on the radar: artistas que você precisa conhecer

muito indie rock mas também emo, shoegaze e punjabi na seleção de novidades da semana

André Salles
You! Me! Dancing!
7 min readJun 7, 2024

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SheBeat

para fãs de: PJ Harvey, Mazzy Star e Courtney Barnett

SheBeat é o projeto da inglesa Jodie Schofield, que acaba de nos apresentar “Home” — seu primeiro single desde 2022. O que podemos observer em “Home” é uma continuação direta do indie rock complexo que a moça vem fazendo com seus singles e EPs. Recheado de influências interessantes e explorando ao máximo sua sonoridade enraizada no rock alternativo dos anos 90, Jodie cita grandes mulheres compositoras como inspirações principalmente no que se trata de construção de histórias. “Home” mostra a cantora em seu lado mais calmo e introspectivo, com uma produção excelente ao seu redor (faço aqui um destaque em especial para o baixo maravilhoso que permeia o single). A moça escreve sua nova canção sobre sentimentos de pertencimento, de saudades de casa de uma forma bastante filosófica e sincera — até mesmo a capa do single evoca isso, ao retratar uma foto de sua própria casa em Leith, no Reino Unido. “Home” soa como um passo certeiro de Jodie, um momento de reflexão e nostalgia universal a todos e com uma mensagem esperançosa e reconfortante.

Letters from Suburbia

para fãs de: Dashboard Confessional, Death Cab for Cutie e Owl City

Jesse D. Pennington começou, durante a pandemia, seu projeto solo chamado Letters from Suburbia e já conta com diversos singles e EPs desde 2021. O emo explorado pelo americano soa bastante nostálgico, caminhando livremente entre sons eletrônicos sabiamente dosados ao lado das guitarras vindas do pop punk. Isso tudo pode ser observado com maestria em “Medical Boomerang”, seu mais recente single, que fala sobre as questões políticas envolvendo a Saúde nos Estados Unidos atual. A entrega de Jesse é urgente e emocional, lidando com as frustrações que envolvem toda a temática da canção — e ele faz isso com maestria e honestidade. Entre seus lançamentos passados temos desde o ótimo EP please scream quietly inside your heart de 2021 até o excelente cover de “The District Sleeps Alone Tonight” do Postal Service, ilustrando toda a sua versatilidade e inventividade no emo de hoje em dia. Letters from Suburbia sabe como poucos como fazer música na linha tênue entre a nostalgia e o contemporâneo, adaptando suas influências e entregando algo que soa novo e fresco. “Medical Boomerang” é uma canção extremamente necessária, na qual ele utiliza todos os elementos do emo clássico de uma forma nova e criativa e se consolida como um nome importante da cena emo de uma vez por todas.

Kelsie Kimberlin

para fãs de: Kate Nash, Tegan and Sara e Camila Cabello

A americana Kelsie Kimberlin vem se fortalecendo como um nome cada vez mais interessante dentro do indie pop desde 2020 com seu single “Lobotomy”. Agora, a moça acaba de lançar seu primeiro EP com oito faixas chamado The Drawer, no qual ela explora toda a sua versatilidade enquanto cantora e compositora. Criando melodias complexas e uma sonoridade que caminha entre o indie pop e o eletrônico, Kelsie nos mostra aqui diferentes facetas de sua musicalidade. The Drawer soa mais complexo e maduro do que qualquer coisa já lançada pela artista antes, como uma culminação de anos de trabalho e aprimoramento de sua arte. Em seu EP de estreia, Kelsie nos mostra composições dinâmicas que vão desde baladas acústicas até guitarras distorcidas e ilustra temas delicados como relacionamentos tóxicos ou fadados ao fim, a transfobia vivenciada por Dempsey Jara (“Twinkle”) e também sobre acreditar em si mesma. The Drawer chega como um EP altamente recomendado, firmemente enraizado em narrativas e histórias reais e que consolida Kelsie de uma vez por todas como um nome a ser acompanhado de perto.

Pjos

para fãs de: terraplana, Slowdive e My Bloody Valentine

Nascido aqui no Brasil e atualmente residente em Gdánsk na Polônia, Pjos é um artista de shoegaze e dream pop que acaba de lançar seu segundo single “Atlas”. Com fortes inspirações de nomes como Beach House e Sigur Rós, ele cria atmosferas densas e oníricas que soam como uma amálgama de todas as facetas do dream pop de uma só vez. Seu primeiro single, “Shoe In”, do ano passado já mostrou todo o talento de Pjos como compositor shoegaze, contando com uma excelente produção. Agora em “Atlas” ele retorna ainda mais intenso e elevando tudo ao seu máximo. Com pouco menos de três minutos de duração Pjos cria cuidadosamente uma faixa que soa altamente complexa, fazendo um ótimo uso de samples, guitarras e percussões a fim de transportar o ouvinte para outro plano. As texturas tecidas por Pjos são reconfortantes, elaborando uma dança entre guitarras e sintetizadores de tirar o fôlego. Em apenas seu segundo single, Pjos se revela como um dos mais impressionantes artistas no reino do shoegaze etéreo atual, instigando e deixando um gosto de quero mais.

