Caroline Rose — Superstar

Em seu quarto álbum de estúdio, Caroline Rose continua caminho de LONER, mas perde-se em suas próprias referências

Henrique Amorim
You! Me! Dancing!
3 min readMar 16, 2020

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Superstar

Caroline Rose

Lançamento: 06/Mar/2020
Ouça: “Got To Go My Own Way”, “Do You Think We’ll Last Forever?” e “Feel The Way I Want”
Nota: 4.7
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A Caroline Rose arrebatou todas as minhas atenções em 2018 quando lançou seu terceiro álbum de estúdio (LONER), com ares de estreia. O disco marcou o retorno da moça, mas uma guinada para ritmos bastante diferentes e um recomeço em sua carreira que, até então, era tímida e marcada por influências do country, do rockabilly e da música tipificada dos EUA. Caroline mostrou referências pinceladas de synthpop e post-punk ao mesmo tempo que não deixou de inserir alguns elementos do seu passado, mostrando um disco interessantíssimo.

Superstar, nessa linha, tenta trilhar as mesmas noções e utilizar as mesmas práticas, reforçando ainda mais os elementos de um pop, mas que aqui soa deveras estranho mesmo na primeira parte, que a própria Rose declara ser a narrativa mais feliz. E nessa narrativa Rose assume que Superstar é um disco atípico, preso em referências à fama, à ansiedade e ao medo de cair desse cavalo de rápida ascensão.

E, assim, não mais do que talvez, Superstar seja uma referência direta ao enfadonho Electra Heart da Marina & The Diamonds (fun fact: está numa linha sucessória semelhante, já que Superstar é o álbum pós-estrelato da Rose, assim como o Electra Heart também o é para a Marina), aonde há um alter ego tomando conta, fazendo de tudo uma grande piada. E, assim como o Electra Heart, Superstar também parece ser uma piada de mau gosto aonde a artista está bem perdida em sua persona.

Apesar de se mostrar divagante em boa parte do conteúdo desse álbum, Rose consegue se encontrar muito bem em algumas partes de faixas-chave, mostrando picos de lucidez dentro da sua criação. Confirmando a teoria de que Rose se perde em suas referências, faixas que tinham um potencial gigante, acabam ficando estranhas em durações tão grandiloquentes — como o caso de “Do You Think We’ll Last Forever?” com seus minutos finais grotescos e trabalhados dentro da força bruta da ansiedade.

Se em 2018, logo no começo, já consegui perceber que Caroline Rose ia parar na minha lista de melhores do ano aqui, em 2020, mais ou menos na mesma época, consigo perceber que Rose mirou no mesmo local, mas acaba ficando bem para trás com um álbum que se perde em seus antigos lugares seguros e entrega promessas não tão bem cumpridas assim, perdendo-se muito fácil em um apanhado de referências que não funcionam como deveriam funcionar.

O título, então, soa até irônico, já que Superstar, como está colocado na discografia, quiça afasta Rose de seus objetivos começados em LONER. Uma pena. Ainda bem que Caroline é uma bela contadora e letrista, já que Superstar consegue contar uma história linda dos anseios que circulam o estrelato — do caos ao luxo da fama e de volta — , mas que não parece ter vindo na hora certa para alguém que estava apenas recomeçando sua carreira mirando em outras frentes. Caroline arriscou com um disco quase conceitual, só esperamos que a narrativa de Superstar não se reflita em sua carreira per se.

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