Ariana Grande — Positions

Ariana te convida a trocar suas posições e viver um novo amor em seu sexto e inesperado álbum Positions

Valtair Júnior
You! Me! Dancing!
3 min readNov 13, 2020

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Positions

Ariana Grande

Lançamento: 30/Out/2020
Ouça: “motive”, “off the table” e “pov”
Nota: 7.5
Stream

Sabe aquele ditado “cabeça vazia é oficina do diabo”? Ariana Grande é assumidamente uma das adeptas dessa teoria. A própria comentou várias vezes que adora ficar em estúdio e que poderia ficar trabalhando em novas músicas sempre. Só do meio de 2018 até fim do ano passado foram dois álbuns de inéditos, uma trilha sonora de filme e um disco ao vivo, fruto de sua mega turnê mundial Sweetener, graças a ela e seu gigante time de colaboradores. Ainda esse ano, a própria conseguiu dois hits #1 na Billboard Hot 100 “Stuck Wit U” e “Rain On Me” com Justin Bieber e Lady Gaga, respectivamente, fazendo companhia para “thank u, next” e “7 rings” em sua discografia. Todavia, todo mundo ainda foi pego de surpresa mês passado com o anúncio da chegada do seu sexto álbum de estúdio, Positions (2020).

Não espere o frescor do pop colorido e noventista Sweetener (2018), nem a melancolia de thank u, next (2019), e muito menos os hits prontos do início da carreira (a faixa-título e lead single é a canção mais pop de todo o disco). Positions segue por uma produção mais minimalista dentro do R&B contemporâneo. São arranjos mais simples e com poucas texturas, onde a voz basicamente dá o ritmo das músicas. Além de muitos instrumentos de corda, como vemos enquanto protagonista da faixa de abertura, “shut up”, e que vão ganhando força ao longo do trabalho.

Em um relacionamento e aparentemente muito feliz, Ariana traz esse novo amor para dentro das letras. Desde os momentos mais intensos aos mais românticos. Sua luxúria aflora em faixas como “my hair”, “34+35” (só fazer as contas) (“Você pode ficar acordado a noite toda?/ E transar até o amanhecer?”), e em “nasty” (“Esta noite eu quero ficar indecente”), ela canta com sensualidade. Dentre elas, temos as delicadas “off the table”, parceria com The Weeknd que recorda muito os primeiros trabalhos do cantor, e a última faixa, “pov”, uma carta de amor a seu amado e que encerra o álbum muito bem (“Eu quero confiar em mim/ do mesmo jeito que você confia em mim,/ porque ninguém nunca me amou como você”). Mesmo que ainda trazendo ritmos e subgêneros mainstream, o disco ainda traz algo novo dentro do repertório de Ariana, trazendo um álbum mais contido, porém confiante.

É interessante ver como os três últimos discos de Ariana funcionam como uma trilogia. São claramente os mais pessoais de sua carreira e os que mais pervertem as fórmulas engessadas dos primeiros, mas são as letras que contam a história. Começando no pulsante Sweetener, trazendo a alegria e a cura para os traumas, depois com thank u, next e seus demônios e traumas, e por fim, Positions, trazendo um novo amor e a paz que ele carrega. Ela soube trazer para dentro de sua música aquilo que ela estava passando da forma mais crua e pessoal possíveis. Como Paramore bem cantou em “Idle Worship”, seus ídolos não são super-heróis, mas sim tão humanos e falhos como você. E assim Ariana mostrou que, mesmo após os traumas e perdas recentes, somos capazes de nos reerguer e encontrar a calmaria e a felicidade novamente.

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