidade de morar no país. Atualmente, há mais de 66 mil e-Residents e mais de 10 mil empresas abertas por pessoas de mais de 160 países.
Veja o que é preciso saber para abrir uma startup na Estônia:
As muitas vantagens da e-Residency
Além de permitir iniciar uma empresa 100% online de qualquer parte do mundo, a residência eletrônica permite acessar bancos comerciais e prestadores de serviços de pagamento online, como o PayPal, assinar e autenticar documentos de qualquer lugar e declarar impostos facilmente. Karen Ordones, fundadora da Tutor.id , plataforma que conecta professores particulares a alunos em diversas partes do mundo, foi uma das primeiras mulheres brasileiras a empreender na Estônia por meio da e-Residency.
“O que me atraiu no país, além do ambiente de negócios, foi a facilidade de resolver as coisas no dia a dia. É tudo rápido, online e totalmente desburocratizado” — Karen Ordones, CEO da Tutor.id
Startup Visa
O Estonian Startup Visa ajuda os fundadores de fora da União Europeia a expandir sua empresa na Estônia. Também facilita o processo para as startups da Estônia contratarem talentos não pertencentes à União Europeia. Para receber esse visto, o produto precisa ser inovador, resolver grandes problemas e ter potencial de expansão. Até março deste ano, 500 fundadores e 1350 empregadores haviam sido beneficiados pelo Visa. Vale saber: quando o visto é concedido a uma startup, ele é estendido também à família do beneficiado (cônjuge e filhos).
Subsídio para contratação de especialistas
Para que uma startup cresça, é preciso contratar mão de obra especializada — e um grande problema no mercado é a escassez de especialistas de ponta. Por isso, o Governo oferece um subsídio para apoiar o recrutamento de especialistas estrangeiros em Tecnologia da Informação e Comunicação ou em Ciência e Engenharia. O valor da subvenção por cada especialista de ponta recrutado é de 3 mil euros.
Alcance global
A Estônia não será o mercado da empresa, mas uma aceleradora do negócio. “É necessário pensar em escalabilidade. Tudo o que a empresa desejar vender na Estônia precisará ser vendido na Europa, pois o mercado estoniano é muito pequeno”, ressalta Karen Ordones. Sua empresa, Tutor.id, nasceu em 2015 e hoje possui 2.600 professores particulares, de 220 disciplinas, e 1.200 alunos de 38 países.
É tudo online
Os estonianos assinam documentos digitalmente desde 2002 e votam on-line desde 2005. Para as empresas, a vida também é menos burocrática. A administração pode ser feita quase totalmente online, com envio de declarações de impostos pré-preenchidas automaticamente, assinatura de documentos legais via celular, contabilidade, pagamentos de contas e salários — tudo em poucos minutos. E, por falar em impostos, na Estônia as empresas estão livres de imposto de renda corporativo.
Apoio Governamental
Por meio da Startup Estonia, o Governo realiza ações para tornar o país um dos melhores lugares do mundo para startups, estabelecendo parcerias com incubadoras, aceleradoras e setores público e privado. Para isso, promove treinamentos em diversas áreas, hacks e hackathons, sessões de mentoria, ações de educação para investidores, meetups para fortalecimento da comunidade, apoio à participação em conferências, feiras e reuniões internacionais, entre outras iniciativas.
Força para o desenvolvimento
Independentemente do estágio do negócio, é possível encontrar uma série de serviços para impulsionar as startups. Para oferecê-los, o Governo firmou parceria com 110 organizações. Além disso, as empresas podem contar com o Accelerate Estonia, um laboratório de inovação para transformar problemas complexos em novas ideias para servir melhor os cidadãos e criar valor competitivo.
Cybersegurança
Com sólidos investimentos em infraestrutura de segurança cibernética, a Estônia desenvolveu extensa experiência nessa área, tornando-se um dos especialistas internacionais em segurança cibernética mais reconhecidos e valorizados.
O país desenvolveu uma tecnologia blockchain escalável para garantir a integridade dos dados armazenados em repositórios governamentais e proteger seus dados contra ameaças internas. É por isso que o país se tornou a sede do Centro de Excelência em Defesa Cibernética da OTAN e da agência europeia de TI.
500 milhões de euros em financiamento disponível
Vários novos fundos de capital de risco e VCs estão buscando idéias que mudam o mundo e são facilmente acessíveis. Além dos anjos individuais, há investidores como Karma.vc, Superangel, Trind.vc, United Angels, Change Ventures, Tera.vc.
Boa receptividade aos brasileiros — inclusive para contratação
De acordo com Grete Camargo, gerente de projetos do Work in Estonia, os profissionais em TI brasileiros costumam ser bastante procurados no mercado de startups estoniano. “Isso acontece porque a mão de obra é altamente qualificada e cultura de trabalho dos dois países é parecida. O brasileiro é visto como uma pessoa colaborativa e bastante comprometida com suas tarefas”, comenta.
Os profissionais mais buscados pelas startups são engenheiros e desenvolvedores sênior, programadores com experiência em diferentes linguagens de programação, QA, desenvolvedores web e multimídia eUX, assim como pessoas especializadas em marketing de crescimento e baseado em interpretação de dados.
“Queremos atrair mais talentos dispostos a viver novas experiências profissionais, aprender muito e fazer parte do avanço da nossa sociedade digital” — Grete Camargo, Gerente de Projetos da Work in Estonia
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