on the radar: artistas que você precisa conhecer
country, indie pop e pop punk na nossa seleção de novidades da semana
Daffodildos
para fãs de: Against Me!, G.L.O.S.S. e Sleater-Kinney
Daffodildos é um trio queer punk britânico que acaba de lançar seu primeiro single, “No Pride”, e já vem causando reverberações na cena independente inglesa. Baseados em Britghton, o trio faz uma música altamente política e critica a falsa aceitação vista pela comunidade LGBTQIA+ principalmente durante o mês de Junho, no qual empresas mostram seus apoios em apenas uma jogada de marketing. O trio combina uma musicalidade urgente e agressiva vinda diretamente do punk dos anos 70 e a mescla com questões atuais pertinentes de uma forma visceral e sem rodeios. Uma música que nasceu da necessidade de se questionar o que o Mês do Orgulho se tornou nos últimos anos, temos em “No Pride” algo que leva todos a pensarem como toda boa música punk. Escrita pela vocalista Emily Flea durante as celebrações do Orgulho em Londres, “No Pride” já nasce como uma música punk clássica que levanta questões pertinentes sobre seu ambiente de nascimento, transformando tais questionamentos em ações urgentes e necessárias. Logo em seu primeiro single, o Daffodildos consegue trazer melodias divertidas ao mesmo tempo em que nunca, nem por um segundo, deixam de falar sobre questões políticas extremamente importantes.
Jesse Linn
para fãs de: Soccer Mommy, Slow Pulp e Lomelda
“Feb. Hearts” é o título do primeiro single do ano e terceiro lançamento vindo da artista americana Jesse Linn. Citando Olivia Rodrigo e Ariana Grande como inspirações, Jesse cria uma musicalidade que caminha livremente entre o pop, o R&B e o DIY; culminando em uma sonoridade única e muito interessante. Seus singles anteriores, lançados entre setembro e outubro do ano passado, mostravam uma ótima influência do emo pop punk dos anos 2000 e resultaram em ótimas músicas que contribuem para sua visão artística única. Em “Feb. Hearts” Jesse Linn apresenta uma evolução natural dos sons explorados ano passado, criando uma música que parece celebrar o passado e futuro ao mesmo tempo. Uma canção que lida com o fato de se apaixonar de verdade pela primeira vez, o single traz em si um certo ar de ingenuidade que funciona muito bem com a proposta geral da cantora e música até o momento. Uma canção de amor que trata abertamente sobre os medos e complicações de se entregar a outra pessoa, em “Feb. Hearts” a artista já se mostra bastante madura e com um excelente senso real de dificuldades e frustrações ainda que em segundo plano. Jesse Linn é uma jovem artista que já começa sua carreira com um entendimento humano que vai além das romantizações adolescentes — por mais que ainda tente se firmar nelas nesse começo, e tais sentimentos são absolutamente naturais e parte do motivo de sua música soar tão especial.
FARI
para fãs de: Kibra, Björk e Jacob Collier
A cantora e compositora Fari Chiketa, que nasceu no Zimbabwe e agora reside em Brighton, na Inglaterra, acaba de lançar “Light”. Trata-se de seu segundo single do ano, dessa vez co-escrito ao lado de Jack Wilson da banda Fickle Friends, e mostra o quanto a moça vem evoluindo nos últimos meses desde que começou a lançar música. Com elementos de neo-soul e R&B, a sonoridade explorada por FARI é uma que se revela bastante interessante, fazendo um ótimo uso de loopings para criar texturas ricas e cheias de detalhes. Em “Light” vemos isso tudo dando forma a um indie pop único, com ganchos excelentes, melodias impecáveis e ótimas harmonias e performances vocais — criando uma canção leve, agradável e divertida e que fica na sua cabeça por dias. A energia que FARI traz para suas composições é uma sem igual, tratando sua própria voz como principal instrumento e resultando em algo de tirar o fôlego. Mal posso esperar para ver o que mais virá dessa moça no futuro!
Raised On TV
para fãs de: Yuck, Wet Leg e Two Door Cinema Club
Raised On TV é uma dupla de indie rock de Los Angeles formada pelos irmãos Keaton Rogers e Kacey Greenwood que já está na ativa desde 2017 e acabaram de lançar Make Time to Make Time, seu quinto álbum completo. A sonoridade navegada pela dupla caminha entre o indie rock clássico e a complementa com ótimas influências de surf rock, lo-fi e rock alternativo dos anos 90 com uma aura punk DIY excelente. Em seu novo álbum podemos observar que os irmãos nunca soaram tão confiantes e maduros, mostrando aqui uma evolução absolutamente memorável em relação aos seus trabalhos anteriores. Sempre com muita leveza e diversão, Make Time to Make Time conta com apenas nove faixas e curtos 23 minutos, mas isso já é o suficiente para criarem uma experiência impactante do começo ao fim. Um indie rock extremamente bem feito, muito agradável e com excelentes influências do começo ao fim — Make Time to Make Time é o indie rock simples e direto que estava faltando nesse 2024.
