as apostas #002

Nossa segunda coluna de apostas traz três artistas britânicos prontos para dominar suas playlists e festivais ao redor do mundo

Angelo Fadini
You! Me! Dancing!
3 min readMar 26, 2020

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Agora é a vez de falarmos do Inhaler, provando que é mais do que a banda do filho do Bono Vox; do Black Country, New Road fazendo música que é ao mesmo tempo simples, inventiva e sarcástica; e do HMLTD, que vem chamando a atenção com sua mistura energética de punk e música eletrônica. Vem com a gente!

Inhaler

[texto escrito por Angelo Fadini]

Descobri o Inhaler em 2019 através de uma manchete que chamava para conhecer a “banda do filho do Bono Vox”. E me surpreendi com o que ouvi. Ouvi uma voz que, realmente, lembra a voz de Bono e uma sonoridade que, realmente, lembra U2. No entanto, o Inhaler vai muito além disso. Muito além mesmo. A banda é uma das melhores surpresas com guitarras em primeiro plano que apareceram nos últimos anos, ao lado do Sea Girls. Eles não tem vergonha nenhuma de soar como uma banda de arena com seus singles grandiosos e muito bem produzidos.

Com uma sonoridade que também lembra o The Killers do Sam’s Town, outra das tantas bandas influenciadas pelo U2, o Inhaler tem assinatura própria e já vem sendo apontado como aposta por publicações como a NME e a lista Sound Of… da BBC ao mesmo tempo que vem ganhando espaço em festivais. Ainda sem um disco cheio, mas com boas faixas, como “We Have To Move On” lançada em janeiro deste ano, o Inhaler tem tudo para concretizar as apostas feitas e provar que é muito mais do que a banda do filho do Bono.

Black Country, New Road

[texto escrito por Victor Silveira]

A melhor sacada dos britânicos do Black Country, New Road é que eles não fazem nada extremamente complexo. São sete músicos, contando com violinista e saxofonista, e todos conversam de forma simples entre si, mas são capazes de criar uma tensão que se dá simplesmente pela excentricidade de pequenas escolhas dos build-ups e de performance.

As variadas seções que viram as canções de cabeça pra baixo, os riffs post-punk que não se levam tão a sério quanto o resto do gênero e a ansiedade à la David Byrne dos vocais justapostos com o sarcasmo referencial das letras resultam em uma personalidade única, que tem muito potencial de render um álbum bem peculiar, mas intrigante na mesma medida. A banda lançou dois singles até o momento.

HMLTD

[texto escrito por Guilherme Vasconcellos]

HMLTD é uma banda de Londres que mistura post-punk, synthwave, música eletrônica, dance-punk e glam punk e é uma das mais interessantes a surgir nessa onda de bandas que parecem combinar a força do punk com música eletrônica e com a energia das pistas de dança (e, às vezes, com um quê estranhamente sexual). Em seu disco de estreia, West Of Eden, a banda expande seus pontos fortes de teatralidade, performance e composições (graves, políticas, dançantes).

Se o EP de estreia da banda mostrava um grupo ainda procurando por identidade, semelhante demais às suas influências e carecendo de elementos marcantes, esse primeiro LP é uma prova de amadurecimento em todos os sentidos possíveis. A banda constrói uma personalidade com muita habilidade num delicado equilíbrio entre os estilos musicais nas suas referências, ora pesando a mão em arranjos eletrônicos, ora passando para baladas acústicas que não escondem a inspiração em Nick Cave e Iggy Pop. Os vocais graves e cavernosos e o baixo austero coroam cada composição.

O disco todo é um leque de experiências que merece ser ouvido do começo ao fim, mas o principal destaque é a tríade “The West Is Dead”, “LOADED” e “Satan, Luella & I”. Chame todo mundo, prepare as performances e coloque o disco para tocar. Ser estranho nunca foi tão bom.

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Angelo Fadini
You! Me! Dancing!

Nascido nos anos 80. Criança nos anos 90. Adolescente nos anos 00. Adulto nos anos 10. Sobrevivendo nos anos 20.