on the radar: artistas que você precisa conhecer

uma seleção de novidades recheada com muito indie pop, post-punk e country pra aquecer o fim de semana

André Salles
You! Me! Dancing!
9 min readMay 31, 2024

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Wotts

para fãs de: Blur, Squid e Fontaines D.C.

A dupla canadense Wotts parece ter se tornado perita nos formatos ‘single’ e ‘EP’. Após seu excelente EP PETALS no começo do ano que introduziu toques de psicodelia ao seu indie pop, a banda também surpreendeu ao lançar a balada no piano “there” pouco tempo depois. Agora, Jayem e Ricky 100 se preparam para seu próximo passo com “Laundry”, o primeiro single de seu novo EP Good People, Bad People. Com “Laundry” o Wotts retorna mais uma vez adicionando novos elementos à sua sonoridade, e dessa vez vestem uma roupagem inspirada no post-punk revival atual e citam Fontaines D.C. e The Horrors como influências. O resultado é simplesmente excelente, e a forma como os dois fazem uso de tais inspirações é magnífico. Contando com uma linha de baixo muito mais pesada e presente do que em seu material anterior, “Laundry” é mais uma prova de que o Wotts sabe como diversificar sua produção sem nunca perder sua essência. É exatamente isso que acontece aqui, pois após tantos singles e EPs excelentes as paisagens sonoras pintadas pela dupla já são facilmente reconhecidas e é maravilhoso ouvir os dois diversificando seu portifólio e ainda se mantendo fiéis à si mesmos. Seu próximo EP promete trilhar lindamente esse equilíbrio entre familiaridade e novidade, algo no qual a dupla já provou que sabe fazer muito bem. Além de Good People, Bad People a banda também anuncia que já estão trabalhando na gravação de seu primeiro álbum completo — um que me deixa ansioso, pois eles soam mais e mais interessantes, criativos e complexos a cada música nova.

Lili-Violet

para fãs de: chloe moriondo, Soccer Mommy e Beach Bunny

A australiana Lili-Violet acaba de lançar “Blue”, seu mais recente single e último antes de seu primeiro EP Dear Lilith, previsto para próximo Julho. Em “Blue” Lili-Violet explora temas delicados como sexualidade, bifobia internalizada e crescimento pessoal de uma forma absolutamente honesta e humana. A moça faz um indie rock que empresta elementos que vão desde o bedroom pop até o pop punk e emo, remetendo a artistas como Paramore e Beach Bunny. Bastante criativa em seu uso de dinâmicas, melodias e estruturas, Lili-Violet vem se provando a cada novo single como um nome pra se acompanhar de perto. “Blue” soa como a culminação de tudo isso; uma música que nasce sem medo de explorar de uma só vez todas as suas complexidades tanto sonoras quanto líricas. A jovem artista já conta com alguns singles desde 2020, e é ótimo ver o quanto ela vem crescendo e amadurecendo enquanto cantora e compositora nesses últimos anos. Seu EP com certeza já se encontra na minha lista de lançamentos mais esperados do próximo semestre!

King in Yellow

para fãs de: Sonic Youth, shame e Interpol

“Desire Paths” é um dos mais recentes singles da banda americana de post-punk/shoegaze King in Yellow, que vem se mostrado bastante prolífica desde sua incepção e já conta com sete singles desde ano passado. Em “Desire Paths”, o King in Yellow continua em sua jornada de fazer um no wave delicioso com fortes influências de Sonic Youth, The Modern Lovers e até mesmo Black Sabbath. Em seu novo single, a banda explora toda essa sonoridade da melhor forma possível e o resultado é de tirar o fôlego. Com vocais fortes que oscilam entre palavra-falada e melodias vanguardistas emulando o melhor do post-punk em todas as suas eras. “Desire Paths” é a culminação de todas as suas influências de uma vez só, criando uma atmosfera densa e riquíssima em detalhes e nuance. Pouquíssimo tempo após “Desire Paths” o quarteto já lançou mais um novo single, “Hand in Fan”, e prova de uma vez por todas que são uma banda merece sua atenção, pois algo como isso aqui não aparece todos os dias.

