Jack Garratt — Love, Death & Dancing

Jack Garratt põe toda sua angústia em Love, Death & Dancing para nos fazer dançar. E faz isso muito bem

Angelo Fadini
You! Me! Dancing!
3 min readJun 26, 2020

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Love, Death & Dancing

Jack Garratt

Lançamento: 12/Jun/2020
Ouça: “Mara”, “Better”, “Time” e “Doctor Please”
Nota: 7.3
Stream

Como muitos discos lançados nos últimos anos e, até principalmente nos últimos meses, Love, Death & Dancing reflete muito bem os sentimentos dos jovens adultos desta virada de década. Depressão, auto-sabotagem, baixa perspectiva, remédios controlados e o anseio de que tudo dê certo, mesmo sem saber muito bem como, fazem parte dos temas principais de Jack Garratt em seu segundo disco. Visivelmente acompanhado da síndrome do impostor, o cantor e compositor faz deste trabalho o retrato do seu coração aberto, sem medo de ser julgado, por mais difícil que isso possa ser para quem se sente como ele se sente.

Essa não é uma abordagem nova para nossa geração. É possível citar dezenas (sim, dezenas) de artistas que lançaram canções com essa temática somente no último ano. Apesar disso dizer mais sobre o estado das coisas do que sobre nós mesmos, Jack é muito honesto e tem bastante talento para fazer, como o nome do disco pode sugerir, músicas para dançar com letras para chorar. Já que esta é uma abordagem que vem se repetindo, não é tão fácil se destacar na multidão, mas Jack Garratt consegue. Love, Death & Dancing realmente recompensa sua audição.

Garratt segue a cartilha própria de fazer um pop pouco convencional em Love, Death & Dancing. Ainda mais eletrônico do que em seu disco de estreia, o também bom Phase, de 2016, o rapaz pesa mão na guitarra, adiciona metais, samples, teclados, uma bateria estourada, sintetizadores e tudo o que mais puder em suas novas músicas. Algumas faixas chegam bem perto de cansar os ouvidos com o excesso de sons diferentes condensados dentro de cada segundo. Quase faz falta o tom mais reflexivo das faixas que estavam em seu disco de estreia, mas não é esse o caso.

Com Love, Death & Dancing, Jack Garratt segue seu caminho sendo um dos artistas mais interessantes que apareceram nos últimos cinco anos para o grande público. Assim como em sua estreia, há singles muito bons nessa nova empreitada (vide “Mara”, “Better” e “Time”), o que prova que ele não é artista de um truque só. O alto patamar que ele mesmo projetou torna sua jornada mais difícil, além de justificar ainda mais sua síndrome do impostor, ao mesmo tempo que serve para confirmar que ele continuará lançando bons trabalhos. Garratt os continuará lançando e nós continuaremos dançando com eles e, quem sabe, até chorando um pouco menos.

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Angelo Fadini
You! Me! Dancing!

Nascido nos anos 80. Criança nos anos 90. Adolescente nos anos 00. Adulto nos anos 10. Sobrevivendo nos anos 20.