James Vincent McMorrow — Grapefruit Season

Ao abandonar o folk para fazer ‘cover’ de artistas pop, cantor deixa de lado todas as suas qualidades

Emannuel K.
You! Me! Dancing!
2 min readSep 29, 2021

--

Grapefruit Season

James Vincent McMorrow

Ouça: “Planes In The Sky” e “Waiting”
Nota: 2.0
Stream

O que leva um artista que há cerca de 10 anos era considerado uma voz interessante dentro do folk, com um caminho que poderia, senão torná-lo popular, ao menos dar espaço para uma voz própria, desistir disso e passar a fazer músicas pop genéricas? A pergunta é difícil de responder, mas é o tipo de coisa que parece ter se tornado cada vez mais frequente com artistas de diversos ramos do indie que estão na estrada há alguns anos e parecem achar que se forçarem a caber em uma estética atual seja mais importante do que manter uma fidelidade a suas origens.

Ainda assim, a maior parte dos artistas que tenta se enquadrar na sonoridade das listas populares do Spotify tem mais sucesso nesse processo do que teve James Vincent McMorrow. Chega a dar vergonha alheia escutar alguém que já fez poderosas canções intimistas tentar se reinventar como uma espécie de ato tributo a Taylor Swift. Faixas como “Tru Love” parecem querer imitar a estrela pop ao pé da letra, mas com a diferença de que Swift é brilhante no que faz. Não faltam tentativas de vocais à la Billie Eilish e até mesmo uma referência direta a Kanye West.

A ilusão já começa com o título. Grapefruit Season não tem nada de rural, nem de sazonal, e certamente não condiz com a ideia de fisicalidade associada à fruta. Parece ter sido um dos poucos resquícios de poesia que sobrou a McMorrow. São poucos os momentos nos quais as letras se destacam. “Planes In The Sky” poderia entrar nessa lista, não fosse o fato de incluir quebras inexplicáveis na tentativa de criar um hit com cara de R&B. Mas acabam sendo as faixas nas quais o violão permite um vocal limpo que marcam os verdadeiros pontos altos do disco. Que, no entanto, nem são tão altos assim.

--

--

Emannuel K.
You! Me! Dancing!

Escrevo ficção e adoro falar sobre arte, filosofia, vinho, história, cinema e, especialmente, literatura e música. Pseudo-intelectual, arrogante e metafórico.