Kylie Minogue — DISCO

A veterana na música pop acerta a mão em um álbum que nos leva sem escalas para os anos disco

Felipe Gomes
You! Me! Dancing!
3 min readNov 16, 2020

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DISCO

Kylie Minogue

Lançamento: 06/Nov/2020
Ouça: “Magic”, “Where Does The DJ Go?” e “Dance Floor Darling”
Nota: 8.5
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“Você acredita em mágica?” É com essa pergunta que Kylie Minogue abre o seu 15º álbum de estúdio, o DISCO. E que, como o nome já diz, bebe na inesgotável fonte da disco music. O ritmo, que voltou ao epicentro da música mundial graças a uma onda retrô capitaneada em grande parte pelas bem sucedidas incursões de Dua Lipa, Doja Cat e The Weekend no gênero, impactou a geração da artista. E ninguém melhor a veterana para elevar essa tendência para outro patamar.

E antes que alguém a acuse de simplesmente seguir a febre do momento, é preciso dizer que essa já não é a primeira vez que Kylie passeia pela sonoridade que embalou muitas noites de sábado. Mas agora, a bem da verdade, a australiana deita, rola e se farta com as misturas, diversidade e liberdade sonora que só este ilustre filho dos anos de 1970 permite. Ao todo, entre versão standard e deluxe, são 16 faixas em um trabalho que, sim, pode se chamar de temático. Com tambores, instrumentos orquestrais e aquele delicioso baixo pra lá de nostálgico do começo ao fim.

Diferente de outros trabalhos recentes que fazem referência ao estilo, em DISCO Kylie não parece necessariamente estar a procura de inovar. As faixas nos conduzem a diferentes momentos da disco music, desde aquela clássica que conhecemos nos anos de 1970, de nomes como ABBA e Earth, Wind & Fire, mas que também revisita algo nas influências sonoras que lembram a retomada do gênero na década de 90 e até uma coisa ou outra que dialoga com o, já clássico entre os álbuns temáticos do gênero, Confessions On A Dance Floor, de Madonna. Cabe ressaltar aqui que essa “falta de inovação” não é demérito. Pelo contrário.

Liricamente, Kylie abusa das imagens dos anos disco. A pista, o DJ, as luzes e os momentos de felicidade extrema e amores livres estão retratados no álbum. Redondo até demais, a única ressalva talvez seja a linearidade extrema entre uma faixa e outra. Como álbum de pista, ele cumpre bem o seu papel de manter o clima, mas uma vez que seguimos sem poder usufruir daquela aglomeração saudosa pra dançar com a Kylie até se acabar, fica sempre aquela dúvida de se já mudou de faixa ou não.

Vinda de escolhas questionáveis em seus últimos trabalhos, a australiana parece em casa e à vontade em sua nova aposta. E, respondendo a pergunta que abre o álbum, ao terminar o DISCO, é impossível não acreditar na mágica de Kylie Minogue que nos leva desse terrível 2020, para uma pista de dança iluminada, com globo espelhado, canhão de luzes, brilho e muita dança.

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Felipe Gomes
You! Me! Dancing!

e tu acha mesmo que eu tenho esse poder de síntese todo pra me descrever em uma bio? 🤧