Cut Copy — Freeze, Melt

Freeze, Melt copia e cola aquilo que o Cut Copy sempre fez muito bem

Quel Batista
You! Me! Dancing!
2 min readSep 4, 2020

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Freeze, Melt

Cut Copy

Lançamento: 21/Ago/2020
Ouça: “Love Is All We Share”, “A Perfect Day” e “Rain”
Nota: 8.5
Stream

O ano é 2012, você ainda ouve muito Two Door Cinema Club, está viciado no lançamento mais recente do The Temper Trap e se prepara para ir ao seu primeiro Lollapalooza e encarar toda lama do Jockey Club. É pra essa gostosa viagem no tempo que o mais recente disco do quarteto australiano Cut Copy nos transporta.

É verdade que a quarentena e o isolamento nos deixaram com um pouco de saudade de tudo, mas se você viveu momentos como estes no início da década passada, esse disco será um milkshake gelado sabor pura nostalgia pra você.

Diferentemente de muitas bandas do cenário indie rock/synthpop que envelheceram mal — seja por fugirem da sua proposta inicial ou por não conseguirem criar trabalhos consistentes ao longo dos anos — Cut Copy parece ter sido bem sucedido entre seus pares que também nasceram no início dos anos 2000.

Freeze, Melt nos lembra de quando fomos jovens — porque embora não pareça — quem nasceu no início dos anos 2000 já pode dirigir e frequentar os mesmos lugares que você. Cut Copy conseguiu conservar, como em formol, a juventude cristalizada dos amantes de indie que hoje estão nos 20 e tantos ou 30 e poucos.

I was waking up
Covered in dust
What a perfect day
To be alive

A nostalgia é uma faca de dois gumes, mas neste último lançamento, o grupo acertou na veia da coisa. Se com Stranger Things e Super 8 sentimos saudades daquilo que não vivemos — ou que éramos pequenos demais pra lembrar — com este disco, realmente nos transportamos para as nossas próprias memórias, frescas e com riqueza de detalhes, como na faixa “Running In The Grass”.

Sonoramente, vamos por caminhos já conhecidos e explorados, sintetizadores à vontade, bateria eletrônica, efeitos vocais, acordes saídos da trilha sonora da nossa adolescência. A experiência é contemplativa e beira o visual, se fechar os olhos, é possível enxergar nossa velha ingenuidade em pensar que a vida seria épica, ou não seria.

Como é bom lembrar de tempos em que tínhamos mais sonhos e mais fé na vida e talvez Freeze, Melt seja sobre isso, sobre amar em tempos sombrios, sobre resgatar aquela coragem de outros tempos, com o sol na cara e a lama derretendo nos pés.

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Quel Batista
You! Me! Dancing!

Escritora, produtora cultural, publicitária e podcaster.