Hazel English — Wake UP!
Cantora lança seu álbum de estreia, mas ainda não há uma identidade
Wake UP!
Hazel English
Lançamento: 24/Abr/2020
Ouça: “Wake UP!”, “Combat”, “Five And Dime” e “Milk And Honey”
Nota: 6.5
Stream
Hazel English desponta no cenário estadunidense como uma espécie de fusão entre o dream pop e o psychedelic pop. Quando Wake UP! começou a tocar, automaticamente me senti transportada em uma estrada em um dia de sol. Pude até sentir a brisa — ou isso foi um espécie de delírio provocado pela quarentena. Fato é: Hazel absorveu elementos que consagraram algumas bandas nos últimos anos: a leveza alucinógena do Tame Impala, a neblina abstrata do Beach House, a guitarra melódica da Clairo.
A cantora consegue colocar em seu primeiro álbum uma espécie de aura good vibes que, dependendo do dia, me faria mudar de artista na hora. O vocal meio sussurrado e solar parece dificultar, na primeira audição, que cada canção seja única. Demora um pouco até Wake UP! soar transparente e não um devaneio genérico como em um feriado prolongado na praia de Santos.
O álbum soa polido, bem mais afinado em relação aos EPs anteriores da cantora, mas algumas decisões parecem mal colocadas: a faixa de abertura, “Born Like”, não é cativante — não há uma marca. Wake UP! definitivamente não é ruim, mas é um álbum medroso. Em faixas como “Shaking”, “Combat” e “Five And Dime”, Hazel mostra os pontos álbuns de seu trabalho. As canções são bem resolvidas, “Five And Dime” é uma deliciosa balada onde toda a atmosfera criada faz, de fato, sentido — não é um mero adereço estético para se enquadrar em um gênero.
Leva um tempo até o álbum engrenar. Não é de primeira, mas, quando acontece, é divertido e encantador. Mas ainda é difícil dizer o que torna Hazel diferente de outros artistas, falta saber qual é o elemento surpresa da cantora. Em um próximo trabalho, mais arriscado, Hazel poderá mostrar o que a define. Definitivamente não é um álbum ruim, mas falta pessoalidade.