Arab Strap — As Days Get Dark

Após 16 anos, a dupla escocesa retorna aos holofotes e lança seu novo álbum

Larissa Basilio
You! Me! Dancing!
2 min readMar 25, 2021

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As Days Get Dark

Arab Strap

Ouça: “The Turning Of Our Bones”, “Here Comes Comus!” e “Fable Of The Urban Fox”.
Nota: 8.2
Stream

Ao longo do tempo, artistas se valeram da acidez e da ironia como aliados narrativos. Alguns conseguem bons resultados, outros nem tanto. Felizmente, o Arab Strap não decepciona.

O duo estava há mais de 15 anos sem lançar um álbum e, de cara, Aidan Moffat parece entender o momento com a acidez necessária. “The Turning Of Our Bones”, primeira faixa de As Days Get Dark já começa bastante rabugenta e consciente: “Eu não dou a mínima para o passado / Nossos dias de glória se foram”. O verso parece uma espécie de confissão de derrota. E talvez seja. O fato é: o Arab Strap sabe que muita coisa mudou e que o passado ficou para trás.

Em meio a cena alternativa nos anos 90, o duo ganhou destaque ao optar por uma linguagem mais soturna. Ponto para a sonoridade repleta de tristeza e um toque de sordidez.

Aidan usa suas composições para estabelecer pontos onde critica a si próprio e a sociedade atual, mas sem criar uma espécie de pedestal inalcançável. É como se o eu narrativo fosse um observador de tudo e tentasse entender porque certas mudanças acontecem. Melhoramos? No fim, tanto faz.

As Days Get Dark caminha entre uma espécie de dicotomia comédia-drama, caminhando ao lado de um colapso social. Somos todos companheiros em um grande navio que afunda. “Compersion Pt.1” evoca uma nostalgia sonora do início dos anos 00s, enquanto o narrador fala sobre sua única amiga. As guitarras remetem ao Interpol, de certo modo.

“Here Comes Comus!” possui uma batida gritante e dançante, com esta canção o duo poderia tocar em qualquer balada — se não estivéssemos em um caos distópico e em total colapso. Em “Sleeper”, um estranho qualquer desfruta de sua viagem de trem e acompanhamos sua vida, o final é simples: uma sepultura. Estamos morrendo aos poucos, mas o Arab Strap insiste em permanecer vivo. Sorte a nossa.

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