Land of Talk — Indistinct Conversations

Pode ser bom, se você tiver tempo

Quel Batista
You! Me! Dancing!
2 min readAug 14, 2020

--

Indistinct Conversations

Land of Talk

Lançamento: 31/Jul/2020
Ouça: “Diaphanous”, “Footnotes” e “Now You Want To Live In The Light”
Nota: 6.5
Stream

Ouvir Land of Talk é sempre uma experiência surpreendente, não é diferente com Indistinct Conversations, mas temo que o lançamento mais recente da banda canadense não tenha ainda atingido o ponto de dizer a que veio. Talvez tenha aquela característica de álbuns que vão crescendo na gente com o tempo.

Elizabeth Powell, como sempre, brilha nas composições em suas letras substancialmente emocionais, que se encaixam à doçura de sua voz aveludada. Ainda assim, não parece ser suficiente para convencer logo de cara. Isso se deve, principalmente, à falta de coesão sonora encontrada no disco.

Yeah, I know, not enough
I was caught up in the wrong stuff
But I have to laugh

Por diversas vezes, o clima em que o ouvinte custa a imergir é quebrado por uma sonoridade oposta, que oscila do calmo ao denso em segundos. Aquela guitarra característica, meio shoegaze, segue presente, acompanhada por um andamento arrastado e baterias bastante tímidas em certos momentos.

Não é segredo que esta que vos fala é uma amante das narrativas e nem me refiro a narrativas líricas ou a rede semântica utilizada — é bem possível que um álbum que fale sobre corações partidos e missões espaciais seja perfeitamente coeso, mesmo que a semântica das composições não converse — mas me refiro a uma narrativa sonora e, nesse ponto, Indistinct Conversations deixa a desejar, pelo menos num primeiro momento.

A sensação de não estar ouvindo um álbum, mas sim um apanhado de músicas que não conversam entre si, podem incomodar o ouvinte que espera conseguir mergulhar mais profundamente no disco. Penso que se as faixas fossem lançadas como singles, todas e cada uma teriam grande potencial de prender nossa atenção, isoladamente.

No entanto, é no apanhado da obra que esta resenha se debruça e falando sobre a obra completa, lamento que as faixas do início do disco já possam ser esquecidas antes mesmo de chegarmos àquelas que fecham o trabalho. Pode ser — e é para o que torço — que o disco precise crescer no ouvinte, mas isso só o tempo dirá. E o tempo, para bem e para mal, é o que mais temos em tempos como estes.

--

--

Quel Batista
You! Me! Dancing!

Escritora, produtora cultural, publicitária e podcaster.