Bones in Butter

para fãs de: Arab Strap, The Twilight Sad e Low

Bones in Butter é o projeto solo do sérvio Milutin Krašević que acaba de lançar Cosmopolis, seu segundo álbum completo seguindo o excelente Songs for a Sane Society do ano passado. Em sua mais nova empreitada, podemos ver Milutin adicionando elementos de psicodelia e country ao seu post-punk e criando uma atmosfera brilhante. Cosmopolis soa como uma evolução natural de seu som, sempre metamorfo e sem uma definição absoluta. Seu novo álbum faz um trabalho maravilhoso em introduzir detallhes e produções novas ainda não exploradas por Milutin anteriormente, e ele soube como poucos fazer o melhor disso. O resultado é um álbum que soa como novidade ao mesmo tempo em que se mantém fiel à sonoridade já trilhada pelo artista desde seus primeiros lançamentos em 2020. Cosmopolis lida com temas complexos em seu conteúdo lírico, tratando de política, relações interpessoais e dificuldades de comunicação — tudo isso enquanto soa mais interessante e desafiador a cada música. Indo livremente do post-punk ao country ao indie rock com uma facilidade sem igual, Bones in Butter faz de Cosmopolis o seu melhor e mais intenso lançamento até hoje. E é ótimo saber que Milutin ainda tem muito mais pra nos mostrar daqui pra frente!

Pam Ross

para fãs de: The Chicks, Taylor Swift (self-titled) e HAIM

Pam Ross é uma artista, cantora e compositora dos Estados Unidos que já ganhou prêmios por suas músicas mesmo tendo começado de fato sua carreira há pouco tempo. Sua sonoridade é uma mistura deliciosa de rock, country e americana que soa tanto quanto uma homenagem àqueles que vieram antes dela como um resgate desse tipo de som. “Fire in the Hole” foi lançada como single principal de seu aguardado primeiro álbum When Therapy Fails, e ele ilustra perfeitamente tudo que Pam faz de melhor. Com melodias cativantes, ela traz um country muitissimo bem feito com um excelente senso de urgência nem sempre visto nesse tipo de música. A musicista, nascida em Pittsburgh mas atualmente residente de Houston, no Texas, tem um dom único de construir músicas que esbanjam energia e nuance ao mesmo tempo. “Fire in the Hole” é uma introdução impecável ao estilo de country feito por Pam, algo que soa contemporâneo ao mesmo tempo em que empresta elementos milenares já vistos antes no gênero. When Therapy Fails também segue mostrando toda a versatilidade da moça, que faz um som bastante dinâmico e interessante do começo ao fim.

Red Skies Mourning

para fãs de: Tears for Fears, Chairlift e Wolf Alice

O americano Chris Aleshire já apareceu por aqui com seu projeto Red Skies Mourning anteriormente, e agora retorna com um excelente cover. “Beautiful Things” é uma música originalmente lançada pelo cantor e compositor Benson Boone como lead single de seu primeiro álbum Fireworks & Rollerblades em Janeiro desse mesmo ano. Trata-se de uma música que viralizou e já foi utilizada em inúmeros TikToks, e é extremamente interessante a escutar em nessa nova versão. Chris traz uma emoção genuína à faixa, que soa aqui muito mais dramática e sóbria do que em sua original. Em seu cover, Chris injeta uma nova vida à canção e a faz parecer nova de novo, resgatando seu brilho que foi quase perdido em meio a tantos videos na internet. Ao lado de “Beautiful Things”, Chris também regravou a já-clássica “As It Was” do Harry Styles como uma forma de promover o seu próximo álbum, que promete uma sonoridade fascinante. Misturando com maestria sons explorados no pop atual com seu próprio filtro de new wave e um leve dark pop, o Red Skies Mourning se prepara para sua nova fase de uma forma altamente intrigante; e funciona.

