BLACKPINK — THE ALBUM

Depois de quatro anos, a girl group de K-pop finalmente faz sua estreia com THE ALBUM

Valtair Júnior
You! Me! Dancing!
4 min readOct 15, 2020

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THE ALBUM

BLACKPINK

Lançamento: 02/Out/2020
Ouça:
“How You Like That”, “Pretty Savage” e “Lovesick Girls”.
Nota:
6.5
Stream

A vitória do longa-metragem Parasita (2019), na categoria de Melhor Filme no Oscar desse ano, fez boa parte do Ocidente abrir os olhos para o mercado de entretenimento sul-coreano, hoje um dos mais importantes do planeta. A onda coreana, como é chamado o movimento de popularização dessa cultura, com um início tímido, cresce exponencialmente a cada ano, onde podemos destacar o tão falado gênero musical hoje conhecido como K-pop.

Muitos marcam o começo do K-pop no single de estreia da boyband Seo Taiji and Boys, “I Know (Nan Arayo)”, lead single de seu debute Seo Taiji and Boys I (1992) (inclusive recomendo, muito bom!). Desde a primeira apresentação ao vivo, tanto a canção como o álbum foram vistos como controversos pelo público. Os artistas ousaram dentro da música coreana ao trazer vários elementos de pop, rock, hip-hop e R&B, principalmente, para dentro das músicas. Outro detalhe foram as apresentações ao vivo. As roupas marcantes e coreografias derivadas da cultura hip-hop ocidental dos anos 90 foram vistas quase como um crime. A banda virou um sucesso com o passar do tempo, se tornando um marco dentro da música coreana suficiente para remodelar todo um mercado musical, contando inclusive com investimentos do governo da Coreia do Sul.

Após quase 30 anos de história, o K-pop virou um fenômeno mundial, com fãs devotos, quebrando vários recordes e varrendo premiações no Ocidente. Super Junior, f(x), BIGBANG, 2NE1, Kara, Girls’ Generation, e, claro, Psy com seu hit mundial “Gangnam Style”, o primeiro vídeo do YouTube a bater 1 bilhão de visualizações, são alguns destaques desse século dentro do gênero. Hoje, nomes como BTS, Twice, GOT7, Mamamoo, Stray Kids, Red Velvet, entre muitos outros, se encontram entre os nomes principais do mercado, além, obviamente, das garotas do BLACKPINK!

O grupo formado por Jennie, Jisoo, Lisa e Rose, integrantes da YG Entertainmet, estreou no final de 2016 com o EP Square One, um single duplo contendo as faixas “Whistle” e “Boombayah”, que foram hits logo na estreia. A partir daí, o sucesso só cresceu, com a girl group emplacando os também hits “As If It’s Your Last”, “DDU-DU DDU-DU” e “Kill This Love”. Em apenas quatro anos de carreira, o grupo recebeu dezenas de prêmios, quebrou recordes de visualizações no YouTube e de charts, emplacou várias faixas na Billboard Hot 100, com feitos inéditos dentro do gênero, e foi uma das atrações do Coachella em 2019, um dos mais importantes festivais do planeta. Entretanto, sua discografia não contava com um álbum completo de inéditas, uma das maiores críticas dos fãs à empresa que as gerencia. Mas YG ouviu nossas reclamações e o tão esperado debute, THE ALBUM (2020), finalmente saiu. Contando com a produção de nomes importantes do pop atual, como Ryan Tedder (Adele, Beyoncé, Taylor Swift) e Tommy Brown (Ariana Grande, Travis Scott, Monsta X), a divulgação iniciou com o lead single “How You Like That” e a faixa promocional “Ice Cream”, parceria com Selena Gomez, em “quantas analogias com sorvete são possíveis em três minutos”, o disco foi lançado junto com o clipe para a title track “Lovesick Girls”, que contou com a colaboração de Jennie e Jisso na composição.

THE ALBUM é claramente um álbum do BLACKPINK: o girl crush, o eletropop dançante embalado pelas letras românticas, a balada “You Never Know” encerrando o disco… Porém, o trabalho soa como um constante resgate ao próprio BLACKPINK, reciclando as mesmas fórmulas que deram certo no passado. “How You Like That” é claramente a trigêmea que faltava para “Kill This Love” e “DDU-DU DDU-DU”. “Lovesick Girls” tem o mesmo saudosismo do pop do início dos anos 2010 que “Boombayah”. Já “Crazy Over You” e “Pretty Savage” trazem melodias e arranjos que lembram muito “Whistle”, e por aí vai. Não que isso seja ruim; as faixas são dançantes e os refrões são bem “chiclete”, como um bom e tradicional trabalho de K-pop deve ser. Mas falta aquela sensação de novidade, algo que talvez um álbum com mais faixas poderia trazer (são oito faixas e pouco menos de 25 minutos de duração).

BLACKPINK traz um apelo comercial muito grande em seu debute, o que cumpre bem o seu papel, pois chega com muitas expectativas de expandir ainda mais seu público internacional e aumentar o número de “blinks”. É um álbum divertido, e mostram as meninas mais maduras nos vocais e nas performances. Espero que esse disco eleve ainda mais o status mundial que vêm trabalhando bastante para alcançar, e que no futuro venha um trabalho mais robusto e inovador.

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