Band of Horses — Things Are Great

Deixando para trás sofrimento do início de carreira, banda busca um som ensolarado que peca pela falta de sensibilidade

Emannuel K.
You! Me! Dancing!
2 min readJun 23, 2022

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Things Are Great

Band of Horses

Ouça: “Tragedy Of The Commons” e “Coalinga”
Nota: 3.0
Stream

Quando Band of Horses surgiu das cinzas da banda Carissa’s Wierd, a banda podia não ocupar um lugar único na música, mas certamente estava em um espaço que unia tendencias que pareciam muito distintas da música contemporânea da época. De um lado, a estética da banda e sua sonoridade estavam diretamente em diálogo com o revival do folk, com uma atmosfera campestre que permeava suas composições; por outro, a teatralidade e a sensibilidade extremada eram reflexos do emo. Muitas letras do início da carreira do grupo poderiam ser transpostas sem muita dificuldade para um pop punk, com arranjos e vocais distintos. O sofrimento estava lá.

Muito mudou de lá para cá. O folk voltou a ser um nicho do nicho e o emo, tal qual os vampiros, já ressurgiu algumas vezes. Com o transcorrer desse tempo, Band of Horses foi se afastando de suas raízes. Não tinha como ser diferente. Mas, considerando sua história, não deixa de ser irônico que que o sexto disco de estúdio do grupo seja intitulado Things Are Great. A vibe agora é muito mais positiva e ensolarada. Chega a ser difícil reconhecer os antigos atrativos. Quem espera algo na mesma linha dos primeiros discos do grupo certamente ficará decepcionado de encontrar algo que lembra mais um Coldplay em muitos momentos. Ok, o ponto positivo é que é um Coldplay dos seus primeiros álbuns, mas, ainda assim, algo muito distante do esperado para Band of Horses.

Seria exagerado esperar que, hoje, a banda conseguisse criar um “No One’s Gonna Love You”, mas a sensibilidade faz falta. Parece tudo muito pasteurizado. Em grande parte por uma vontade de colocar a voz no centro das canções. As instrumentações soam genéricas, ao mesmo tempo que as letras não valorizam o canto. Os falsetes e melismas estão presentes, mas não existe um conteúdo emocional para lhes dar impacto, vira um simples exibicionismo. E não dos mais impressionantes.

No conjunto da obra, Things Are Great é um álbum bastante esquecível, quase no nível de música de sala de espera. São poucos os pontos que se sobressaem, e certamente não justificariam um álbum.

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Emannuel K.
You! Me! Dancing!

Escrevo ficção e adoro falar sobre arte, filosofia, vinho, história, cinema e, especialmente, literatura e música. Pseudo-intelectual, arrogante e metafórico.