as apostas — vidas negras importam

Em edição especial, celebramos três talentosíssimos artistas negros brasileiros

André Salles
You! Me! Dancing!
3 min readJun 5, 2020

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O You! Me! Dancing! é um site de música, feito por e para fãs de música boa, seja lá qual for a sua definição disso. E a Música, como Arte de forma geral, serve para, além de refletir a sociedade da qual ela veio, também se posicionar sobre coisas que estejam acontecendo ao seu redor. Nesse momento, mais do que nunca, se posicionar é necessário. Somos um site de música, mas feito por pessoas — que se posicionam firme e constantemente como antirracistas e antifascistas. Não basta apenas não ser racista, é necessário lutar ativamente contra o racismo. O mínimo que podemos fazer, como um site sobre Música, é usar nossa pequena exposição e lugar de fala para celebrar, divulgar e enaltecer artistas negros — principalmente os brasileiros.

Pensando nisso, trazemos aqui uma edição extra e especial da nossa coluna de Apostas, falando do trio Gilsons, da capixaba GAVI e do prodígio Giovani Cidreira — três jovens artistas cuja ótima música se mostra cada vez mais essencial!

GAVI

[texto escrito por Jullie Piva]

Com a proposta de criar um R&B mais abrasileirado, transitando propositalmente o caminho da autenticidade, a cantora e compositora capixaba GAVI se entregou oficialmente ao universo musical em 2017, com o EP A Conta-Gotas. As três faixas, que incluem “Meu Bem” e seu videoclipe com dança contemporânea, foram apenas o início de uma carreira para a cantora, que hoje já tem mais singles e mais um EP lançado — Rebarba, de 2019.

Nova música lançada em 2020, “Água E Sal” é sobre a saudade do mar e também uma pequena amostra do que ainda está por vir para compor a gama de obras da artista, que, também neste ano, relançou sua música “Porta-Retratos” em uma nova versão, chamada pela mesma de “Summer Edit”, com os rappers Magro e 6ok. Sem perder o fôlego, GAVI continua mostrando muito foco na versatilidade da black music.

Gilsons

[texto escrito por Angelo Fadini]

José é filho de Gilberto Gil. Francisco e João são netos. Juntos formaram Gilsons, uma das excelentes surpresas de 2019. Apesar da ligação direta com um dos maiores da história da nossa música, sobra talento suficiente para andar com as próprias pernas. A música criada pelo trio é riquíssima. As características mais fortes são o violão herdeiro direto da MPB, bossa nova e samba cariocas, os metais e as harmonias vocais.

Há um apelo radiofônico muito forte no EP Várias Queixas que eles lançaram no final do ano passado. Apesar desse apelo, a música está muito longe de ser simples: há um grande apreço pelos detalhes e muito esmero na produção, ao mesmo tempo que é bastante acessível. Para quem curte os clássicos da música brasileira, Gilsons é uma boa pedida. Eles provam que sabem muito bem filtrar suas heranças e trilhar o próprio caminho.

Giovani Cidreira

[texto escrito por Jullie Piva]

Se, com apenas 14 anos, o soteropolitano Giovani Cidreira já mostrava um talento notório com a banda Velotroz, imagina o que faria com mais dez anos de experiência em sua carreira solo? Desde 2015, o cantor, arranjador e multi-instrumentista tem colocado seus projetos autorais a público, tão valorizado pela crítica e público a ponto de levá-lo a abrir o show do saxofonista norte-americano Kamasi Washington em São Paulo, em 2019.

Os elementos na música de Giovani têm muito do indie e R&B, incluindo Frank Ocean, mas sua principal referência é o Clube da Esquina e Milton Nascimento, muito presente em toda sua obra. Se você gosta de músicas de amor, inundado de poesia e metáforas, um canto alocado no clube da esquina, e experimentações sonoras raras na música brasileira, você precisa imediatamente ouvir Giovani Cidreira.

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