Christine and The Queens — La Vita Nuova (EP)
Christine and The Queens discorre sobre as facetas das desilusões amorosas e o amor medieval em seu EP surpresa, La Vita Nuova
La Vita Nuova
Christine and The Queens
Lançamento:
Ouça: “People, I’ve been sad”, “Nada” e “La Vita Nuova”.
Nota: 8.8
Stream
Após quase dois anos desde seu último álbum, o sucesso de críticas Chris (2018), e algumas colaborações com outros artistas, como o dueto “Gone” com Charli XCX, Héloïse Létissier, cantora por trás de Christine and The Queens, retorna ao mercado com seu novo EP La Vita Nuova. Precedido pelo single “People, I’ve been sad” e acompanhado de um curta de pouco mais que 13 minutos, o disco foi lançado de surpresa no dia 27 de fevereiro.
O título é baseado no livro de Dante Alighieri (1265–1321) “La Vita Nuova”, que narra o amor platônico do autor italiano por Beatrice Portinari, sua amada. A obra é baseada no amor cortês, tema muito explorado em algumas obras medievais de romance e também por Christine and The Queens ao longo do disco, como na faixa “Nada”. Musicalmente, o registro casa o R&B oitentista, tão explícito em seu antecessor, com uma base de conceitos dentro do pop eletrônico vistos em outros trabalhos recentes, como Robyn e Caroline Polachek (que participa na faixa-título). Os vocais são quase declamados, como num poema, cantando uma sílaba por vez e abusando das vocalizações, estilo bem característico da artista. O mais interessante da obra, talvez, é o fato de Héloïse usar quatro línguas (francês, espanhol, inglês e italiano) nas composições, tão marcadas pela dor e sentimentos intensos dentro do tema. Apesar da abordagem poliglota, as letras ainda se mantêm coesas.
O registro é uma continuação da mesma base de ideias anteriores, mas ainda soa fresco e bem acessível, vide a dançante “La Vita Nuova”, mostrando o crescimento de Héloïse a cada novo trabalho. A artista francesa entrega um projeto completo, casando o visual do curta homônimo, que expressam bem as emoções das letras, com as canções e dando uma experiência completa ao ouvinte, o que, em minha opinião, deixa o disco ainda mais marcante.
