A importância das práticas 'Maker' para as empresas e por que a We Fab vê sentido nesta conexão?
O movimento 'maker' do ponto de vista de mudança de cultura é algo arrebatador, conseguindo gerar transformações profundas em um curto período de tempo. Mas, será que ele pode impactar empresas em outras áreas como desenvolvimento de produtos, processo de inovação ou mesmo auxiliar no real fortalecimento da comunicação entre áreas?
Muita gente já sentiu na pele as mudanças de cultura geradas pelo movimento maker, principalmente quando este alguém mergulha no seu cotidiano. Rapidamente, percebe-se que ele tem como viés a aproximação com práticas 'hands-on'. Mas, passado algum tempo de estudo e vivência a visão mais clara é a de que 'maker' é mais do que 'fazer algo com as mãos', é uma postura de vida, um jeito diferente de olhar o mundo e se conectar com ele através de uma posicionamento mais autônomo e ágil, se relacionando de maneira diferente com regras, tendo mais flexibilidade, posicionamento global e um pensamento mais inovador. Isto vai além de mudança de cultura, atacando diretamente a forma como as equipes gerenciam e desenvolvem projetos. Talvez por isto o movimento maker esteja interessando tanto às empresas.
Mas, o que estas práticas trazem para as empresas, falando concretamente? E que áreas podem se beneficiar delas?
1 COMUNICAÇÃO — os 'makers' fazem mais e falam menos
Esta prática tem efeito direto em reuniões demoradas, sem propósito e que acabam sem nenhum resultado prático. Se utilizarmos o jeito 'maker' de ser, não teríamos reuniões de mais de uma hora e nunca sairíamos delas sem uma visão materializada do que está sendo dito. Também utilizaríamos desenhos e modelos em papel ao invés de slides com poucas definições do que fazer logo que a reunião acaba.
2 COLABORAÇÃO — se um 'maker' não sabe algo, ele busca alguém no mundo que saiba
Esta prática pode trazer grandes resultados a projetos que estejam estagnados porque falta um conhecimento ao grupo ou uma forma diferente de pensar o problema. Num caso como este, dentro de um processo de desenvolvimento de produtos, por exemplo, makers buscariam contactar pessoas que trabalhem na área e que tenham experiência prática em desenvolver o tema de forma inovadora. Esta pessoa seria convidada a vir trabalhar junto, seja em forma de consultoria ou compartilhando direitos do projeto para garantir o melhor time de pessoas, o tão almejado 'dream team' que irá fazer com que a ideia deixe de ser somente uma ideia longínqua e possa ser posta em prática em tempo recorde e com qualidade.
3 AGILIDADE— 'makers' gostam de chegar rápido à resposta sem ficar preso a burocracias. São muito impacientes!
Agilidade é algo que todos buscam hoje em dia porque sabemos que é a única forma de competir no mercado atual. Esta prática traz resultados quando se quer colocar um produto bastante inovador no mercado. Mas, como alcançar agilidade, principalmente em grandes empresas, sabendo que sua estrutura ainda é burocrática e rígida? Hackeando! Ou seja, makers tentariam encontrar maneiras de ir pelas brechas do sistema. Sem medo. Porque confiam que o resultado vai compensar todos os possíveis pequenos perigos corridos durante o projeto. Existem exemplos de empresas que estão conseguindo burlar estas táticas, criando estratégias como criação de 'spin-off' para projetos que precisem de uma estrutura e processos novos, ou mesmo implementando processos diferenciados dentro de estruturas já existentes. Hackathons (quando bem realizados), Sprints ou mesmo desafios que contam com público externo podem ser alternativas.
4 PROTOTIPAGEM— a linguagem do 'maker' é o protótipo. Maker pensa e fala pelas mãos
Esqueça prototipagem da forma tradicional, como uma representação de ideias ao final do processo de projeto. Prototipagem 'maker' tem a ver com solucionar problemas em todas as etapas do projeto através de protótipos que são definidos em: baixa, média e alta fidelidade. Maker prototipa para pensar, comunicar e agilizar processos. Makers usariam a prototipagem para entender os detalhes de cada etapa, prever futuros problemas, validar sua ideia com o usuário e finalmente, garantir maior sucesso ao projeto, quando lançado. Muitas empresas pelo mundo já optaram por ter internamente ambientes de prototipagem, outras preferem se conectar com estruturas de prototipagem e solução de problemas externa. 'Makers' prototipam em todas as etapas de um projeto: desde o conceito até a pré-industrialização.
