O que eu aprendi ao trabalhar em 4 hostels diferentes

Julia Latorre
Worldpackers
Published in
4 min readJan 22, 2017

Em 2016, durante 8 meses trampei em 4 hostels na Europa como contratada e também em troca de hospedagem. Nesse período trabalhei como assistente de limpeza, recepcionista, assistente de reservas e marketing, organizadora de eventos e passeios.

Sem dar nome aos bois, compartilho agora meu aprendizado aleatório das boas e das (algumas) péssimas experiências:

  • Quando uma hospedagem pede a hora de chegada diga-os, inclusive se houver mudança de planos. Recepcionistas ficam a sua espera muitas vezes além do turno deles. Aliás, se sabemos que você vai chegar antes da hora do check in, até tentamos deixar o seu quarto pronto antes para que você não tenha de esperar.
  • Se você quer ter sua cama arrumada em um hotel ou hostel evite deixar seus pertences sobre ela. Camareiros recebem ordens de não tocar em nada do hóspede, com objetos espalhados pela cama fica um pouco mais complicado fazer o serviço bem feito.
  • 80% dos problemas que podem acontecer durante a sua estadia em um hostel não são culpa das pessoas que estão trabalhando lá naquele momento.
  • Tenha paciência ao se comunicar por telefone, sotaques se tornam um tanto quanto menos decifráveis do outro lado da linha.
  • Mesmo que você não fale inglês ou a língua nativa, pode dizer bom dia. Nós vamos entender. :)
  • Se o seu chefe está atrasando o pagamento há tanto tempo, lembre ele e explique que você realmente precisa daquilo para pagar as contas.
  • Tem gente que é mal educado com você porque acabou o chá (grátis). Releve.
  • Se você fez uma reserva non-refundable pelo Booking.com não podemos devolver o seu dinheiro de volta em caso de cancelamento. Não insista e pense muito bem antes de fazer uma reserva desse tipo.
  • Nós sabemos quando alguém está tentando sair sem pagar, também sabemos como cobrar mesmo quando a pessoa já foi embora.
  • Quando você é responsável por um pub crawl, esteja disposto a ouvir a histórias dos viajantes bêbados (e a aceitar drinks sem constrangimento).
  • Se você chegou bêbado de madrugada e deixou o banheiro todo gorfado, nós também saberemos que foi você.
  • Você tem mesmo essa necessidade de pedir toalhas limpas todos os dias? Baita gastação de água. A mesma toalha por pelo menos 3 dias é possível, né não?
  • Não se pode fazer muita coisa em relação ao cara que ronca muito alto no quarto coletivo. Mas os protetores auriculares não incomodam tanto quanto parece e fazem milagres.
  • A comunidade de dono de hostels em destinos muito turísticos fala de uma espécie de lista na qual os integrantes são hóspedes indesejáveis e que já causaram problemas em outros hostels. Cuidado para não entrar na lista e ficar sem acomodação.
  • Existe dono de hostel que te dá até o dinheiro para tomar cerveja. Existe chefe que pede para você limpar a casa dele, cuidar dos filhos, quiçá uma massagem. Existe chefe que mesmo sabendo que o seu turno é de 6 horas não vê problema em te deixar trabalhando por 13 horas (existe muita exploração, mas rende pano para um texto chatão que pede até uma investigação).
  • Tem hóspedes que não sabem, mas são inesquecíveis. Por um conselho, um elogio, o simples fato de olhar nos olhos e sorrir. Ah, os bilhetinhos de despedida. ❤

Trabalhar em hostel é arte do desapego gostoso. Entender que viemos ao mundo, sim, a passeio. Que estamos de passagem por todos os cantos. Que o mundo dá voltas e ter certeza de que ele é tão pequeno que cabe em malas de diferentes tamanhos.

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Julia Latorre
Worldpackers

Comunicadora especializada em gênero.♀ Escrevo aqui sobre o que dá vontade. linkedin.com/in/julialatorre