Joji — Nectar

Cheio de hits, o segundo disco de Joji é um trabalho coeso que apresenta várias das facetas do cantor-compositor

Jennifer Baptista
You! Me! Dancing!
3 min readOct 7, 2020

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Nectar

Joji

Lançamento: 25/Set/2020
Ouça: “Run”, “Gimme Love” e “Tick Tock”
Nota: 9.0
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Não deveria ser tão difícil assim escrever uma resenha sobre o teu artista mais ouvido no último ano (segundo o Last.fm), mas cá estou eu, procurando palavras para essa resenha. Pois vamos do começo: Nectar é o segundo disco de estúdio do Joji lançado pela 88rising, que dá seguimento ao sucesso de In Tongues (EP, 2017) e BALLADS 1 (2018).

Desde que foi anunciado em abril, eu estava criando altas expectativas para esse lançamento. Eu me apaixonei pelo George Miller em meados de 2017, embalado pela tristeza de “Will He” e seu primeiro EP, mas no último ano ele realmente passou a ser uma constante na minha vida. Eu perdi as contas de quantas vezes ouvi os singles que precederam Nectar — muitas dessas vezes no repeat — e foi uma grande alegria vê-las no álbum.

Então, não preciso dizer que ouvi Nectar de uma forma um tanto imparcial — seja pelo fato de ser fã de Joji ou por já ter canções favoritas “pré-eleitas”. E, justamente por isso, um dos grandes momentos do disco para mim é a sequência “Gimme Love”, “Run” e “Sanctuary”.

Porém, desde a primeira faixa o talento de Joji já brilha. Nectar tem faixa pra dedéu, falando nisso: ao todo, são 18 músicas e 53 minutos de lo-fi hip hop, com pitadas eletrônicas, umas guitarras vez que outra, e o tal do trip hop, que eu descobri há pouco, mas que encaixa muito bem no estilo do cantor e compositor nipo-australiano.

Das músicas novas, gostei muito de “Tick Tock”, que é bem hip hop; “Reanimator”, com Yves Tumor, numa vibe psicodélica; e “777” e “Your Man”, com pegadas mais eletrônicas. Inclusive, essa última encerra o álbum em uma nota muito boa. E, dentre as várias participações (até o Diplo está no meio), vale destacar também “Afterthought”, com a jovem neozelandesa BENEE, que é uma das mais bonitas de Nectar.

Seja nas letras, ora tristes e românticas, ora debochadas; ou nos vocais, Joji mostra que cresceu bastante como artista nos últimos anos. Desde pequeno, ele sempre gostou de hip hop e fez suas rimas e beats. Na época do Youtube, onde viveu os infames Filthy Frank e Pink Guy, Joji continuou compondo, mas destruiu a sua voz nas atuações. Agora, em Nectar, a gente consegue ouvir um vozeirão recuperado e mais apaixonante do que nunca.

Nectar é um álbum bastante coeso. Mesmo apresentando diferentes facetas de Joji e explorando diferentes elementos e ritmos, tudo faz sentido no final. As transições são muito boas e as escolhas estéticas também. Dá para sentir que o Joji deu um passo além.

Não sei se dá para dizer que este é um álbum perfeito, mas eu garanto que ele fica melhor a cada nova ouvida. E se tu quiser um pouquinho mais de Joji, assista aos videoclipes, é uma boa viagem pela mente desse nosso geniozinho contemporâneo.

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