Cloud Nothings — The Shadow I Remember
Meia hora de pura energia e rock triste
Apesar de não ser uma ouvinte assídua, eu fiquei empolgada em resenhar The Shadow I Remember, o novo disco do Cloud Nothings. E logo em “Oslo”, canção que abre o álbum, eu já senti várias coisas que esperava da banda de Cleveland. Vários elementos que eu lembrava estão ali e a música cresce em diferentes camadas até explodir na conclusão/outro.
Mesmo quando a mensagem pretendida era completamente diferente daquela que a gente recebe como ouvinte, é muito fácil se identificar com as letras do cantor-compositor e guitarrista Dylan Baldi. E como alguém prestes a fazer 27 anos, o refrão de “Oslo” ficou ecoando aqui: ‘Am I older now or am I just another age?’
O sétimo álbum da banda — e o segundo produzido em quarentena — reflete a experiência de mais de uma década fazendo rock triste. Seria muito fácil perder a mão e construir um disco cansativo. Porém, a banda acerta nas doses de peso, experimentação e gritos. Temos até mesmo um momento de respiro em “Nara”, que segundo Baldi é possivelmente a música mais “quieta” da banda.
Em um dos singles, “Nothing Without You”, a banda traz Macie Stewart (do duo OHMME) para cantar o refrão trazendo agudos que o vocalista não alcançaria e eu acho que combina perfeitamente com a canção, que é um hit sem tirar nem pôr. Mesmo nas canções com letras repetitivas, a banda consegue sair por cima, entregando um desfecho inesperado e potente, que me faz sentir que nada acontece por acaso ou acidente. Sinal da experiência.
A dobradinha “It’s Love” e “A Longer Moon” é mais experimental e psicodélica, com um sintetizadores do convidado Brett Naucke na segunda. O instrumental que está sempre forte no disco aqui transborda e o jeito que encaixa em “The Room It Was” é gostoso demais, evocando os sentimentos lá de “Oslo” e fechando o álbum do jeito mais certo possível.
Eu gostei demais de The Shadow I Remember. É um álbum cheio de energia. Com alguns tropeços, sim, mas no todo nos entrega uma bela experiência auditiva. E agora tenho que voltar e ouvir todo o resto da discografia do Cloud Nothings com atenção.