Alicia Daydreams

para fãs de: Laufey, Clairo e Men I Trust

Com apenas dezoito anos, Alicia Daydreams é uma artista baseada em Londres que nos presenteou com “Knock On My Door”, seu quinto single. A jovem já se consolidou como um nome de peso enquanto cantora, compositora, produtora e performer nesses poucos anos desde que se lançou no cenário musical britânico. Sua música é uma mescla interessante de R&B e indie pop com ótimas influências que vão desde as dinâmicas do k-pop até o indie rock contemporâneo. Em “Knock On My Door” a artista explora seu lado mais sensual e sedutor, criando uma sonoridade fortemente enraizada no blues mas que ainda leva em conta toda a sua experiência em outros gêneros. Alicia já demonstrava sua paixão pela música desde criança, escrevendo letras e melodias próprias — e vem, desde então, se aprimorando enquanto a artista completa que ela é. “Knock On My Door” soa diferente de tudo o que ela já fez até agora, mostrando uma nova face de seu talento ainda não vista mas que soa como um passo natural e mais maduro de seu indie pop. Seu novo single serve para cimentar Alicia como uma artista versátil, capaz de adaptar seu som e suas influências e a partir disso criar seu próprio universo.

Moontwin

para fãs de: Shiny Toy Guns, Garbage e Muse

Moontwin é uma dupla baseada em Londres, formada por Maple Bee e Zac Kuzmanov, que já conta com material lançado desde 2018. Seu mais recente single, “Tsunamical” acaba de sair hoje e mostra uma banda totalmente revitalizada. Seu estilo é um bastante singular e versátil, e a dupla já nos mostrou no passado diversos estilos de produção que vão de baladas acústicas até um indie rock com influências de post-punk maravilhoso. Em “Tsunamical” eles ousam mais uma vez e incorporam sons eletrônicos quase megalomaníacos que funcionam perfeitamente do começo ao fim. O Moontwin aqui escreve sobre a resistência humana, sobre os instintos naturais de sobrevivência existentes em cada um de nós — e fazem disso uma verdadeira experiência, destemida e incontrolável. Ao nos mostrarem ainda mais uma faceta de sua sonoridade, o Moontwin se solidifica como um dos nomes mais interessantes e únicos da cena indie atual e que com certeza merece sua atenção.

Himmat Singh

para fãs de: Raveena, Orion Sun e Mereba

O cantor californiano Himmat Singh faz um indie delicado com fortes influências tanto de R&B quanto de música punjabi, com suas raízes indianas. “Drip Drip” é seu mais recente single, uma canção leve e ensolarada que é uma ode ao seu estado da California, nos Estados Unidos. Em “Drip Drip”, Himmat canta principalmente em punjabi e o resultado é uma música belissima e complexa, que soa como um fim de tarde e um sol poente. O artista vem explorando essa diversidade cultural em sua música desde 2019, e segue se aprimorando cada vez mais em uma fusão sonora sem igual. “Drip Drip” é uma música como poucas outras, contando também com elementos de indie folk e pop e mesclando tudo isso de uma forma bastante interessante e única, criando uma atmosfera que transcende as barreiras linguísticas.

Nihiloceros

para fãs de: The Get Up Kids, Jawbreaker e Mineral

Dark Ice Balloons é o título do mais novo EP do trio americano Nihiloceros, contando com oito faixas e uma energia altíssima. O trio faz um pop punk com ótimas inspirações e influências, que vão desde o emo clássico à The Get Up Kids até as composições rápidas e diretas do Green Day no começo da carreira. Ao longo das oito músicas, o Nihiloceros explora o conceito da Morte — segundo a banda, uma forma de manter as coisas mais leves após seu lançamento anterior falar sobre o absurdo da condição humana e o fim do mundo. O senso de humor presente em seu trabalho se mostra bastante intrínseco, e eles se mostram capazes de escrever músicas altamente complexas em temática mas que ainda soam absolutamente matadoras em energia e entrega. Uma audição obrigatória a todos os que gostam de um indie rock cru, centrado principalmente em ótimos riffs de guitarra e linhas de baixo memoráveis. Dark Ice Balloons ilustra todo amadurecimento de crescimento da banda desde seu começo em 2017, e chega como uma prova de que eles merecem uma maior atenção.

Tidal Water

para fãs de: The Black Keys, Jack White e The Melonbars

Tidal Water é uma banda de Oslo, na Noruega, encabeçada pelo músico Martin Hovden e acaba de lançar seu primeiro single “Corrupted”. Explorando uma vertente que caminha entre o indie rock moderno e o blues clássico, o Tidal Water impressiona com sua sonoridade. Misturando riffs complexos de guitarra com influências melódicas do hip hop, “Corrupted” soa como uma excelente introdução ao projeto. Lidando com temas como ganância e desigualdade social sistemática, a canção é uma poderosa e brutal crítica à sociedade capitalista atual como poucas outras. Isso tudo em apenas seu primeiro single — e é ótima a notícia de que a banda promete novos lançamentos mensais daqui pra frente, sendo um nome pra ficar de olho por que com certeza o Tidal Water ainda nos reserva muitas surpresas.

Esta matéria foi feita através do Musosoup e o movimento #SustainableCurator. Saiba mais aqui.

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