Josef Salvat — modern anxiety

O australiano retorna com uma pílula capaz de suavizar suas frustrações e o caos em que vivemos

modern anxiety

Josef Salvat

Lançamento: 15/Mai/2020
Ouça: “melt”, “paper moons” e “alone”
Nota: 9.0
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Em 2015, Josef Salvat entregou um álbum arrebatador e com a segurança de quem parecia já ter uma carreira duradoura. A única dúvida era se o australiano conseguiria manter o nível do subestimado Night Swim no próximo lançamento. Apesar de cinco anos entre um trabalho e outro, é possível perceber que o cantor e compositor manteve a mesma essência em modern anxiety, usando os traumas e aprendizados adquiridos nesse tempo para enriquecer ainda mais sua arte.

A cacofonia dos segundos iniciais do novo álbum logo dá lugar à suavidade proporcionada pela voz de veludo do artista e pelos sons cativantes impulsionados por pianos, sintetizadores e outros elementos que garantem uma harmonia incrível. A inquietude que dá o tom é uma constante, especialmente nas letras, ao mesmo tempo cortantes e cheias de afeto.

A sonoridade de modern anxiety tem batidas irresistíveis, remetendo ao pop de outros cantores LGBT+ atuais, como Troye Sivan e Sam Smith. O que faz Josef Salvat se destacar é a forma refinada com que ele expõe suas vulnerabilidades, abordando desde a dificuldade de conexão com quem se ama até a efemeridade da juventude e as frustrações geradas por relações co-dependentes e com pessoas que não conseguem sair de uma espiral de autodestruição.

Ainda que a temática seja focada na ansiedade inerente à época em que vivemos, o álbum opta por não refletir essa sensação. Pelo contrário, o que sentimos é o oposto, desde as batidas mais dançantes e sensuais até as mais melancólicas. Dessa forma, modern anxiety acaba funcionando justamente como um remédio relaxante para aquilo que Josef Salvat sentiu ao criar sua obra.