Consumo consciente: privilégios a favor do coletivo

Reflexões pós bate-papo com um economista consciente.

Bruna Próspero Dani
transdisciplinar
3 min readSep 5, 2019

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Ter uma relação consciente com o dinheiro, talvez, seja o primeiro passo para que a gente possa refletir o impacto do nosso consumo, pra além do impacto ao nosso próprio bolso.

Mas um pensamento altruísta e coletivo à respeito deste tema não é tão simples assim. Afinal, a nossa relação com a grana ainda é muito individual (principalmente pelo fato de que temos realidades muito diferentes).

Quando temos condições e informações é esperado que consigamos fazer escolhas melhores pensando em toda cadeia impactada, mas é preciso lucidez para não cair no julgamento de pessoas que têm outras histórias.

(Ao esquecer as diferenças de realidade é quando os "eco-chatos" podem ficar apenas chatos e acabar provocando um efeito reverso e de fúria — é preciso muita conversa, mas não apontamentos e julgamentos. Haja Comunicação Não-Violenta!)

Batemos um papo com o Eduardo Amuri (que pra gente é referencia de sensatez e empatia quando falamos sobre grana) por e-mail e áudios (santa tecnologia!) e colocamos aqui as principais luzes tiradas disso tudo.

pawel_kuczynski1

Escassez:

"Enquanto tivermos um sentimento de privação de recursos, dificilmente tomaremos decisões razoáveis. O cenário de “falta” nos leva a decisões pensadas apenas a curto prazo."

E aí estamos falando sobre a escassez de dinheiro, de tempo, energia…

Por isso, o primeiro passo é não julgar a escolha do vizinho. E olhar onde o paradigma da escassez está te afetando na suas tomadas de decisões.

O cenário ideal é que partíssemos de um ponto em que todos tenham o mínimo, para aí sim conseguirmos pensar em soluções coletivas.

Mas então, o que fazer? Inércia?

Nãããão….

Ações viáveis, respeitando a realidade de cada um:

Não seja aquela pessoa que aponta (e julga) as ações do outro.

"Não da pra falar pra uma pessoas que ganha R$900 não comprar bolacha do mercado e escolher opções melores

É difícil (e sem noção) a gente exigir de uma pessoa que precisa fazer inúmeros cortes no seu orçamento básico, que ela tome uma decisão mais embasada e que vise também as necessidades do meio ambiente. (Isso pra não falar das milhões de pessoas que não tem nem saneamento básico no Brasil).

Maaaas não deixe de agir de acordo com a sua realidade e lembrar que você pode fazer a diferença em pequenas atitudes e— o principal:

Use os seus privilégios, à favor do coletivo:

Todo mundo, em algum grau, tem algum tipo de privilégio. E poder usá-los a favor do Planeta é uma escolha linda (que vai fazer bem a você e ao Planeta, claro).

Sempre que puder, faça escolhas pensando no que está por trás daquele produto ou serviço. Quando a gente compra alguma coisa, estamos apoiando toda uma cadeia de produção, transporte, materiais, retirada de recursos naturais envolvidos nisso.

Se estamos inconformados com algo, podemos mostrar ao mercado (através da nossa mudança no consumo) o que não aceitamos mais (como trabalhos em condições de escravidão, falta de consciência ambiental, marketing sacana, etc, etc, etc,..

Sempre que puder, crie projetos e novas empresas que sejam realmente conscientes, que se preocupam com toda cadeia envolvida. Não é todo mundo que pode se dar ao luxo de fazer o que ama, muito menos de começar um negócio. Mas, se você pode, aproveite essa oportunidade para criar realidades melhores para o mundo.

Já que é pra criar algo novo, que seja realmente novo, né?

E, não pense que precisa ser algo grandioso não. Se você tem uma vontade muito grande aí, forme um grupo, troque ideias e plante uma sementinha.

Como disse Margaret Mead:

“nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o mundo. De fato, foi sempre assim que o mundo mudou”

Por isso, sempre que puder, traga essas reflexões para o seu grupo de amigos e familiares. É um jeito de manter a chama acesa dentro de você, e acender novas luzes por aí.

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