Manchester Orchestra — The Million Masks Of God
Apesar de não superar o disco anterior, o Manchester Orchestra entrega mais um excelente trabalho
The Million Masks Of God
Manchester Orchestra
Ouça: “Angel Of Death”, “Telepath” e “Bed Head”
Nota: 8.1
Stream
Como uma banda ou um artista pode superar o seu melhor trabalho? Existem alguns caminhos mais ou menos previsíveis que a história da música nos mostra:
- Possibilidade 1: A fórmula que deu certo é repetida sem qualquer inovação. Apesar de, normalmente, essa ser uma opção que agrada a maioria dos fãs, pode revelar uma banda que está acuada e, sem saber para onde ir, tomou o caminho mais fácil.
- Possibilidade 2: O trabalho seguinte é o mais diferente possível do anterior. Mas, se não há o mesmo nível de inspiração, é bem fácil se perder nessa nova empreitada.
- Possibilidade 3: O trabalho seguinte repete a estrutura do anterior, mas adiciona elementos novos suficientes para que o resultado ainda possa soar original.
Ficando restritos somente a estas três opções, The Million Masks Of God, sexto disco do Manchester Orchestra, é um exemplo bem aplicado da terceira possibilidade.
The Million Masks Of God tem a difícil tarefa de seguir A Black Mile To The Surface, que é, de longe, o disco mais inspirado do Manchester Orchestra. O álbum de 2017, um dos melhores daquele ano, era recheado de faixas pesadas, dramáticas e carregadas de sentimento. O novo disco acerta muito ao repetir estas características e, ao mesmo tempo, adicionar novos elementos. O disco como um todo acabou ficando com uma sonoridade quase industrial devido aos efeitos eletrônicos dos sintetizadores, da bateria e até da voz de Andy Hull.
O tom dramático segue firme em The Million Masks Of God e o Manchester Orchestra nunca soou tão épico quanto neste disco. As faixas se sucedem e se complementam de maneira tão suave que a transição entre elas aumenta a sensação de que se está ouvindo uma obra pensada como um trabalho inteiro e não uma sequência de músicas desconexas enfileiradas lado a lado. E nesse quesito, o novo trabalho é ainda mais coeso que seu antecessor ao manter um fio condutor entre as músicas e letras que o compõem.
The Million Masks Of God é a evolução natural do disco anterior e o sucede muito bem. O Manchester Orchestra pode não estar em seu ápice, mas é uma banda suficientemente madura e inventiva que, mesmo sem inventar a roda, acabou de lançar mais um trabalho coeso e bastante inspirado. Se The Million Masks Of God não representa um renascimento para a banda, é criativo o bastante para mantê-los entre os melhores de seu estilo. E, por enquanto, estamos muito bem servidos desta forma.