Kehlani — It Was Good Until It Wasn’t

Kehlani entrega “mais do mesmo” e um pouco mais em seu segundo disco

Quel Batista
You! Me! Dancing!
3 min readMay 19, 2020

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It Was Good Until It Wasn’t

Kehlani

Lançamento: 08/Mai/2020
Ouça: “Bad News” e “Hate The Club”
Nota: 8.5
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Há quem diga que um disco bem-sucedido precise ser uma reinvenção do artista ao longo do tempo, mas Kehlani prova que consistência também vende e é extremamente importante para sua identidade. It Was Good Until It Wasn’t entrega o mesmo nível de excelência de SweetSexySavage com uma maturidade musical evidente.

O disco já dava sinais de sua qualidade com o lançamento de “Everybody Business”, um dos singles que prepararam o terreno para o que encontraríamos a seguir. Procuro fugir das comparações, mas em uma primeira audição o segundo trabalho de Kehlani lembra ANTI, da Rihanna. E se esta impressão não estiver errada, o disco deve alcançar sucesso semelhante àquele que figurou as listas de melhores álbuns das principais mídias.

Como no trabalho anterior, a artista conta uma história no seu lançamento mais recente. A tracklist parece cuidadosamente escolhida para guiar o ouvinte em uma narrativa que se mostra uma experiência bastante prazerosa, que te deixa excitado quando começa e querendo mais quando termina.

Nas composições, ouvimos a honestidade da mulher — sincera em suas emoções, desarmada e aberta. As letras podem gerar identificação e com isso te fazer sentir amor, desejo, raiva e coragem. It Was Good Until It Wasn’t é, sobretudo, um disco autobiográfico e manda recados aos seus destinatários sem metáforas ou meias palavras.

As participações especiais são um capítulo à parte. A cantora reuniu em um único disco nomes como Tory Lanez, Jhené Aiko, Masego e James Blake, nessa ordem. As colaborações seguem a perfeita harmonia do álbum e dão a ele um brilho particular. Duas dessas participações merecem ser destacadas, Masego em “Hate The Club” — que nos deixa absortos, submersos ao ouvir — e a surpreendente participação de James Blake, que mais uma vez entrega um featuring impecável fora de seu nicho, como já fez com Travis Scott e Rosalía.

Apesar do cenário de destruição da contracapa do disco e de qualquer aspecto envolvendo a vida pessoal da cantora, chegou a hora de Kehlani colher os espólios de um excelente trabalho. Até o momento desta publicação, It Was Good Until It Wasn’t já havia alcançado o primeiro lugar no iTunes US e a faixa “Can I” o 45º lugar geral no mesmo ranking. Acostume-se a ver as faixas deste lançamento em listas, acostume-se com o saboroso segundo disco de Kehlani, pois o trabalho promete reverberar por um longo tempo, em tempos em que pouca coisa permanece relevante.

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Quel Batista
You! Me! Dancing!

Escritora, produtora cultural, publicitária e podcaster.