Lady Gaga — Chromatica
Depois de um longo inverno, Lady Gaga volta ao pop
Chromatica
Lady Gaga
Lançamento: 29/Mai/2020
Ouça: “Babylon”, “911”, “Alice” e “Sour Candy”
Nota: 8.5
Stream
Chromatica é o tão esperado retorno de Lady Gaga ao pop. Depois de quase dez anos renegando o estilo que a fez explodir no mundo da música em 2008, ela volta a explorá-lo. Não dá para dizer que ela salvou o pop com o lançamento de 2020, mas dá, sim, para falar que é um trabalho divertido, interessante e relevante, o inverso de tudo que ela vinha fazendo desde 2013.
O álbum não só tem uma combinação muito bem trabalhada das músicas, como também tem um conceito visual que orna com todo o resto. É forte a influência de artistas pop de décadas passadas, principalmente Madonna, e isso é bom. Gaga sabe usar bem essas referências e não soa como uma cópia barata.
Também há aquela piscadinha para a geração mais jovem fã de Ariana Grande, o ponto baixo do álbum devo ressaltar; e de k-pop, uma grata surpresa porque, contra todas a expectativas, até foi ótima a parceria com Blackpink.
É digno de notar que houve um avanço em relação aos três discos anteriores, que passaram batido pelas rádios e festas. No entanto, ainda falta muito para ser um The Fame, The Fame Monster ou Born This Way. Na verdade, é difícil ela um dia fazer algo que chegue perto do início da carreira dela (2008–2011). Então, diante dessa impossibilidade, Chromatica cumpre um objetivo satisfatório.
Lady Gaga realmente parece a personagem que ela fez em A Star Is Born, alguém que fez sucesso fazendo música com o objetivo de ser para as massas, mas que no âmago deseja fazer algo conceitual, alternativo e descolado.
Ela tentou isso com aquele álbum de jazz em parceria com Tony Bennett, mas não deu muito certo. Tanto porque o estilo em si é mais difícil de engolir por natureza, quanto pela clara inabilidade dela fora do espectro do pop.
Os outros dois discos que ela lançou de 2013 para cá é melhor nem citar os nomes para não atrair espíritos ruins.
Em 2020, em meio a pandemia, fomos presenteados pela desistência dela em experimentações. Chromatica não é o melhor álbum de 2020. Não é o melhor álbum pop de 2020 [alô Future Nostalgia — Dua Lipa], mas é um disco bem acima média e que dá uma atualizada no repertório da artista.
Apesar de não ter a mesma força dos dois primeiros discos, muitas das faixas desse lançamento da Gaga provavelmente vão perdurar e tocar nas rádios e festas [se um dia aglomerações voltarem a serem permitidas] nos próximos dez anos no mínimo.
Vai ser bom dar uma atualizada na playlist de greatest hits e poder ver talvez “Babylon” ao lado de “Poker Face”, “Just Dance”, “Bad Romance”, “Alejandro”, “Born This Way” e “Paparazzi”.
“Quem é a rainha do pop? É a Lady Gaga, então cala sua boca”, diz o famoso meme do .gif da apresentadora Marília Gabriela. Realmente ela continua sendo a rainha do pop. Chromatica contribui para coroa não cair, mas não foi essencial para ela ter sido alçada a esse posto.