Partinico Rose

para fãs de: The Cure, The Killing Joke e Bauhaus

Undeclinable Ways é o título do segundo e mais recente álbum da banda italiana Partinico Rose, lançado quase cinco anos após sua estreia com Songs for Sad and Angry People em 2019. Ao longo das onze faixas que o compõem, podemos observar o Partinico Rose mergulhando fundo na sonoridade e nuance do post-punk clássico. A banda cita nomes que vão de Hüsker Dü a Nick Drake como influências, e o som pesado explorado por eles aqui empresta muito do punk DIY e grunge dos anos 90 e resulta em algo atemporal. Um disco que nasce mergulhado no post-punk e soa como um excelente sopro de ar fresco para a cena, Undeclinable Ways é um álbum completo e complexo, riquissimo em detalhes e contando com uma produção matadora. Seu segundo trabalho se revela um bastante dinâmico e versátil, contando com excelentes melodias e escolhas pouco convencionais soando experimental na medida certa. Do violão de “Pettiness” às grandiosas guitarras de “Rebuild”, o primeiro single do disco, podemos ver o quanto a banda cresceu e amadureceu sua sonoridade. Undeclinable Ways é uma audição obrigatória, com certeza, para fãs de um post-punk criativo e muitissimo bem produzido.

Jeffrey Chan

para fãs de: Duran Duran, Justin Timberlake e Daft Punk (Random Access Memories)

Jeffrey Chan é um cantor e compositor australiano que acaba de lançar seu novo single, “My Oh My” e nele explora novas vertentes de sua sonoridade pop. Fortemente inspirado pelos clássicos dos anos 80 como Duran Duran e Pet Shop Boys e também pelo Random Access Memories do Daft Punk, Jeffrey cria uma atmosfera que caminha entre o moderno e o retrô. Em seu mais recente single, Jeffrey explora todas as possibilidades da música pop e o resultado é uma canção cativante com excelentes influências do funk americano dos anos 70 e também do dance pop. O artista, que recentemente se mudou para Los Angeles a fim de expandir seu universo musical e recrutar novos colaboradores, soa confiante como nunca antes em “My Oh My”. Uma música sobre abrir mão do controle e se entregar a uma nova relação, Jeffrey faz um trabalho excelente em navegar essa incerteza de uma forma bastante honesta e genuína. Trata-se de sua canção mais completa até o momento, com uma produção interessante que promete levar Jeffrey para novos patamares em sua carreira daqui pra frente.

Moon Metro

para fãs de: Pond, Mac Demarco e The Shins

O quarteto alemão Moon Metro acaba de lançar seu primeiro EP, Explorer, composto por cinco faixas. A sonoridade explorada pela banda nestas cinco faixas caminha entre a psicodelia e o rock clássico dos anos 60 de forma magistral. Lidando com temas que vão desde saúde mental até relacionamentos e emancipação, Explorer se mostra uma ótima introdução à banda. Seu indie rock conta com uma riqueza sonora invejável, fazendo um excelente uso de melodias e criando uma atmosfera única que soa como uma amálgama de todas as suas influências. Ao longo do EP a banda se mostra bastante criativa e versátil em suas composições, sabendo exatamente a hora de explodir e a hora de surfar na calmaria. A banda, que se auto-declara como estando em algum lugar entre Tame Impala, Queens of the Stone Age e The Beach Boys, fez de seu primeiro EP um registro memorável que te deixa querendo ouvir o que mais virá deles no futuro.

Coma Beach

para fãs de: Sex Pistols, The Clash e Rancid

Coma Beach é uma banda de punk alternativo de Würzburg, na Alemanha, e eles acabam de lançar o EP I Won’t Listen que conta com novas versões de quatro de suas músicas. Originalmente lançadas entre 2021 e 2023, as canções que compõem I Won’t Listen são um ótimo exemplo da energia e versatilidade da banda. Citando Sex Pistols, Therapy? e Bad Religion como influências, o punk explorado pelo Coma Beach atinge um equilíbrio excelente entre o senso de urgência vindo do punk dos anos 70 com as melodias que remetem ao skate punk e post-grunge. Nas quatro faixas de I Won’t Listen, a banda faz de tudo e vai desde a rápida “The Past of the Future” até a calma balada lo-fi “Passion” com uma facilidade assombrosa. Com material lançado desde 2021, o Coma Beach se mostra uma das mais criativas e inventivas bandas trabalhando no punk hoje em dia — destemida em expandir as possibilidades sonoras e incorporando elementos vindos dos mais diferentes lugares à sua música. I Won’t Listen entrega um punk muitissimo bem feito e que vai muito além do tradicional, com ótimas mudanças de tempo e dinâmicas incríveis.

Esta matéria foi feita através do Musosoup e o movimento #SustainableCurator. Saiba mais aqui.

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