Seaker
para fãs de: Waxahatchee, Ethel Cain e air hunger
Seaker é o nome do projeto solo da britânica Kiran Hungin, artista que já conta com singles lançados desde 2016. “Lately”, sua mais recente canção, mostra a musicista apostando em influências do dream pop e indie folk com a mesma precisão e resultando em algo que soa etéreo e firme ao mesmo tempo. Trata-se de seu terceiro single de 2024 e mostra a moça testando direções diferentes com seu som, se distanciando um pouco do indie country visto em “Strange Old Thing” e “Grown”. Tais elementos ainda permeiam sua visão artística, mas em “Lately” ela parece se focar mais no onírico e com ótimas influências de soul e R&B do que já vimos anteriormente. Uma música de amor mas que, segundo a própria artista, segue mais na linha ‘música de apoio’, podemos observar em “Lately” uma musicista testando suas águas e expandindo sua sonoridade para reinos ainda não muito bem explorados. E o resultado é uma canção de tirar o fôlego, contando com excelentes melodias e cadências vindas diretamente do country mas ainda se apoiando no dream pop e fazendo algo que caminha livremente entre gêneros. Em “Lately”, Kiran cria uma atmosfera bastante única, se focando em história e letra como nunca antes — fazendo um excelente uso de espaço, pausas e arranjos que soam como uma ode ao dream pop dos anos 90 ao mesmo tempo em que parecem atuais e modernos. Kiran, em “Lately”, fez uma música etérea e calma, que segue fluxos constantes e os decifra como uma boa exploradora do desconhecido. Seu single mais interessante até o momento, “Lately” é o momento em que a inglesa se destoa como uma perfeita contadora de histórias e desbravadora de melodias.
Luna Waves
para fãs de: Chapterhouse, Lush e Ride
Rob Muir é um multi-instrumentista, produtor e compositor inglês baseado em Nottingham e que vem lançando material como Luna Waves desde 2018. Seu mais recente projeto é o álbum Comedowns, que viu a luz do dia agora em Junho, e conta com doze faixas que exploram uma vertente do dream pop altamente influenciada por soul, indie pop e chillwave. O novo álbum do músico, seu quarto até o momento, chega mesclando suas inspirações anteriores com altas doses do rock alternativo dos anos 90, soando como um elo perdido entre o Chapterhouse e o Leisure, primeiro álbum do Blur. Em Comedowns, Rob consegue criar atmosferas contagiantes e dançantes ao mesmo tempo em que se foca no lado mais obscuro de suas influências. O músico cita nostalgia, memórias esquecidas e a dissolução de relações de amizade e amor como principais temáticas que influenciaram Comedowns, e o resultado é um disco que brilha com melodias marcantes, guitarras distorcidas e excelentes percussões. Em seu mais recente álbum como Luna Waves, o artista consegue encapsular sentimentos, memórias e antíteses como ninguém — resultando em um álbum altamente memorável, que deve agradar sem dúvida alguma os fãs assíduos de dream pop e shoegaze.
Gareth Dunlop
para fãs de: Hurray for the Riff Raff, Courtney Marie Andrews e Chris Stapleton
Welcome to the House of I Don’t Know é o título do mais novo álbum do artista inglês Gareth Dunlop. Seu terceiro trabalho completo mostra Gareth apostando em uma interessantíssima mistura de britpop com o country americano, resultando em canções ricas em detalhes e com melodias impecáveis que sobrevoam e enaltecem sua produção. Tomando uma decisão consciente de abraçar uma sonoridade mais recheada e rica em detalhes do que seus trabalhos anteriores, Gareth cria uma ponte impecável entre o americana de Keith Urban e o indie folk de Damien Dempsey e ele faz isso parecer fácil. Em seu terceiro álbum, Gareth soa como um cantor que finalmente encontrou seu caminho e está fazendo de tudo para explorá-lo ao máximo. Tais esforções podem ser notados nos pontos altos “Go Down Swinging” e “I Don’t Feel You”, que trazem uma paisagem sonora bastante dinâmica e cheia de nuances, utilizando ora elementos clássicos do country e ora do synthpop em composições que o destacam como um nome a ser acompanhado de perto. Welcome to the House of I Don’t Know é o momento em que Gareth Dunlop se firma como um dos nomes mais interessantes do country alternativo atual, explorando sonoridades e melodias como poucos outros e mostrando que isso é só o começo.
Esta matéria foi feita através do Musosoup e o movimento #SustainableCurator. Saiba mais aqui.