MUNA — MUNA

Terceiro álbum do trio MUNA encontra variedade e diversidade em seu próprio som

André Salles
You! Me! Dancing!
3 min readJul 20, 2022

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MUNA

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Ouça: “Silk Shiffon”, “Solid”, “What I Want”, “Runner’s High” e “Shooting Star”
Nota: 7.7
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Life’s so fun, life’s so fun/Got my miniskirt and my rollerblades on’, Katie Gavin canta ao lado de Phoebe Bridgers em “Silk Shiffon”; o primeiro gostinho do que o terceiro álbum do MUNA soaria como. Esse quote foi usado à exaustão quando viralizou no TikTok, principalmente de forma irônica, sendo trilha sonora para videos de pessoas caindo ou fazendo coisas que deram errado. Uma camada a mais de humor que funciona perfeitamente para o MUNA.

Ao contrário do que a maioria dos vídeos que usavam sua música, as coisas estão dando certo — e muito certo — para o trio de Los Angeles mesmo apesar das adversidades. Pouco depois do lançamento de seu segundo disco, Saves The World, o trio foi dispensado pela sua gravadora RCA mesmo com um trabalho bastante bem falado pela crítica e sucesso comercial. Bom, após isso as meninas assinaram um contrato com a Saddest Factory, selo de ninguém menos do que da própria Phoebe Bridgers e aí temos MUNA.

Em seu terceiro e auto-entitulado álbum, o trio MUNA expande tudo o que sempre fez de melhor desde seu debut com About U em 2017. Trata-se de um indie pop cristalino, que sabe exatamente quando adicionar umas guitarras distorcidas ou quando batidas pop megalomaníacas cabem perfeitamente. Seu novo trabalho pode quase ser considerado um ‘experimental’, devido à quantidade de influências e coisas que elas tentam juntar de uma vez. Mas, MUNA mostra algumas das melhores composições da banda até hoje, como a sóbria “Shooting Star”, e também a explosiva “What I Want”.

O que torna o trio MUNA tão memoráveis, no entanto, é o fato de que seus três membros se identificam dentro da sigla LGBTQIAP+ e elas trazem isso para sua música de uma forma direta, sem floreios. Fazendo questão de deixar claro que estão cantando sobre e para mulheres, o MUNA compõe canções de amor para a comunidade queer feminina e nem se importa com o que outras pessoas podem vir a pensar.

Ao longo das onze faixas que compõem seu novo e auto-entitulado álbum, MUNA faz de tudo para explorar os mais diversos humores. Tal movimento caba sendo como uma faca de dois gumes; pois ao mesmo tempo em que mostra que as moças são capazes de expandir seu som em qualquer direção que desejam, o álbum pode soar um pouco confuso e sem foco ou coesão.

“Kind Of Girl” sendo, talvez, a música mais delicada e que mais destoa do restante do trabalho — mas isso mal importa pois é uma canção tão bela que a gente perdoa. Em MUNA, as moças parecem se encontrar completamente livres de quaisquer amarras e fazendo o que bem entendem. Grande parte dessa confiança e quase-mudança deve-se, com certeza, ao fato de que agora não existe mais uma Grande Gravadora por trás delas se importando com nada além de números.

MUNA marca o momento em que o trio finalmente se encontra, fazendo a música que quer fazer da melhor forma que pode. Existem alguns tropeços no meio do caminho, mas aqui o trio mostra que sabe exatamente onde quer chegar e está fazendo de tudo para conseguir.

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