Longe de casa, perto do sucesso

Ana Luiza Silveira
Work in Estonia
Published in
4 min readAug 21, 2020

Profissionais de TI com mais de 40 anos encontram melhores oportunidades de trabalho na Estônia — e garantem: aqui, o que importa não é a idade, mas a experiência

Família reunida: Fabiano Armando e a esposa, Milena, com a beagle Baronesa

Depois da pandemia do coronavírus e dos efeitos que ela teve sobre nossas vidas pessoal e profissional, muitas pessoas começaram considerar a ideia de morar em outro país. Uma pesquisa realizada com 500 brasileiros pela Toluna Insights para a Work in Estonia revelou que 53% já haviam pensado nessa possibilidade; destes, 56,42% afirmaram que o desejo cresceu diante do enfrentamento dessa crise sanitária no País. Mesmo já tendo uma vida estruturada e consolidada, os que mais desejam deixar o país são brasileiros na faixa entre 35 e 54 anos (37,8%).

Entre os entrevistados que trabalham nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia ou Matemática (STEM), foram apontados diversos fatores que influenciam a tomada de decisão — como segurança pública e baixa taxa de criminalidade (58,9%), oportunidades de trabalho em alta tecnologia (45,56%) e bom sistema de saúde (41,91%).

Muito antes do início da pandemia, a Estônia vinha se tornando um dos mais novos destinos de brasileiros em busca de melhores condições de vida, trabalho e educação para os filhos. E foram esses os requisitos que pesaram na balança de João Carlos Vale, engenheiro de software de Fortaleza (CE), quando entrou em um processo seletivo na Transferwise, em 2018.

Profissional experiente, com mais de 15 anos de atuação, ele também estava em outro processo seletivo, de uma empresa em Portugal. “Fui chamado por ambas no mesmo dia. Preferi a Estônia, especialmente por uma vantagem que não havia em Portugal: a Transferwise pagou as passagens de toda a minha família e forneceu consultoria para a realocação”, comenta.

Esta, é claro, não foi a única coisa que impressionou João, que embarcou com a esposa e a filha adolescente rumo à nova vida. As facilidades para a legalização no país e a sociedade digital, onde 99% dos serviços públicos operam online, também. “Basta enviar um e-mail e as coisas funcionam”, destaca João.

João Vale, a esposa Paula e a filha Lara em passeio por Tallinn

De mala, CV e cachorro

A Transferwise também foi o motivo da chegada do engenheiro de software Fabiano Armando, há três anos. Mas a contratada foi sua esposa, Milena. Para acompanhá-la na mudança de país, ele se candidatou a algumas vagas e, alguns meses depois, se tornou Sênior Java Developer na Concise Systems. “Tivemos alguns meses de adaptação ao clima, que é muito frio para quem é do interior de São Paulo, como nós, mas aos poucos a Estônia foi me conquistando”, conta.

Para quem perdia mais de três horas diárias no trânsito de São Paulo para ir e voltar do trabalho, foi uma mudança e tanto. “Moro a dez minutos do escritório e próximo a um parque, aonde levo nossa cachorra, a Baronesa, para passear. Aqui se tem muito contato com a natureza, você encontra áreas verdes até no Centro da cidade”, diz Fabiano. A Baronesa, inclusive, foi uma facilitadora das primeiras amizades do casal, que não conhecia outros estonianos. “Começamos sendo amigos de outros donos de cães que encontrávamos no caminho”, brinca ele.

É claro que, como todo estrangeiro em um novo país, eles também sentiram saudades de casa. “No começo não é fácil, tudo é novidade. Minha mulher, especialmente, falava muito em voltar ao Brasil”, diz João. Fabiano viu a mudança como uma grande saída da zona de conforto. “Por mais que você tenha informações pela internet, não sabe ao certo o que vai acontecer. Mas existem brasileiros aqui, que dão suporte”.

Ao trabalho!

Se no Brasil os profissionais com mais de 40 anos são vistos, muitas vezes, como caros demais ou “velhos” demais, na Estônia eles têm infinitas oportunidades de aprendizado e crescimento. “Aqui, a coisa que menos importa é a idade. O que as empresas mais valorizam é a sua bagagem. Tem que acontecer um match entre sua experiência e as necessidades da empresa”, diz Fabiano.

Ainda assim, João — que hoje é colega de Fabiano na Arvato — confessa que sentiu certa insegurança no início, com medo de não se adaptar ao trabalho e não conseguir outra coisa. Hoje, ele nota que não havia motivo. “Não somos tratados de maneira diferente por causa da idade. No Brasil existe a preferência por pessoas mais novas porque elas podem ter longo prazo nas empresas. Aqui, valorizam quem consegue gerenciar bem a carreira e as demandas da profissão”.

Financeiramente, segundo ele, a mudança compensa. “Não tem como comparar o salário do Brasil com o da Estônia. Aqui se gasta muito menos, porque saúde, segurança, transporte e educação são gratuitos”, diz.

Eles destacam o ambiente internacional de muitas empresas estonianas. “Além de trabalhar com tecnologia de ponta e clientes importantes, frequentemente as equipes são multiculturais. Independentemente do tamanho, as empresas já nascem com mentalidade aberta e prontas para fazer negócios com o mundo”, diz Fabiano. Com um dia a dia tão dinâmico, eles nem sentem que são veteranos. “Estamos nos sentindo garotos!”.

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