Greta Van Fleet — The Battle At Garden’s Gate

Apesar de não faltar talento, não foi dessa vez que a banda conseguiu atender as expectativas

Angelo Fadini
You! Me! Dancing!
3 min readApr 28, 2021

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The Battle At Garden’s Gate

Greta Van Fleet

Ouça: “Built By Nations” e “Heat Above”
Nota: 5.6
Stream

Quando Greta Van Fleet despontou para o grande público, muitas teorias e comparações surgiram. Por motivos que ficam óbvios ao ouvir qualquer canção da banda, muito se comparou os novatos de Michigan com o lendário Led Zeppelin. Foram levantadas também questões relativas à originalidade e discutiu-se ainda se a atenção que público e crítica deram à banda era devida mais ao investimento da gravadora do que à música criada pelos rapazes. Enfim, após a superexposição que tiveram, parecia muito mais fácil criticá-los e apontar defeitos em sua música do que admitir que o disco de estreia Anthem Of The Peaceful Army era um bom disco de rock.

Neste ano, os rapazes retornaram com seu segundo disco cheio, The Battle At Garden’s Gate. Desta vez, eles têm em mãos um trabalho menos inspirado e que peca pelos excessos. O disco é longo demais, por vezes até cansativo. É perceptível o esforço que eles fizeram para fazer desse segundo álbum um grande passo, ao mesmo tempo que tentaram, tanto quanto possível, se distanciar do que os outros falaram deles. No entanto, no fim das contas acabaram se perdendo em números longos e que, apesar do instrumental sempre rico e diverso, não empolga e nem se sustenta na audição do disco como um todo.

Não faltam exemplos de músicas longas que parecem não chegar a lugar nenhum. “Age Of Machine” é um exemplo disso e que, por ter sido escolhida como single, falhou em criar expectativa e antecipação para o lançamento do disco. Em outros momentos, a banda tenta criar baladas de tom épico, mas que acabam ficando arrastadas e esse é o maior pecado que uma balada pode ter. Esse tipo de canção deve emocionar quem a ouve, nunca entediar ou fazer o ouvinte se perguntar por que essa música entrou no disco.

Vale destacar que, tecnicamente, The Battle At Garden’s Gate é muito bem feito. Apesar da pouca idade, todos os integrantes da banda são muito habilidosos e dominam seus instrumentos. Neste quesito, o destaque é a bateria que sempre está diferente de uma faixa para outra. Sempre há uma mudança de andamento, uma virada inesperada, ou até esperada, mas sempre impecavelmente executada.

Com este novo disco, é interessante notar como a banda parece estar mais desorientada do que amadurecida. O EP Black Smoke Rising, estreia da banda, mostrou todo o potencial do Greta Van Fleet que culminou com o lançamento do primeiro disco e que não se realizou por completo dessa vez. Os rapazes parecem estar presos entre o que não querem ser e o que as pessoas pensam que eles são, o que só faz para dificultar ainda mais a conexão com seu público.

Pode-se considerar que The Battle At Garden’s Gate é um passo atrás em relação ao debut, que foi um disco muito melhor do que as pessoas disseram ser na época. Falou-se tanto na comparação com Led Zeppellin lá atrás, que esqueceu- se que Anthem Of The Peaceful Army era um bom disco de rock. Mas desta vez, os rapazes parecem ter se perdido no caminho e fizeram um disco “by the numbers”. Greta Van Fleet, por enquanto, é uma banda com membros cheios de talento mas que estão perdidos procurando a própria voz. Um dos problemas é que eles podem estar procurando a voz em ambientes onde todos parecem estar gritando mais alto do que eles e, assim, não conseguem ouvir nada além de ordens e ecos. É notável que a naturalidade de Black Smoke Rising faz muita falta.

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Angelo Fadini
You! Me! Dancing!

Nascido nos anos 80. Criança nos anos 90. Adolescente nos anos 00. Adulto nos anos 10. Sobrevivendo nos anos 20.