Certo! Então, como começar esta conexão com as práticas 'makers'?
A questão neste momento é entender como as empresas podem se relacionar com o movimento 'maker' já que ele é um universo novo a ser entendido e explorado. Primeira grande dificuldade é que visto de fora ele parece um só bloco encabeçado por Fab Labs e Makerspaces que proporcionam equipamentos e uma comunidade para auxiliar na fabricação personalizada de objetos. Mas, quando nos aproximamos e conhecemos melhor as dinâmicas de cada um deles, conseguimos evidenciar diferentes estruturas que se sub-categorizam. Alguns espaços ‘makers’ estão se especializando em educação, impacto social, em amplificar o “faça você mesmo” e há os que estão tentando entender como pode ser feita a relação com negócios
Portanto, cabe a cada um identificar qual deles traz mais benefícios e possui mais expertise com as práticas a serem desenvolvidas, devidamente alinhada com suas expectativas e necessidades.
MAKERSPACE
O que é? Espaço de trabalho colaborativo dentro de uma escola, biblioteca ou uma facilidade pública ou privada com o objetivo de proporcionar ambiente de criatividade, educação e colaboração. Estes espaços estão abertos a qualquer um e possuem uma variedade de equipamentos, incluindo impressoras 3D, cortadores a laser, ferros de solda.
Quem? Artisans Asylum, Engenho Maker
Atividades? Locação de máquinas (hora ou mensal), festivais, workshops. Alguns possuem apoio a negócios criativos.
Áreas de Atuação? Hobbysmo, Educação, Negócios Criativos, Empreendedorismo.
FAB LAB
O que é? Uma rede de laboratórios que oferecem fabricação digital direcionada para inovação social e invenção, fornecendo estímulo para projetos de impacto local e global. É também uma plataforma de aprendizagem e empoderamento. Possui basicamente máquinas de controle numérico do tipo CNC's, corte a laser, impressora 3D. Seu forte é a comunidade.
Quem? Rede internacional Fab Lab, Garagem Fab Lab, Fab Lab Recife
Atividades? Utilização de máquinas, cursos e workshops.
Áreas de Atuação? Educação Ativa, Inovação Social, Empoderamento Pessoal
MAKER INNOVATION LAB
O que é? Espaços desenhados para serem utilizados por “makers profissionais”, ou seja, pessoas ou empresas que se utilizam de práticas 'maker' para gerar negócios. Estes espaços são geralmente um misto de co-working, aceleradora e incubadora de projetos para atender start-ups, pequenas e grandes empresas. Possuem máquinas de fabricação e, acima de tudo, profissionais experientes que irão realizar o projeto juntamente com a equipe, aconselhando e direcionando.
Quem? Usine.IO, Makerversity, First Build, We Fab
Atividades? Apoio técnico ao desenvolvimento de produtos e gestão, Locação de espaço de trabalho coletivo, Workshops personalizados, Meetups, Consultorias.
Áreas de Atuação? Inovação, Gestão, Desenvolvimento Técnico de Produtos, Mudança de Cultura
A conexão entre práticas 'maker' e empresa faz sentido
A We Fab acredita na conexão porque ela vai de encontro com uma necessidade global dentro do universo corporativo (e que já é comum em start-ups) de chegar mais rápido, de maneira mais simples e fazendo com que a equipe veja o projeto de forma mais holística e completa. Temos como inspiração espaços como o Usine.IO e Makerversity mas trilhamos um caminho diferente no sentido de customizar os processos para o Brasil. Porém, o objetivo é o mesmo: fazer a ponte com makers, start-ups e empresas que queiram utilizar as práticas do movimento para negócios.